sexta-feira, 29 de março de 2013

Offseason 2013 - Breves Notas sobre Março


No último dia 12 de Março, às 17:00 horas (horário de Brasília), começou oficialmente a temporada 2013 da NFL. Mas não se animem: ainda falta um bom tempo até que a primeira bola oval levante vôo nos céus de Cincinnati!

É que neste período, as equipes recebem autorização da Liga para negociarem seus atletas – seja através da renovação de contratos; ou buscando no mercado aqueles que estão desempregados (ou que deixarão seus times atuais).

São os chamados “Free Agent’s”!

Cabe aqui um parênteses importante: diferentemente do que acontece no futebol tradicional, onde os atletas que se destacam em ligas menores ou clubes de menor expressão são rapidamente “canibalizados” pelas equipes mais ricas; na NFL, existem dezenas de mecanismos que impedem a criação de “esquadrões galáticos”...

Se por um lado, dificilmente teríamos um “Barcelona”, “Real Madrid” ou “Manchester United” na NFL; por outro lado jamais teríamos um desequilíbrio de forças tão grande quanto observado nestas ligas (ou alguém aí acredita que o Getafe será campeão espanhol nos próximos... 20 anos?).
Imagine que a NFL fosse administrada pela CBF (sim, também me deu calafrios pensar nisso...). Claro que o primeiro passo seria abolir a regra do “Salary Cap” (ou “teto salarial”, em tradução livre).

Afinal, quem não gostaria de assistir a um jogo no Cowboys Stadium, onde veríamos o “American Team” com Robert Griffin III no pocket, olhando para os lados e encontrando A.J. Green correndo pela esquerda; Megatron correndo pela direita; mas optando por passar a bola para uma corrida do Sproles?

Mas por outro lado... como ficariam os Redskins, Bengals, Lions e Saints? As equipes menores seriam meros “fornecedores” de mão-de-obra para Patriots, Giants, Steelers, Packers, Niners e Cowboys?

Eu gosto de citar o clube de coração do meu pai: o Guarani Futebol Clube, da cidade de Campinas, interior de SP; fundado em 1911 e que conquistou o título brasileiro de 1978; o vice-campeonato brasileiro em 1986; por duas vezes foi vice-campeão paulista (1988 e 2012); e chegou em terceiro lugar na Taça Libertadores da América (1979).

Trata-se de uma equipe centenária, com história e tradição nos gramados, que durante muito tempo figurou entre as principais forças do futebol brasileiro; e que revelou muitos atletas para a Seleção Brasileira (como Careca, Amoroso, Neto, Djalminha, Zenon, Renato, Luizão, Ricardo Rocha, Jorge Mendonça e tantos outros craques).

Porém, hoje encontra-se em vias de falência...

Como foi que isso aconteceu? Simples...

Junte num caldeirão uma legislação esportiva cretina (como a “Lei Pelé”, que arruinou a estrutura dos clubes menores, fortalecendo a atuação dos “empresários”); acrescente uma distribuição desigual de receitas dos campeonatos (calculada sob o número de torcedores); e doses cavalares de incompetência administrativa (para não acusar ninguém de “furto” e “roubo”, certo Beto Zini?); temperada por uma gestão corrupta da CBF; e reserve... A falência de um clube poderá ser servida em pouco tempo!

Nas últimas décadas, o Guarani colecionou sucessivos “rebaixamentos”, além de problemas trabalhistas e inúmeras execuções patrimoniais, que ameaçam seriamente sua existência futura... Ouso dizer que se não fossem seus torcedores, estimados em quase meio milhão de pessoas, a equipe campineira já não existiria!

Mas vejam: no Campeonato Paulista de 2012, o Bugrão fez uma excelente campanha! Terminou a primeira fase entre os oito melhores clubes e, nos playoffs, derrotaram o gigante Palmeiras e a Ponte Preta (sua maior rival); só parando na final, diante de um Santos inspirado por Neymar e companhia... E o que aconteceu?

No período de pouco mais de três semanas entre a final do Paulistão e o início do Campeonato Brasileiro, TODOS os atletas que haviam se destacado na campanha já haviam deixado o clube... Tanto que hoje, passado pouco menos de um ano, o Guarani conta com UM ÚNICO ATLETA (o lateral Oziel) que disputou aquela final...

E esse atleta está no banco de reservas...

