terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pós-Temporada 2013 – Rodada Wild Card – Bengals 10 x 27 Chargers



Torcer para os Bengals é um privilégio para poucos! Não porque somos uma torcida “exclusivista”, “xenofóbica” ou “racista” (bem longe disso!). É que muitos não agüentam a pressão! As desilusões! As dores do fracasso! Penso que torcer para os Bengals é igual estar casado com uma mulher linda! Daquelas que literalmente param o trânsito! Que “arrasam-quarteirão”! Que te encantam no primeiro olhar e te leva a loucura na cama! Mas que, exatamente por isso, vai te dar muita dor de cabeça...

É com esta reflexão – um misto de Vinicius de Moraes e Reginaldo Rossi (dois ídolos brasileiros que perdemos em 2013); que começamos a resenha da última partida dos Bengals nesta temporada...


Neste domingo, numa tarde fria de 05 de Janeiro de 2014, no Paul Brown Stadium, em Cincinnati, Ohio, EUA; os Bengals foram novamente derrotados na Rodada de Wild Card – desta vez perderam para o San Diego Chargers pelo placar de 27 x 10...


Mesmo sob a chuva gelada, Phillip Rivers mostrou uma precisão invejável nos passes; e a equipe californiana só precisou adotar uma postura “conservadora” ao longo da partida – errando pouco e aproveitando os muitos erros do ataque de Cincinnati (foram quatro turnovers – três deles no segundo tempo); para garantir sua passagem para a próxima fase (onde encaram os Broncos, em Denver, no próximo domingo, às 19:30 – horário de Brasília).

Mas o grande mérito da improvável classificação dos Chargers deve ser creditado à sua defesa! A 23ª no ranking de jardas totais cedidas aos adversários na temporada regular conseguiu anular completamente o ataque aéreo dos Bengals; e ainda pressionou bastante nosso QB – interceptando dois passes; derrubando-o três vezes e forçando dois fumbles!


Andy Dalton terminou a partida completando 29 dos 51 passes tentados (aproveitamento de 56,9%); conquistando 334 jardas e 01 passe para TD. Mesmo assim, seu “passer rating” foi de 67 (graças às 02 INT’s, 03 Sack’s e 02 Fumbles – um deles perdido). O Ruivo também correu cinco vezes com a bola e garantiu outras 26 jardas terrestres.

Por outro lado, Phillip Rivers acertou 12 passes dos 16 que lançou (aproveitamento de 75%); garantindo 128 jardas aéreas – com 01 passe para TD e nenhuma INT. Só foi derrubado uma vez e não sofreu nenhum fumble...


Se Cincinnati conseguiu bem mais do que o dobro de jardas aéreas; San Diego foi muito superior no jogo terrestre (196 jardas dos Chargers contra 113 dos Bengals). Este domínio, somado aos quatro turnovers que nosso ataque sofreu; foram suficientes para quebrar a seqüência de nove vitórias consecutivas em casa – e nem a nossa excelente defesa, trabalhando muito bem (para variar...), conseguiu evitar a eliminação dos Bengals...

Curiosamente, a última derrota dos Chargers aconteceu no dia 01.12.2013, em casa, para os Bengals; pelo placar de 17 x 10. Naquela oportunidade, Cincinnati venceu com relativa tranqüilidade – aproveitando-se dos três turnovers sofridos por San Diego!

Mas pelo visto, eles aprenderam a lição... “e quem com ferro fere...

Esta foi a primeira vitória dos Chargers nos playoffs desde 2008 (quando venceram os Colts, na prorrogação, por 23 x 17). Jogando fora de casa, em estádio aberto, a última vitória de San Diego na pós-temporada havia sido na decisão da AFC de 1994 (quando derrotaram os Steelers por 17 x 13)...

A primeira posse de bola da partida pertenceu aos Chargers, mas a equipe visitante só conseguiu uma 1ª descida e foi obrigada a chutar a bola para Cincinnati. Nossa primeira campanha ofensiva também não rendeu muitos frutos – duas primeiras descidas; e Zoltan Mesko (Jogador romeno, com passagens pelos Patriots e Steelers, contratado esta semana como Punter para substituir a “lenda” Shawn Powell – que chutou um punt por 10 jardas contra os Ravens na última rodada) devolveu a bola para San Diego.


Mas já na próxima campanha, Phillip Rivers mostrou que estava em uma tarde inspirada – e com grandes passes para Ladarius Green e Danny Woodhead, conseguiu levar a equipe auri-celeste à linha de cinco jardas do campo de ataque – facilitando o TD do “Cabeça de Madeira”. Após o chute de Extra Point, Chargers na frente: 00 x 07...

