sexta-feira, 7 de março de 2014

Aula de História – Capítulo 05 (1980 a 1983): Era de Ouro – Parte I


A Década de 1980, embora chamada de “Década Perdida” pelos economistas brasileiros (por causa da estagnação econômica e da inflação descontrolada), não foi, de forma alguma, um período de retrocesso em outros campos!


Em 1980, o mundo inteiro se emocionou com o “Ursinho Misha” nas Olimpíadas de Moscou. Em 1981, o Atentado ao Riocentro abalou as frágeis estruturas da Ditadura Militar brasileira. Em 1982, a Seleção Brasileira deu show na Copa do Mundo da Espanha (mas a Itália de Paolo Rossi terminou com o título). Em 1983, Nelson Piquet conquistou o segundo de seus três títulos mundiais na Fórmula 1. Em 1984, foi inaugurado o Sambódromo no Rio de Janeiro. Em 1985, ocorreu o primeiro Rock in Rio. Em 1986, estreou na TV Globo o Xou da Xuxa. Em 1987, estreava nos cinemas o primeiro Robocop. Em 1988, o Brasil promulgou sua nova Constituição Federal. Em 1989, a Queda do Muro de Berlim sinalizou o fim da Guerra Fria...


Isto sem falar na morte de John Lennon e a ascensão do rock nacional (Barão Vermelho, Legião Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Titãs etc.); do pop mundial (Michael Jackson, Madonna, Cindy Lauper, Tina Turner e Roxette); e do rock romântico (Bon Jovi, Gun’s N’ Roses, Whitesnake, Scorpions The Cure e Bruce Springsteen) – sem nos esquecermos do bom e velho heavy metal (Metallica, Megadeth, Iron Maiden e Judas Priest)!


Nos esportes, esta foi a era do Basquete (Oscar e Hortência no Brasil; Magic Johnson, Michael Jordan e Larry Bird nos EUA); da Fórmula 1 (Senna, Piquet, Prost e Mansell); do Futebol de Maradona, Careca, Gullit e Zico; e na NFL, brilhavam Joe Montana (49ers); Jerry Rice (49ers); Anthony Muñoz (Bengals); Reggie White (Eagles); e os treinadores Bill Walsh (49ers) e Chuck Noll (Steelers)...


Mas os anos de 1980 foram, sobretudo, a década da redemocratização, com a volta das eleições diretas para Governador de Estado (em 1982); o retorno de um civil (Tancredo Neves) ao comando da nação em 1985 (ainda que escolhido de forma indireta pelo Colégio Eleitoral); e, finalmente, com a primeira eleição direta para Presidente da República, em 1989, num novo cenário partidário marcado pela afirmação de siglas como o PT e o PSDB. Foi ainda o tempo em que os brasileiros reaprenderam a se manifestar politicamente, voltando às ruas para protestar contra a inflação, os preços altos e os salários baixos. Os anos de 1980 foram marcados principalmente pela reorganização de sindicatos de servidores públicos, professores e trabalhadores da saúde. Em 1986, houve mais de duas mil greves no País (culminando em 1989, com quatro mil paralisações)!


O ponto alto da mobilização popular brasileira foram as manifestações pelas “Diretas Já” (Emenda Dante de Oliveira), que previa eleição presidencial já em 1985. O País se mobilizou de norte a sul, em gigantescos comícios – mas votada no Congresso, em novembro de 1984, a proposta foi derrotada. Impossível deixar de citar as críticas ácidas exercidas pelas telenovelas (como Roque Santeiro, de Dias Gomes) e também pela “Democracia Corinthiana” (capitaneada pelo Dr. Sócrates – um dos maiores atletas brasileiros de todos os tempos).


Mas o Brasil não fora o único país do mundo que vivia tempos “conturbados” politicamente. Ditaduras Militares na Argentina, Chile e Uruguai também caíram ao longo desta década; e a União Soviética, liderada por Mikhail Gorbachev, promovia sua lenta abertura política (Glasnost) e econômica (Perestroika). E graças ao enfraquecimento do comunismo, a Alemanha finalmente se reunificou (em novembro de 1989); enquanto a China se dobrou ao capitalismo após as manifestações estudantis na Praça da Paz Celestial...


Esta década também foi marcada pela solidariedade (como a gravação da música “We Are The World”, em 1985, que gerou uma série de shows beneficentes mundo afora, visando arrecadar fundos para as vítimas da fome e da AIDS na África); e também mudou a forma de se pensar o mundo (através da Globalização e do início da Internet)...


