Bem vindos à Ohio,
um dos cinqüenta estados que compõem os Estados Unidos da América, localizado
no meio-oeste, próximo à fronteira com o Canadá. A palavra “Ohio” (leia-se “Orraio”!) tem origem indígena, e significa “Grande Rio” – em homenagem ao Rio
Ohio. Trata-se de um dos principais pólos industriais do país, e sete
presidentes norte-americanos nasceram e cresceram no estado – além de Thomas A. Edison; os Irmãos Wright e o astronauta Neil Armstrong (a primeira pessoa a
pisar na lua).
Mas se você veio até este Blog, provavelmente quer saber
mais sobre a tradição esportiva de Ohio, correto?
Atualmente, o Estado possui representantes em todas as
principais ligas esportivas dos EUA. São eles:
·
Futebol (Major League Soccer – MLS – com o Columbus Crew);
·
Basquete (National Basketball Association – NBA – com o Cleveland Cavaliers);
·
Hóquei no Gelo (National Hockey League – NHL – com o Columbus Blue Jackets);
·
Beisebol (Major League Baseball – MLB - com o Cleveland Indians e o Cincinnatti
Reds);
·
Futebol Americano Universitário (National
Collegiate Athletic Association – NCAA
- com o Ohio State Buckeyes);
·
E, claro, o Futebol Americano Profissional (National
Football League – NFL - com
os arquirrivais Cleveland Browns
e o Cincinnatti Bengals).
Embora a capital do Estado seja Columbus, as duas maiores
e mais prósperas cidades de Ohio são Cleveland e Cincinnatti – o que, por
si só, garante uma rivalidade “natural”. Mas na segunda metade do século XX,
com o desenvolvimento das ligas esportivas (principalmente a MLB e a NFL), esta rivalidade aflorou e hoje extrapolou as fronteiras de
Ohio!
Curiosamente, o Cincinnatti
Bengals nasceu graças aos esforços do lendário treinador Paul
Brown, fundador e treinador de seu principal rival – Cleveland Browns (batizado em
homenagem ao Paul Brown!).
Paul Brown inovou com seus métodos de treinamento, seus planos
de jogo (com ênfase em passes e jogadas aéreas) e visão empresarial extra campo;
transformando o Cleveland Browns em uma das equipes mais vencedoras da história
do futebol americano, conquistando sete títulos entre os anos de 1946 e 1962. Em 1961, Brown vendeu sua quota do
time para o milionário Art Modell e acabou despedido em 1963.
Em 1966, o então governador de Ohio, James
Rhodes, convenceu Brown a liderar um grupo de
investidores de Cincinnatti, de modo a usar seu prestígio junto à liga para
trazer uma segunda franquia para o Estado. Em princípio, a NFL foi contra; mas outra liga, chamada AFL (American Football League) aceitou o time, por “míseros” U$S 10 milhões de verdinhas...
Não era o ideal, mas como a AFL estava negociando sua fusão com a NFL, a nova equipe conseguiria seu ingresso na principal liga
profissional do país em pouco tempo!
Outro problema para o time seria a falta de um estádio
moderno, com maior capacidade de estacionamento do que o velho Crosley
Field, lar do Cincinnatti Reds (da MLB), em uso desde 1912. A solução foi o investimento pesado do Governo de Ohio e
autoridades locais, que optaram pela construção de uma nova arena multiuso, que
ficaria pronta para a temporada de 1970, e seria chamada de Riverfront
Stadium.
Sim! Ou vocês acham que investimento público para
construções de estádios é uma invenção brasileira? Tolinhos...
O ano de 1970 também marcou a fusão entre a NFL e a AFL; e para equilibrar a tabela, o Cleveland Browns foram
transferidos para a Conferência
Americana, formada principalmente por equipes oriundas da AFL; e geograficamente acabaram na Divisão Central – a mesma dos
jovens Tigres de Bengala de Cincinnatti...
Obviamente, a rivalidade entre as duas equipes de Ohio
surgiu instantaneamente, alimentada por Paul Brown e Art Modell, mas também
herdada do basebol entre Indians e Reds (além da rivalidade
econômica entre as duas principais cidades do Estado...).
Na sua primeira temporada, disputada em 1968, a equipe conquistou apenas três vitórias (contra Denver,
Buffalo
e Miami)
e onze derrotas.
Tal como fizera em Cleveland, Paul Brown foi o
treinador e o dono da equipe durante suas primeiras oito temporadas.
A campanha de 1970,
a primeira após a fusão, foi também a primeira boa campanha dos Bengals – conquistando o título da Divisão
Central, com oito vitórias e seis derrotas. Nos playoffs da
pós-temporada, porém, acabou derrotado fora de casa por 17x00 pelo Baltimore
Colts (atual Indianápolis Colts).
Nesta temporada, houve dois grandes jogos entre os rivais: o
primeiro, em Cleveland, no dia 11 de Outubro de 1970, acabou com vitória dos
Browns
por 30x27, diante de 83.520 espectadores (tamanho o interesse do público ante a
rivalidade). Mas os Bengals deram o troco em casa, no dia 15 de Novembro,
vencendo-os por 14x10 no Riverfront lotado (com mais de 60
mil torcedores presentes).