O 2º Quarto começou de modo bizarro: Andy Dalton sofreu um fumble na linha de 46 jardas do nosso campo de defesa; mas por sorte, o Ruivo mesmo recuperou a bola! Era um indício de uma longa tarde para a torcida dos Bengals...

Somente na terceira campanha ofensiva é que Cincinnati acordou! Alternando corridas de BenJarvus Green-Ellis e Giovani Bernard, os Bengals cruzaram o campo numa campanha de pouco mais de seis minutos; e Jermaine Gresham recebeu passe curto (04 jardas) para invadir a End Zone! Tudo igual no placar: 07 x 07!


A quarta campanha ofensiva dos Chargers também não rendeu sequer uma primeira descida; e faltando 03:37 para o intervalo, os Bengals teriam uma nova chance para virar o placar! Desta vez, o foco do ataque foi o jogo aéreo – mas como A.J. Green estava sempre marcado por dois ou três atletas; o jeito foi mirar em Marvin Jones... e Jones brilhou! Nosso camisa nº 82 recebeu um passe longo (49 jardas) de Andy Dalton; e só foi derrubado na linha de 16 do campo de ataque!


Após a parada do Two-Minute Warning, o Ruivo fez um passe curto para Gio Bernard – e nosso garoto “atrevido” começou a driblar a marcação e a avançar rumo à End Zone para virar o placar... quando Donald Butler acertou a bola e forçou um fumble, faltando apenas quatro jardas para nosso TD; sendo recuperado pelo Cornerback Richard Marshall...


Por sorte, nossa defesa trabalhou bem – e gastando nossos três “tempos” para travar o relógio, conseguimos recuperar a bola para uma última campanha ofensiva do primeiro tempo (faltando 01:14 para o intervalo).

Andy Dalton, claro, arriscou passes... e os Bengals conseguiram chegar à marca de 28 jardas do campo de ataque; faltando dois segundos para acabar o primeiro tempo. Daí, Mike Nugent conseguiu converter um FG de 46 jardas!

Bengals 10 x 07 Chargers!


O 3º Quarto começou com uma excelente corrida de BJGE de 12 jardas; mas Dalton voltou a arriscar passes (sem sucesso); e a campanha terminou com o Ruivo sendo derrubado atrás da linha de scrimmage...

San Diego também apostou nos passes curtos, mas diferentemente de Dalton, Rivers estava com uma pontaria excelente – e dez jogadas depois, Lardarius Green recebeu um passe de quatro jardas para virar o placar...

Bengals 10 x 14 Chargers...


Segundo a mal-fadada Lei de Murphy: o que está ruim pode piorar! E muito! Andy Dalton foi para mais um “shotgun”; mas não encontrou nenhum alvo “descoberto”... O jeito foi correr com a bola – e o Ruivo é muito bom nisso! Conseguiu conquistar 12 jardas; mas o novato Jahleel Addae forçou o fumble e recuperou a bola para os Californianos na marca de 46 do campo de ataque...

Apesar do bom trabalho de nossa defesa, cedendo poucas jardas por tentativa, prevaleceu a máxima “água mole, pedra dura, tanto bate até que fura!”. E embora não tenha sido um desastre completo, Nick Novak chutou um FG curto, de 25 jardas, para ampliar a vantagem dos visitantes: Bengals 10 x 17 Chargers...

Estava complicado mas ainda era possível vencer! Afinal, faltando 02:00 para o fim do 3º Quarto e jogando em casa; a diferença de apenas uma posse de bola é razoável...

Mas o Ruivo continuou apostando nos passes...


E numa 3ª para 08, na linha de 26 do nosso campo de defesa, Dalton tentou um passe curto para Mohamed Sanu... mas no meio do caminho estava Shareece Wright! E o Cornerback não apenas interceptou, como também retornou por 30 jardas – só sendo derrubado pelo próprio Sanu na marca de 03 jardas do campo de ataque!

Mais uma vez, a defesa de Cincinnati “salvou o dia” – e os visitantes tiveram que se contentar com outro FG curto (este de 23 jardas)...

Bengals 10 x 20 Chargers...


Perdendo por duas posses de bola no começo do último Quarto; Andy Dalton continuou forçando passes... um atrás do outro! Desta vez, porém, a torcida se encheu de esperanças – e a campanha que começou na linha de 11 jardas do campo de defesa já estava posicionada em uma 1ª para 10 na marca de 35 do campo de ataque!

Mas o Ruivo voltou a errar feio...

Melvin Ingram, talentoso Linebacker segundo-anista, interceptou o passe de Dalton para Tyler Eifert; e San Diego retomou a bola já no campo de ataque... mais uma vez!