Sinto-me privilegiado de ter nascido nesta década (mais precisamente em 1983); pois como consta numa famosa “corrente” no Facebook, a minha geração foi a última a brincar na rua e a primeira a jogar videogame (e assistir TV em cores); a última a gravar músicas direto do rádio em fitas-cassetes e os primeiros a ouvir CD’s e MP3’s; a última a gravar e assistir filmes em vídeo-cassetes e os primeiros a assistir DVD’s e Blue-Ray’s; fomos os “desbravadores” da Internet (em modens discados, entrando após a meia-noite para economizar telefone), usando ICQ, MSN, e-mails e chats; podíamos apelidar nossos amigos (e também receber apelidos) sem cometer bullying; nunca ouvimos funk nas escolas; e vivíamos ralados, descalços, brincando na areia e no barro, bebendo água de mangueira e sem nos preocuparmos com sabonete antibacteriano!


Só lamento não ter assistido ao vivo à chamada “Era de Ouro” dos Bengals...

Após as desastrosas passagens de Bill “Tiger” Johnson e Homer Rice pelo cargo de Treinador de Cincinnati; Paul Brown sabia que era hora de mudar! Começou promovendo alterações no uniforme (ainda tímidas para a temporada de 1980), no elenco e principalmente na comissão técnica – nomeando Forrest Gregg como novo Técnico Principal da equipe!


Alvis Forrest Gregg nasceu em 18 de Outubro de 1933 (em Birthright, Texas). Em 1956, foi draftado pelo Green Bay Packers (equipe pela qual jogou até 1970); e que lhe rendeu cinco títulos da NFL (e dois Super Bowl’s). Jogou com a camisa nº 75, na posição de Offensive Tackle; e foi conhecido pela alcunha de “Iron man” (por ter disputado 188 jogos consecutivos na carreira). Em 1971, deixou os Packers e disputou sua última temporada pelo Dallas Cowboys (conquistando mais um título na NFL e outro Super Bowl). Vince Lombardi, lendário treinador dos Packers, em seu livro “Run to Daylight”, rasgou elogios ao atleta: “Ele foi o melhor jogador que já treinei”!


Em 1972 e 1973, trabalhou como Assistente Técnico no San Diego Chargers; antes de se transferir para o Cleveland Browns em 1974. Em 1975, com a demissão do Treinador Nick Skorich, Gregg foi promovido à Técnico Principal dos Browns (cargo que ocupou até 1977). Em 1978, aceitou o convite do Toronto Argonauts para treinar a equipe da CFL (Canadian Football League); mas Paul Brown tratou de trazê-lo de volta à Ohio!


E quis o destino, numa doce ironia (pois não acredito em coincidências), que logo em sua estréia no comando de Cincinnati; Forrest Gregg fosse incumbido de lançar outro Offensive Tackle lendário (que mudou radicalmente a história dos Bengals):


Michael Anthony Muñoz (nosso eterno Camisa nº 78)!

Draftado na primeira rodada (terceira escolha “geral”) de 1980; o garoto de San Francisco completou o ensino médio na Chaffey High School (em Ontário, no Canadá); mas voltou para seu “Estado natal”, mais precisamente para a University of Southern California, para concluir seus estudos e também jogar futebol americano (onde foi decisivo na partida em que sua equipe venceu a Ohio State University, por 17 x 16, no Rose Bowl disputado no dia 01 de Janeiro de 1980)!


Ainda sim, foi uma aposta arriscada da diretoria de Cincinnati – pois Muñoz pesava 127 kgs e media 1,98 m! Poucos especialistas apostavam que seus joelhos agüentariam muito tempo – e durante os anos na USC, Anthony disputou apenas oito jogos...

Mas felizmente as suspeitas mostraram-se equivocadas – e Muñoz deixou de atuar em apenas três jogos nas suas primeiras 12 temporadas na NFL! O atleta era obcecado pela musculação (tanto que montou uma academia de ginástica completa em sua residência) e corria dez quilômetros todos os dias – sob chuva, sol ou neve! Esta rigorosa rotina foi seu diferencial para o sucesso na carreira...

E além de sua incrível força física (ajudando-o nos bloqueios); Anthony mostrou-se um recebedor bem “razoável” – sete recepções para 18 jardas e 04 Touchdown’s (incluindo um passe do novato Boomer Esiason, contra os Browns, em Cleveland – na temporada de 1984)!