Alguém duvida que, se a CBF assumisse o controle da NFL, em pouquíssimo tempo as equipes ditas “menores” sofreriam de um destino parecido com o do Guarani?

A política da NFL de implementar um “teto salarial”, um “draft” ordenado pela ordem inversa da classificação obtida no ano anterior (falaremos mais sobre o Draft em Abril), a distribuição igualitária da renda obtida com direitos de transmissão e produtos licenciados, e tantos outros mecanismos “socialistas”; garantem que o faturamento “capitalista” de todos os envolvidos seja absurdamente maior!

E mais do que isso: garante o equilíbrio esportivo entre as equipes – possibilitando que as equipes menores (como os Bengals) mantenham seus talentos (como o A.J. Green); e que equipes maiores (como os Cowboys) não monopolizem as estrelas da Liga!

(Mas vá falar para algum dirigente do Corinthians ou Flamengo que eles deveriam receber o mesmo que o Atlético Goianiense...).

Como vemos no quadro abaixo, antes de iniciadas as transações do período de Free Agent, os Bengals possuíam a maior “folga” em relação ao “teto” (que em 2013 gira em torno de US$ 121 milhões). Isto significa que, em tese, a equipe poderia gastar US$ 55,4 milhões e, ainda sim, estaria dentro do limite máximo de despesas...

Só para se ter uma idéia do que isso representa, as negociações mais badaladas até agora foram a contratação de Ed Reed pelo Houston Texans (que deixou o atual campeão Baltimore Ravens por um contrato de três anos e US$ 16 milhões); e as renovações de Calvin “Megatron” Johnson (que ficará nos Lions por mais 05 temporadas e receberá US$ 8,7 milhões por ano) e Tony Gonzalez (que permanecerá nos Falcons por mais duas temporadas, recebendo US$ 14 milhões).

Isto significa que, se Mike Brown resolvesse “abrir os cofres”, poderíamos oferecer contratos idênticos a estes três atletas; sem sequer abrir mão de Dalton, Green, Green-Ellis e nenhum outro jogador!

Mas a verdade é desanimadora...

Até o presente momento (dia 29.03.2013, às 17:00 horas – horário de Brasília); os Bengals contrataram apenas o QB reserva do Cleveland Browns: Josh Johnson!.

Como assim? Você não conhece este “craque”?

Ele tem 26 anos, nascido em Oakland e formado pela Universidade de San Diego. Foi draftado em 2008 pelo Tampa Bay Buccaneers e jogou pela equipe da Flórida por quatro temporadas; quando foi contratado pelos Browns em 2012. Ele jogou 27 partidas oficiais pela NFL (apenas uma por Cleveland – a derrota para os Steelers, por 24 x 10, na última rodada da temporada 2012). Muito promissor, não?

É louvável o esforço da Diretoria em renovar com seus atletas; mantendo-os por mais uma (ou mais) temporadas em Cincinnati; mas a verdade é que a torcida esperava mais!

Até agora renovamos com a “lenda” Rey Maualuga (MLB), o DE Robert Geathers, o DE Wallace Gilberry, o CB Adam Jones, o TE Richard Quinn, o LS Clark Harris; o T Dennis Roland e o WR Brandon Tate (que no Madden 2013, em terceiras descidas, já me garantiu grandes vitórias, mas na vida real...).

Além deles, temos o DE Michael Johnson sob “Franchise Tag” (significa que o atleta garantiu um contrato de um ano, recebendo um salário maior ou igual à média dos cinco maiores salários de jogadores que atuam nesta mesma posição; impedindo que o jogador negocie com outras equipes).

Por outro lado, perdemos o K Josh Brown (que foi para os Giants); o QB reserva Bruce Gradkowski (que foi para Pittsburgh); o OLB Manny Lawson (que foi para os Bills); o DT Pat Sims (que jogará em Oakland); e o LB Dan Skuta (que foi para San Francisco).

As negociações continuam... Temos ainda os “RFA’s” (Restricted Free Agent’s: podem assinar com qualquer equipe, mas os Bengals podem simplesmente igualar a proposta para mantê-los no elenco): WR Marvin Jones e SS Jeromy Miles; e como “UFA’s” (Unrestricted Free Agent: onde não há qualquer privilégio na negociação): SS Nate Clements; SS Chris Crocker; LB Thomas Howard; RB Brian Leonard; CB Terence Newman; RB Bernard Scott; e o T Andre Smith.