Apesar da excelente posição de campo, os Chargers adotaram uma política “conservadora” – o que facilitou o trabalho de nossa defesa; que conseguiu devolver a bola para Cincinnati, faltando pouco mais de oito minutos para acabar o jogo!

Como o relógio era nosso maior inimigo e os Bengals começaram na linha de 12 do campo de defesa; só nos restava acreditar nos passes de Andy Dalton! E o Ruivo até que foi bem – variando os alvos e conquistando bons avanços; até a linha de 41 da defesa rival...

Desta vez, pelo menos, não houve interceptação...

Só uma jogada idiota mesmo!

4ª para 03 jardas, faltando 04:50 para terminar o jogo, com os Bengals perdendo por duas posses de bola...

É claro que Cincinnati tentaria a conversão!

Afinal de contas, estávamos muito longe para chutar um FG...

Mas o que qualquer um faria numa situação dessas?

Claro... colocaria a bola nas mãos de BJGE e rezaria para que o “trator” conquistasse estas três jardas, certo?


Pois é... Eu faria isso! Você, caro leitor, faria isso! Até meu avô, que provavelmente nunca viu uma bola oval na vida, faria isso!

Mas não o nosso Treinador Marvin Lewis! Não o nosso Coordenador Ofensivo Jay Gruden! Lógico que não! Afinal, eles são “gênios”, correto?


E lá foi Andy Dalton tentar um quase “Hail Mary” para Marvin Jones...

Obviamente não funcionou!

E San Diego retomou a bola, faltando 04:44 para acabar o jogo...

Assim como aconteceu no primeiro tempo, os Chargers foram conservadores e tentaram três “corridas” – cientes de que uma primeira descida bastaria para liquidar a partida! E Cincinnati, sem nada a perder, apostou mais uma vez em sua defesa... paralisando o cronômetro três vezes com seus “tempos”!

Assim como aconteceu no primeiro tempo... funcionou! E os Bengals tentariam uma última investida – faltando 04:22 para o fim da partida (mas sem “tempos” para pedir!).

Mais uma vez Dalton forçou passes...

Mais uma vez não deu em nada!


E os Chargers receberam a bola na marca de 40 do campo de defesa, faltando 03:07 para acabar o jogo...

As arquibancadas do Paul Brown Stadium já estavam vazias...

Estava claro que o sonho havia acabado...


Mas poderia ficar pior... e ficou!

O experiente Running Back Ronnie Brown (precisava ter este sobrenome?), que marcou época na segunda metade da década passada jogando pelos Dolphins (e depois vestiu a camisa dos Eagles, antes de chegar aos Chargers em 2012); recebeu a bola na linha de 42 jardas do campo de defesa e correu por 58 jardas – para anotar o último TD da partida! Este foi o TD corrido mais longo sofrido pelos Bengals na pós-temporada...


Nick Novak, convertendo o Extra Point, jogou a “pá de cal” sobre a campanha de Cincinnati... que perdeu por 27 x 10!

A última campanha de Cincinnati terminou na marca de seis jardas do campo de ataque; de forma melancólica, simbolizando um pouco do que foi esta temporada! Grandes avanços... mas na hora da decisão, os erros pesaram e “morremos na praia”...

Mais uma vez!

Com mais esta derrota, os Bengals igualam o sexto maior “jejum” de vitórias na pós-temporada da história da NFL (a última alegria da torcida de Cincinnati aconteceu nos playoffs de 1990 contra o Houston Oileres, no antigo Riverfront Stadium, por 41 x 14). Só para se ter uma idéia de quanto tempo faz: nem o Riverfront Stadium e nem os Oilers existem atualmente! Aliás, em 1990, o Presidente do Brasil era o Fernando Collor de Mello; os aparelhos de televisão à cores eram um “luxo”; “internet” mal passava de uma curiosa novidade dissecada pela revista Superinteressante; e a Seleção Brasileira de Futebol ainda era tri-campeã do mundo! Se enveredarmos pelos gramados brasileiros, veremos que o Corinthians acabava de conquistar seu primeiro campeonato nacional; e o SPFC sequer havia conquistado a sua primeira Libertadores da América!


É, meus amigos... faz tempo!

Andy Dalton, que levou os Bengals aos playoffs em seus três primeiros anos como profissional (e a equipe foi derrotada três vezes na Rodada de Wild Card – feito inédito na história da NFL); estava visivelmente abatido após a partida:

- Não importa o que você faça durante a temporada regular se você não for bem nos playoffs... É decepcionante... Fizemos muitas coisas boas este ano, mas perdemos em casa e teremos que carregar esta mágoa até o início da próxima temporada...