Seu jeitão “latino” também fez sucesso no cinema – e o Camisa nº 78 atuou em dois filmes: em 1980 participou de “Borderline” (no Brasil chamado: “A Fronteira”, estrelado por Charles Bronson), no papel de “Guatemalan”; e “The Right Stuff”, de 1983 (no Brasil chamado de “Os Eleitos – Onde o Futuro Começa”; dirigido por Phillip Kaufman e estrelado por Sam Shepard, Scott Glenn e Ed Harris; indicado ao Oscar de Melhor Filme), onde seu personagem chamava-se “Gonzalez”!


Como diz a mais nova expoente da MPBMc Marcelly: “Respeita o moço! Patente alta, dá aula, é bigode grosso!


Apesar da chegada desta dupla (Gregg e Muñoz), não foi em 1980 que Cincinnati “decolou”! Ficamos na última colocação da AFC Central, com 06 vitórias e 10 derrotas; e anotamos apenas 244 pontos na temporada (o pior ataque da Conferência Americana). Nenhum jogador foi eleito para o Pro Bowl. A única “boa notícia” é que derrotamos duas vezes o atual campeão do Super Bowl (Pittsburgh Steelers)!

Veja como foi a campanha:

1ª Rodada – 07.09.1980 – Bengals 12 x 17 Buccaneers;
2ª Rodada – 14.09.1980 – Dolphins 17 x 16 Bengals;
3ª Rodada – 21.09.1980 – Bengals 30 x 28 Steelers;
4ª Rodada – 28.09.1980 – Bengals 10 x 13 Oilers;
5ª Rodada – 05.10.1980 – Packers 14 x 09 Bengals;
6ª Rodada – 12.10.1980 – Steelers 16 x 17 Bengals;
7ª Rodada – 19.10.1980 – Bengals 14 x 00 Vikings;
8ª Rodada – 26.10.1980 – Oilers 23 x 03 Bengals;
9ª Rodada – 02.11.1980 – Bengals 14 x 31 Chargers;
10ª Rodada – 09.11.1980 – Raiders 28 x 17 Bengals;
11ª Rodada – 16.11.1980 – Bengals 00 x 14 Bills;
12ª Rodada – 23.11.1980 – Browns 31 x 07 Bengals;
13ª Rodada – 30.11.1980 – Chiefs 06 x 20 Bengals;
14ª Rodada – 07.12.1980 – Bengals 34 x 33 Colts;
15ª Rodada – 14.12.1980 – Bears 14 x 17 Bengals (Prorrogação);
16ª Rodada – 21.12.1980 – Bengals 24 x 27 Browns.

Ken Anderson completou 166 dos 275 passes tentados, garantindo 1.778 jardas, com 06 passes para TD e 13 Interceptações (Rating de 66.9). Pete Johnson foi nosso melhor corredor (186 corridas para 747 jardas e 06 TD’s); e Dan Ross liderou o jogo aéreo (56 recepções para 724 jardas e 04 TD’s).

Na pós-temporada, os Raiders (que terminaram na 4ª colocação da AFC) atropelaram o Houston Oilers (27 x 07); o Cleveland Browns (14 x 12); e na final da Conferência Americana, derrotaram o San Diego Chargers (equipe de melhor campanha) por 34 x 27. No Super Bowl XV, a equipe de Oakland não deu chances para o Philadelphia Eagles e ficou com o troféu, após vencê-los por 27 x 10!


Se a temporada de 1980 não foi boa...

O que dizer de 1981?

Os Bengals estrearam seu novo uniforme (com listras de tigre no capacete, camisa e calça); e mesmo com poucas mudanças no estilo de jogo, no elenco ou na comissão técnica; transformaram-se numa potência da NFL!


A equipe titular de 1981 era:

Quarterback: Ken Anderson;

Wide Receiver’s: Cris Collinsworth e Isaac Curtis;

Tight End: Dan Ross;

Running Back: Charles Alexander;

Fullback: Pete Johnson;

Left Tackle: Anthony Muñoz;

Right Tackle: Mike Wilson;

Left Guard: Dave Lapham;

Right Guard: Max Montoya;

Center: Blair Bush;

Defensive End’s: Eddie Edwards e Ross Browner;

Noise Tackle: Wilson Whitley;

Linebacker’s: Bo Harris, Jim LeClair, Glenn Cameron e Reggie Williams;

Cornerback’s: Louis Breeden e Ken Riley;

Safety’s: Bobby Kemp e Bryan Hicks;

Kicker: Jim Breech;

Punter: Pat McInally.