Felizmente, não corremos um sério risco de perder nossos principais atletas…

Mas a Diretoria sinalizou que não pretende “gastar” o “Salary Cap” trazendo uma grande estrela para o elenco; e que acredita no trabalho de Marvin Lewis com esses garotos – quem sabe, acrescentando bons valores no Draft 2013.

Para o locutor de rádio Dave Lapham, que a muito tempo comenta as notícias dos Bengals para a NFL.COM:

O jogador draftado em 10º lugar tem as mesmas qualidades de um jogador draftado na posição de nº 50. Por isso, mais importante do que escolher um único nome, é adotar uma estratégia. Um bom Draft é aquele em que você pode ajudar seu elenco, reforçando posições com três dos melhores 54 calouros disponíveis. E porque não escolher quatro? Não será fácil, evidentemente... mas se surgir uma oportunidade de troca, eu aceitaria num piscar de olhos!

Faltando pouco menos de um mês para o Draft 2013; os especialistas divergem bastante sobre quem será a primeira escolha de Cincinnati. Para Geoff Hobson, editor do site BENGALS.COM, será o Free Safety Kenny Vaccaro (Texas). Já para Joe Reedy, do Cincinnati Enquirer, a escolha dos Bengals será entre os FS Matt Elam e Jonathan Cyprien (ambos da Flórida). Lapham, por sua vez, aposta no TE Tyler Eifert (Notre Dame).

Outros nomes que ganham força são do CB Desmond Trufant (Washington); o T Menelik Watson (Florida State); e dos Defense End’s Sam Montgomery (LSU); Alex Okafor (Texas) e Damontre Moore (Texas A&M).

Correndo por fora, temos ainda o QB E.J. Manuel (não, ele não é português – vêm do Tallahassee); o WR Keenan Allen (Califórnia); OT D.J. Fluker (Alabama) e DE Bjoern Werner (Flórida State).

Eu, particularmente, não estou tão “otimista” quanto os especialistas...

Primeiro porque, convenhamos: nossa posição no Draft 2013 é muito ruim (primeira escolha na 21ª posição?).

Segundo porque a defesa dos Bengals mostrou-se muito forte... na segunda-metade da temporada regular – enfrentando equipes já “combalidas” ou “classificadas” (fatores que reduzem sensivelmente o poderio ofensivo dos adversários).

Terceiro porque o ataque dos Bengals mostrou-se “sofrível”, extremamente dependente de atuações brilhantes de A.J. Green e de BenJarvus Green-Ellis. Por sorte, eles apareceram em jogos decisivos e conseguimos boas vitórias...

Mas quando REALMENTE precisamos deles (como no jogo contra o Houston)...

Ressalto que não sou CONTRA esta política de preservar o nosso elenco 2012!
Muito pelo contrário!

Acredito, sim, em Andy Dalton! E A.J. Green será um dos grandes nomes da história!

O problema é que faltam nomes de respeito... Faltam atletas tarimbados e experientes, capazes de exercer uma liderança em campo, quando a coisa fica “preta”!

Quantas vezes não vimos o Ruivo errando lances bobos, sob pressão?

Acho que com esta “folga” no Salary Cap, poderíamos montar uma equipe poderosa, capaz de fazer frente a qualquer adversário...

E não custa lembrar que, este ano, nossa tabela não será nada “simples”! Temos pela frente uma divisão complicada (com o atual campeão Ravens, os Steelers “mordidos” e um Browns num estágio evolutivo muito parecido com os Bengals de 2012); além de confrontos com duas divisões poderosas, como a AFC East (Patriots, Jets, Bills e Dolphins); e a NFC North (Packers, Vikings, Bears e Lions); além de duelos contra Colts e Chargers...

Ou a Diretoria começa a investir IMEDIATAMENTE... ou já podemos pensar na grande reformulação da Temporada 2014!

Para encerrar, deixo um grande abraço para meu amigo Caio Sguerri, pobre torcedor dos Bengals (e do Liverpool... e do Palmeiras... coitado...); que fez aniversário neste mês de março – e como “presente”, deu a si próprio um boné oficial da equipe de Cincinnati (matando de inveja este redator...). Desejo que em seu próximo aniversário, ainda estejamos de ressaca, celebrando o inédito título do Superbowl!

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