Outro sob grande pressão é o Treinador Marvin Lewis – que nos onze anos à frente da equipe de Cincinnati, perdeu todas as cinco partidas de pós-temporada que disputou! Quem acompanha as postagens deste blog sabe que, ao longo das últimas duas temporadas, fiz críticas contundentes ao seu trabalho (e principalmente ao seu excessivo “conservadorismo”). Evidentemente, não se trata de desmerecer o profissional Lewis (que assumiu a “pior franquia da NFL” e, em diversas oportunidades, teve que “recomeçar do zero” – enfrentando muitas crises nesta última década). Mas acredito que, graças ao seu próprio trabalho, os Bengals são, hoje, uma equipe forte da NFL (apenas cinco times conseguiram chegar aos playoffs por três vezes nos últimos três anos – e somos um deles!); e como tal, precisam de um “capitão” preparado para ousar mais...

É preciso perder esta mentalidade de “time pequeno” e deixar a equipe voar!

Phillip Rivers, na entrevista coletiva pós-jogo, resumiu a postura de sua equipe e não deixou de criticar o “salto alto” dos Bengals:

- Nós estávamos confiantes e sabíamos que podíamos vencê-los! Estudamos nossos erros e treinamos bastante para aprimorar nossos pontos fracos! E o mesmo vale para o próximo jogo, contra Denver... Só é preciso tomar cuidado para não entrar em campo confiantes demais! Sabemos que o favoritismo é todo dos Broncos... Assim como era dos Bengals na partida de hoje, pois eles foram ao nosso Estádio e nos derrotaram a cinco semanas... A verdade é que a forma como a nossa defesa jogou nos garantiria um bom resultado sob quaisquer circunstâncias de jogo... Então só precisávamos tomar conta da bola para não fazer nenhuma grande besteira no ataque! Esta postura conservadora pode não encantar a torcida, mas certamente nos rendeu bons frutos hoje...


Eric Weddle, um dos destaques da linha defensiva dos Chargers, também estava empolgado após a vitória:

- Foi uma loucura! Entramos confiantes e sabíamos que esta seria a nossa vez! Nós temos uma equipe incrível e, principalmente no segundo tempo, conseguimos dominar a partida, pressionando bastante nossos adversários! Conseguimos manter Andy sob pressão e tirá-lo de sua zona de conforto! Nós o derrubamos algumas vezes e conseguimos forçar grandes turnovers; que foram decisivos para o resultado final!


Justiça seja feita: San Diego foi mesmo melhor!

Sua defesa, de fato, anulou a conexão Dalton-Green (A.J. Green terminou a partida com três recepções e apenas 34 jardas) e manteve o “Red Rifle” pressionado – forçando passes ruins e subjugando nossa linha ofensiva. Em certos lances, parecia que o “pocket” não existia e o Ruivo estava completamente desprotegido! Se o ataque dos Chargers não foi brilhante (fato reconhecido por Rivers); foi ao menos eficiente – e “de grão em grão, a galinha azul e amarela encheu o papo”!

Mas é claro que a derrota passa por outra péssima atuação de Dalton!

Na pós-temporada, em três jogos disputados, o Ruivo tem três derrotas – acertou 70 de 123 passes tentados (aproveitamento de 56,9%); conquistando 718 jardas; com apenas 01 passe para TD e 06 Interceptações! Aliás, é o grande número de Interceptações que o fazem ser um QB tão questionado – apesar dos demais índices estarem muito acima da média!

Claro que seus erros podem ser creditados à sua inexperiência (afinal, ainda está no seu terceiro ano como profissional e, desde o início, carrega sob os ombros a responsabilidade de conduzir uma equipe talentosa; mas que sempre fraqueja nos momentos decisivos). Também podem ser creditados ao Técnico e Coordenador Ofensivo (que nem sempre fazem boas escolhas de jogadas). E até a linha ofensiva carrega sua parcela de culpa – pois não vem protegendo-o adequadamente no pocket...

Mas a verdade é que todos nós, torcedores dos Bengals, estamos sem paciência!

Sabemos que temos um excelente time (até porque poucos conseguem terminar uma temporada regular com 11 vitórias – mesmo enfrentando uma das tabelas mais complicadas). Reconhecemos que Dalton é talentoso e terá um futuro brilhante na NFL. Sabemos que nosso ataque é um dos mais versáteis da Liga. E a nossa defesa é a melhor dentre todos os times classificados para esta pós-temporada!

E mesmo assim... não podemos confiar em vitórias!

Mesmo contra adversários claramente inferiores!

E esta “falta de confiança” acaba envenenando o coração...


Exatamente como o marido de uma esposa devassa...


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