O sucesso desta equipe foi tão grande que cinco destes atletas (Anderson, Collinsworth, Johnson, McInally e Muñoz) foram convocados para o Pro Bowl!

Apesar do começo irregular, alternando vitórias e derrotas; os Bengals alcançaram um equilíbrio interessante entre ataque e defesa; e a equipe conquistou seu 3º Título de Divisão (campeões da AFC Central em 1970, 1973 e 1981) com uma rodada de antecedência (derrotando os Steelers, fora de casa, por 10 x 17)! E pela quarta vez na história, disputaríamos um jogo de pós-temporada...

1ª Rodada – 06.09.1981 – Bengals 27 x 21 Seahawks;
2ª Rodada – 13.09.1981 – Jets 30 x 31 Bengals;
3ª Rodada – 20.09.1981 – Bengals 17 x 20 Browns;
4ª Rodada – 27.09.1981 – Bengals 27 x 24 Bills (Prorrogação);
5ª Rodada – 04.10.1981 – Oilers 17 x 10 Bengals;
6ª Rodada – 11.10.1981 – Colts 19 x 41 Bengals;
7ª Rodada – 18.10.1981 – Bengals 34 x 07 Steelers;
8ª Rodada – 25.10.1981 – Saints 17 x 07 Bengals;
9ª Rodada – 01.11.1981 – Bengals 34 x 21 Oilers;
10ª Rodada – 08.11.1981 – Chargers 17 x 40 Bengals;
11ª Rodada – 15.11.1981 – Bengals 24 x 10 Rams;
12ª Rodada – 22.11.1981 – Bengals 38 x 21 Broncos;
13ª Rodada – 29.11.1981 – Browns 21 x 41 Bengals;
14ª Rodada – 06.12.1981 – Bengals 03 x 21 49ers;
15ª Rodada – 13.12.1981 – Steelers 10 x 17 Bengals;
16ª Rodada – 20.12.1981 – Falcons 28 x 30 Bengals.

Ken Anderson foi “da água para o vinho”; e completou 300 dos 479 passes tentados, garantindo 3.754 jardas, com 29 passes para TD e 10 Interceptações (Rating de 98.4 – melhor índice da NFL). Pete Johnson continuou sendo nosso melhor corredor (274 corridas para 1.077 jardas e 12 TD’s); e Dan Ross permaneceu como o “alvo favorito” de Anderson (71 recepções para 910 jardas e 05 TD’s), embora Cris Collinsworth tenha sido mais eficiente (67 recepções para 1.009 jardas e 08 TD’s)!

Com este retrospecto de 06 vitórias e 02 derrotas, tanto em casa quanto fora; e a seqüência de 07 vitórias nos últimos 08 jogos da temporada regular; a equipe de Cincinnati chegou confiante para o confronto contra o Buffalo Bills...


Ainda sim... nosso retrospecto nos playoffs era péssimo!

Em 26.12.1970, perdemos para o Baltimore Colts por 17 x 00...

Em 23.12.1973, perdemos para o Miami Dolphins por 34 x 16...

Em 28.12.1975, perdemos para o Oakland Raiders por 31 x 28...

Mas pela primeira vez jogaríamos em casa!

E pela primeira vez fizemos a melhor campanha da AFC!

No dia 03 de Janeiro de 1982, 55.420 torcedores foram ao Riverfront Stadium para apoiar os Bengals – e não se decepcionaram com a equipe!

Logo no 1º Quarto, Charles Alexander e Pete Johnson anotaram Touchdown’s “terrestres” – abrindo vantagem de 14 x 00! Antes do intervalo, Joe Cribbs diminuiu a desvantagem (correndo por uma jarda para anotar seu TD)... e o mesmo Cribbs tratou de empatar a partida, no 3º Quarto, correndo por 44 jardas!

A tensão nas arquibancadas era evidente, pois os Bills dominavam a partida...

Felizmente nosso Running Back Charles Alexander respondeu “na mesma moeda”; e correu por 20 jardas para recolocar os Bengals à frente no placar: 21 x 14!

No 4º Quarto, Jerry Butler recebeu passe de 20 jardas do QB Joe Ferguson e empatou o jogo em 21 x 21... mas faltando pouco mais de dez minutos para acabar o jogo, Ken Anderson acertou passe de 18 jardas para o novato Cris Collinsworth; dando números finais ao jogo – Cincinnati 28 x 21 Buffalo!


Festa nas ruas e nas arquibancadas!

Os Bengals disputariam o título da Conferência Americana!

E novamente jogaríamos em nosso estádio!

No dia 02.01.1982, o San Diego Chargers encarou os Dolphins, em Miami; e venceu na prorrogação pelo placar de 41 x 38! Com isso, teriam sua “revanche” pela humilhante derrota sofrida na 10ª Rodada (em casa perderam para Cincinnati por 17 x 40)...

Enquanto isso, na final da Conferência Nacional, o San Francisco 49ers receberia no Candlestick Park o Dallas Cowboys; no confronto entre as duas melhores campanhas da NFC...

Ambos jogariam no dia 10 de Janeiro de 1982...


Mesmo jogando às 13:00 horas (horário local) e com tempo claro, a temperatura ambiente era de -23º Celsius; mas graças aos fortes ventos de até 35 milhas por hora, a sensação térmica no Riverfront Stadium era de -51º! Isto certamente afastou boa parte dos torcedores dos Bengals – e apenas 46.302 fanáticos acompanharam o “Freezer Bowl”!

Jim Breech abriu o placar, acertando um Field Goal de 31 jardas! E ainda no 1º Quarto, o Tight End M.L. Harris ampliou a vantagem – anotando um TD após receber passe de oito jardas de Ken Anderson!

Bengals 10 x 00 Chargers!

No 2º Quarto, San Diego esboçou uma reação (Kellen Winslow anotou seu TD após receber passe de 33 jardas); mas Pete Johnson precisou se apenas uma jarda para invadir a End Zone da equipe californiana... e o placar no intervalo era de 17 x 07!

No 3º Quarto, Breech ampliou a vantagem com outro FG (desta vez de 38 jardas); e na última etapa, Don Bass recebeu passe curto (03 jardas) de Ken Anderson e sacramentou nosso Primeiro Título de Conferência!


BENGALS 27 x 07 CHARGERS!

CINCINNATI: CAMPEÃO DA AFC!


Pelos lados da Conferência Nacional, o Dallas Cowboys vencia a partida pelo placar de 27 x 21; até que...


Esta incrível recepção do Wide Receiver Dwight Clark, faltando 51 segundos para acabar a partida, entrou para a história como “The Catch”; e após a conversão do Ponto Extra (chutado por Ray Wersching); San Francisco virou o placar (28 x 27) e conquistou o Título da NFC (além da vaga no Super Bowl XVI)...


No dia 24 de Janeiro de 1982, cerca de 81.270 pessoas lotaram as arquibancadas do Silverdome, em Pontiac, Estado de Michigan (casa do Detroit Lions); para assistir ao confronto entre Bill Walsh (Treinador dos Niners) e sua ex-equipe...


Diana Ross cantou o hino nacional norte-americano...


E lá foram as equipes para o início do jogo!

Cincinnati chutou a bola para San Francisco, e Amos Lawrence conseguiu um excelente retorno de 17 jardas... mas nosso Linebacker Guy Frazier forçou um fumble recuperado por John Simmons na marca de 26 jardas do campo de ataque! Esta foi a primeira vez que uma equipe sofria um fumble logo no primeiro lance da partida...


Ken Anderson começou a campanha ofensiva em excelente posição de campo; e alternando jogadas aéreas e terrestres, conseguiu levar a equipe para a marca de 05 jardas! Mas numa terceira descida, ao tentar passe para Isaac Curtis dentro da End Zone; Anderson foi interceptado pelo Safety Dwight Hicks (que retornou por 27 jardas)...

Era a vez de Joe Montana mostrar seu talento...


E poucas jogadas depois, o próprio Quarterback invadiu nossa End Zone...

San Francisco 07 x 00 Cincinnati...

No 2º Quarto, a linha ofensiva dos Bengals continuou errando nos momentos cruciais de finalização; e os Niners conseguiram se impor sobre nossa defesa; anotando 13 pontos consecutivos (01 TD de Earl Cooper, recebendo passe de 11 jardas de Montana; e 02 FG’s, respectivamente de 22 e 26 jardas, chutados por Ray Wersching)...

No intervalo, Cincinnati perdia o jogo por 20 x 00...


Mas como diria Joseph Climber: “A vida é uma caixinha de surpresas”...

E no segundo tempo, os Bengals reagiram de modo surpreendente!

No 3º Quarto, nosso QB correu por cinco jardas e anotou seu segundo TD na temporada! E faltando pouco mais de 10 minutos para o fim do jogo, Anderson acertou passe curto (04 jardas) para Dan Ross também anotar seu TD!

Como diria Paulo Antunes: “Teeeemos um jogo!

O San Francisco 49ers continuou “administrando” a vantagem conquistada na primeira etapa, abusando de corridas curtas para fazer o relógio “andar”; mas que infelizmente não foram detidas por nossa linha defensiva...

E Wersching pode converter outros dois Field Goals: de 40 e de 23 jardas...

Cincinnati ainda anotou mais um TDDan Ross recebeu passe de 03 jardas e entrou na End Zone pela segunda vez na partida; mas já não havia tempo para mais nada...

49ers 26 x 21 Bengals...


Os Niners conquistaram (com méritos) seu primeiro Super Bowl...


O jeito foi “lamber as feridas” e nos prepararmos para a temporada de 1982...


Cabe aqui uma observação importante: a audiência do Super Bowl XVI quebrou todos os recordes da televisão norte-americana em eventos esportivos. E o faturamento com comerciais e outras formas de marketing também elevou o patamar de arrecadação para um nível nunca antes alcançado! Logo, a NFL tratou de renegociar os termos de seus acordos de transmissão com rádios e redes de televisão (CBS, NBC e ABC); e as cifras milionárias despertaram a atenção do Sindicato dos Atletas Profissionais...

Mas falaremos mais sobre isso adiante!

Em 1982, o elenco dos Bengals permaneceu praticamente o mesmo – sem nenhuma “nova estrela” vinda do Draft (como foi o caso do WR Collinsworth em 1981). Mas isso não significa uma “má-notícia”, afinal de contas, a equipe estaria ainda mais entrosada e experiente (após as conquistas do título da AFC Central e da Conferência Americana). E mais do que isso: nossa defesa estava “vacinada” contra a “West Coast Offense” aprimorada por Bill Walsh nos Niners; através da revolucionária “Blitz” (criada por nosso Coordenador Defensivo Dick LeBeau justamente para pressionar o Quarterback adversário – dando-lhe pouco tempo para pensar nas táticas ofensivas da WCO)!


Sem dúvida alguma... 1982 seria “o nosso ano”!

Na primeira partida, disputada em casa, no dia 12.09.1982, contra o Houston Oilers, o nosso favoritismo se confirmou: vitória tranqüila por 27 x 06!

Na segunda rodada (dia 19.09.1982), jogando no Three Rivers Stadium, os Steelers precisaram “suar sangue” para nos derrotar – e a vitória de Pittsburgh veio apenas na prorrogação, pelo placar de 26 x 20...

Mas exatamente à meia-noite, após a partida entre New York Giants e Green Bay Packers (disputada na noite de 20.09.1982); o Sindicato dos Atletas Profissionais ordenou que os jogadores entrassem em greve!


Ed Garvey (experiente advogado em Washington D.C.), representando os jogadores de todas as equipes da NFL; exigia que a Liga e os Proprietários das 28 Franquias repassassem aos atletas o percentual de 55% (cinqüenta e cinco por cento) da receita bruta obtida com o espetáculo (incluindo bilheteria, camarotes, publicidade e direitos de transmissão dos jogos pela TV e Rádio). Isto representava cerca de US$ 1,6 bilhões de Dólares! Mas é claro que nem a NFL e muito menos os Proprietários estavam dispostos a ceder uma quantia tão volumosa de dinheiro aos jogadores...

Na pauta de reivindicações dos atletas também constava:

- Estabelecimento de um “piso salarial” aos jogadores, considerando sua posição e sua experiência na Liga;

- Remuneração adicional pelos trabalhos de Pré e Pós-Temporada;

- Assistência médica, seguro de vida e plano de aposentadoria privada;

- Maiores indenizações os atletas lesionados durante as partidas;

- Liberdade de negociação do passe (criação dos “Free Agent’s”);

- Mudanças no sistema de recrutamento (Draft).

O Defensive End dos Giants (Gary Jeter) resumiu bem o “espírito” da época:

- Nós não sabíamos quanto os Proprietários das Equipes estavam lucrando com o nosso suor e a nossa saúde... e quando finalmente tivemos acesso aos livros de contabilidade, ficamos muito chateados com o percentual que nos era repassado! Obviamente não era justo... Arriscávamos as nossas vidas enquanto eles faturavam fortunas! A imprensa vem nos chamando de “mercenários”, mas a verdade é que estamos recebendo um percentual ridículo de tudo que vem sendo arrecadado com o esporte!

Em resposta à greve, os Donos das Franquias suspenderam por tempo indeterminado todos os contratos dos atletas (e conseqüentemente pararam de pagar salários); proibindo-os de freqüentar os estádios, centros de treinamento e academias; bem como de usar símbolos relacionados às equipes (como uniformes, bonés, capacetes etc.).

Por 57 dias a NFL deixou de existir!

Ao todo, Sete Rodadas da Temporada Regular de 1982 foram cancelados, gerando um prejuízo total (considerando apenas receitas e salários) de aproximadamente US$ 275 mil dólares – sem contabilizarmos a “quebra de contrato” entre a Liga e as emissoras de televisão (que exigiram a devolução de quase US$ 50 milhões!).

As tensas negociações resultaram num acordo de cinco anos, prevendo indenizações aos atletas lesionados e aposentados; aumento nos salários e pagamento de bônus aos jogadores de equipes classificadas para os playoffs; e a NFL passaria a gerir todos os contratos firmados entre equipes e jogadores...

Mas a verdade é que o movimento dos atletas perdeu força após o primeiro mês de paralisação; e muitos jogadores exigiam a destituição do advogado Garvey (considerado “intransigente” e “ambicioso” demais)...

No dia 17 de Novembro de 1982, a greve foi encerrada oficialmente!


Como não seria possível “repor” as sete partidas canceladas e ainda restavam sete jogos a serem disputados na Temporada Regular; a Liga optou por criar uma “pós-temporada especial” – com 16 equipes classificadas (08 em cada Conferência); a fim de não prejudicar demais as equipes com jogos mais complicados...

O problema é que muitos atletas estavam “fora de forma” e “sem ritmo de jogo”; após quase dois meses parados. A imprensa questionava se o retorno da competição seria mesmo viável, mas as pressões externas (principalmente da TV e dos patrocinadores) foi decisiva. E exatamente por isso, já no dia 21.11.1982, todas as equipes foram a campo!

3ª Rodada – 21.11.1982 – Eagles 14 x 18 Bengals;
4ª Rodada – 28.11.1982 – Bengals 31 x 17 Raiders;
5ª Rodada – 05.12.1982 – Colts 17 x 20 Bengals;
6ª Rodada – 12.12.1982 – Bengals 23 x 10 Browns;
7ª Rodada – 20.12.1982 – Chargers 50 x 34 Bengals;
8ª Rodada – 26.12.1982 – Bengals 24 x 10 Seahawks;
9ª Rodada – 02.01.1983 – Oilers 27 x 35 Bengals.

Apesar dos problemas extra-campo, Cincinnati foi brilhante – venceu seis dos últimos sete jogos; e terminou a Temporada Regular com a terceira melhor campanha da Conferência Americana (07 vitórias e 02 derrotas); empatado com os Dolphins (mas perdendo a segunda posição para Miami pelos critérios de desempate). Só foi pior que o Los Angeles Raiders (08 vitórias e 01 derrota – justamente para os Bengals na quarta rodada)!

Este seria nosso quarto título da AFC Central (pois nenhum rival chegou à nossa frente); mas a NFL “aboliu” temporariamente as Divisões – justamente porque seria impossível avaliar o desempenho de cada equipe com tabelas desorganizadas...

Uma curiosidade sobre 1982: de 1970 até hoje, esta foi a única vez em que Bengals e Steelers não se enfrentaram pelo menos duas vezes na mesma temporada!

No dia 09 de Janeiro de 1982, em confronto válido pelas “Quartas-de-Final” da Conferência Americana; Cincinnati recebeu o N.Y. Jets (equipe que terminou com a sexta melhor campanha da AFC) no Riverfront Stadium...


Os Bengals eram franco-favoritos (seja pela campanha de 1981 ou pelo excelente desempenho em 1982); e logo no 1º Quarto, abriu vantagem de 14 x 03! Mas as brilhantes atuações do Running Back Freeman McNeil (correndo 210 jardas e anotando 01 TD) e do QB Richard Todd (completou 20 dos 28 passes tentados, conquistando 269 jardas aéreas e 01 passe para TD) fizeram a diferença – e a equipe alvi-verde de Nova York virou o placar e construiu uma goleada difícil de esquecer: Bengals 17 x 44 Jets...


Mais uma vez ficávamos pelo caminho...

Ken Anderson terminou a Temporada Regular completando 218 dos 309 passes tentados, garantindo 2.495 jardas, com 12 passes para TD e 09 Interceptações (Rating de 95.3). Pete Johnson continuou sendo nosso melhor corredor (156 corridas para 622 jardas e 07 TD’s); e Cris Collinsworth mostrou, em seu segundo ano, que não era “apenas” um calouro talentoso, liderando o jogo aéreo (49 recepções para 700 jardas e 01 TD).

Anderson, Collinsworth, Anthony Muñoz e Dan Ross foram novamente convocados ao Pro Bowl...


A “zebra” Nova-Iorquina cruzou os EUA e também aprontou no Los Angeles Memorial Coliseum, derrubando os Raiders (até então a equipe de melhor campanha da AFC) por 14 x 17; mas na final da Conferência Americana, foi derrotada pelos Dolphins, no Orange Bowl, por 14 x 00...

No Super Bowl XVII, o Washington Redskins (equipe de melhor campanha da Conferência Nacional) confirmou o favoritismo e despachou o time de Miami por 27 x 17...


Em 1983, assim como ocorreu em 1982, o elenco dos Bengals permaneceu praticamente o mesmo. Afinal, a imprensa especializada e a fanática torcida ainda acreditavam no potencial destes jogadores (mais experientes e entrosados). E desta vez, sem serem prejudicados por fatores extra-campo; tinham tudo para brilhar como nunca!

Mas perderam como sempre...

1ª Rodada – 04.09.1983 – Bengals 10 x 20 Raiders;
2ª Rodada – 11.09.1983 – Bengals 06 x 10 Bills;
3ª Rodada – 15.09.1983 – Browns 17 x 07 Bengals;
4ª Rodada – 25.09.1983 – Buccaneers 17 x 23 Bengals;
5ª Rodada – 02.10.1983 – Bengals 31 x 34 Colts;
6ª Rodada – 10.10.1983 – Bengals 14 x 24 Steelers;
7ª Rodada – 16.10.1983 – Broncos 24 x 17 Bengals;
8ª Rodada – 23.10.1983 – Bengals 28 x 21 Browns;
9ª Rodada – 30.10.1983 – Bengals 34 x 14 Packers;
10ª Rodada – 06.11.1983 – Oilers 14 x 55 Bengals;
11ª Rodada – 13.11.1983 – Chiefs 20 x 15 Bengals;
12ª Rodada – 20.11.1983 – Bengals 38 x 10 Oilers;
13ª Rodada – 28.11.1983 – Dolphins 38 x 14 Bengals;
14ª Rodada – 04.12.1983 – Steelers 10 x 23 Bengals;
15ª Rodada – 11.12.1983 – Bengals 17 x 09 Lions;
16ª Rodada – 17.12.1983 – Vikings 20 x 14 Bengals.

Com este retrospecto de 07 vitórias e 09 derrotas (sendo 06 nos primeiros 07 jogos); Cincinnati terminou na 3ª colocação da AFC Central – e fora dos playoff’s...

Ken Anderson continuou jogando bem, completando 198 dos 297 passes tentados, garantindo 2.333 jardas, com 12 passes para TD e 13 Interceptações (Rating de 85.6). Pete Johnson, para variar, foi nosso melhor corredor (210 corridas para 763 jardas e 14 TD’s); e Cris Collinsworth consolidou seu nome no jogo aéreo (66 recepções para 1.130 jardas e 05 TD’s). Collinsworth e Muñoz foram os únicos convocados para o Pro Bowl. E na goleada sobre os Oilers, em Houston, no dia 06.11.1983; a equipe estabeleceu um novo recorde: cinco TD’s terrestres na mesma partida!


Na pós-temporada, o Seattle Seahawks (equipe com a 4ª melhor campanha) bateu o Denver Broncos por 31 x 07 na Rodada de Wild-Card; surpreendeu os Dolphins, em Miami, por 27 x 20; mas perdeu a final da AFC para o Los Angeles Raiders (equipe de melhor campanha) por 30 x 14...

No Super Bowl XVIII, os Redskins buscavam o bi-campeonato (após repetirem a melhor campanha da NFC); mas os Raiders não deram chances e venceram por 38 x 09!


Bastante pressionado pelos resultados decepcionantes (mesmo comandando uma equipe talentosa); o Treinador Forrest Gregg acabou demitido...

Gregg aceitou o cargo de Treinador Principal do Green Bay Packers (equipe que defendeu durante quase toda a sua carreira de atleta); e lá permaneceu até 1987 – sem conseguir nenhum resultado expressivo. Ao todo, sua carreira como Técnico na NFL terminou com um retrospecto de 75 vitórias, 85 derrotas e 01 empate...