Em 1973, os
felinos voltaram a conquistar o título de sua Divisão, com uma campanha de dez
vitórias e quatro derrotas, mas novamente foram derrotados no primeiro jogo da
pós-temporada, em Miami, por 34x16 ante os campeões Dolphins.
E em 1975,
fizeram sua melhor campanha até então, com onze vitórias e três derrotas, mas
para variar, foram despachados no primeiro jogo dos playoffs, fora de casa,
contra o Oakland Raiders (por 31x28).
Depois da era Paul Brown, a equipe não conseguiu
voltar à pós-temporada até a brilhante campanha de 1981, sob a direção do treinador
Forrest
Gregg, que lhe garantiu o quarto título da Divisão Central e também
a melhor campanha da AFC, com 12
vitórias e 04 derrotas.
Desta vez, a equipe derrotou em casa o favorito Buffalo
Bills por 28x21; e na final da Conferência, disputada no dia 10 de
Janeiro de 1982, humilhou o San Diego Chargers, com uma vitória fácil
por 27x07, no que foi considerada a partida mais fria da história da NFL (com a
temperatura marcando nove graus abaixo de zero e com a sensação climática de
-19)!
Pela primeira vez na história, o Cincinnatti iria disputar
o Superbowl (edição XVI). Mas do outro
lado havia um certo San Francisco 49ers, treinado por Bill Walsh e com um
quarterback chamado Joe Montana (conhecem?). Obviamente, a “zebra laranja e preta”
não agüentou e foi derrotada por 26x21 em Pontiac, Estado de Michigan.
No ano seguinte (1982),
os Bengals
voltaram à pós-temporada, mas acabaram derrotados pelo New York Jets já na
primeira partida dos playoffs, por um sonoro 44x17.
O Cincinnatti não conseguiu voltar aos
playoffs até a temporada de 1988, quando o treinador Sam Wyche levou a equipe
a seu segundo Superbowl. Novamente conseguiu uma campanha de 12 vitórias e 04
derrotas; e na pós-temporada, derrubou o Seattle por 21x13 e o Búffalo
por 21x10, conquistando o segundo título da AFC de sua história; e o direito à revanche contra o 49ers
– desta vez em Miami, na Flórida.
Desta vez, os Bengals contavam com bons (e
experientes) jogadores, como Anthony Muñoz, Boomer Esiason, Eddie
Brown e James Brooks; e a equipe californiana já não era o “bicho papão” de 1982 (embora continuasse favorita ao título do Superbowl XXIII).
E o favoritismo se confirmou, com a vitória do 49ers
por 20x16...
Em 1990, os Bengals
conquistaram o título da Divisão com 09 vitórias e 07 derrotas. Nos playoffs,
derrotaram em casa o Houston Oilers (atual Tennessee
Titans) por um surpreendente 41x14; mas foram derrotados na final da AFC pelos Raiders (que na época jogavam
em Los
Angeles) pelo placar de 20x10.
Paul Brown faleceu em 1990, pouco depois da participação
dos Bengals
nestes playoffs. Alguns meses antes, havia transferido o controle da equipe
para seu filho, Mike Brown, a quem coube conduzir o time durante sua pior fase –
14 temporadas com mais derrotas do que vitórias...
Em diferentes ocasiões, Cincinnatti teve a pior campanha da
liga – e nem mesmo a primeira opção no Draft do ano seguinte resultou em
melhores campanhas. Uma honrosa exceção coube ao quarterback Carlson
Palmer (atualmente no Oakland Raiders), draftado como
primeira escolha em 2003 e que melhorou sensivelmente o ataque da equipe –
recolocando o time no caminho das vitórias...
Os Tigres tiveram que aguardar 16
temporadas até 2005, quando
conquistaram 11 vitórias e 05 derrotas – campanha idêntica a do Pittsbourgh,
mas que lhe rendeu o título da Divisão Norte da AFC (sua nova
divisão a partir de 2002) pelos critérios de desempate. Porém, nos playoffs,
acabaram derrotados em casa (já no Paul Brown Stadium, inaugurado na
campanha de 2000) pelos Steelers por 31x17.
Em 2009, após uma
surpreendente campanha de 10 vitórias e 06 derrotas, a equipe conquistou
novamente o título da AFC North, contando com a ajuda de
bons jogadores como o midiático Chad Ochocinco, o brilhante Cedric
Benson e o (agora) experiente Palmer. Mas na primeira rodada dos
playoffs, foi derrotado em casa, por 24x14, pelo NY Jets.
Em 2010, todos
apostavam que o Cincinnatti faria uma boa campanha, pois manteve suas estrelas
e trouxe jogadores experientes e talentosos como Terrell Owens, Jermaine
Grasham, Carlos Dunlap e Jerome Simpson... Mas o time fez uma
péssima campanha, com apenas 04 vitórias e 12 derrotas (10 consecutivas!),
deixando a torcida impaciente e o clima péssimo! Ao final da temporada, até o
líder da equipe (e até então calmo) Carlson Palmer explodiu, vindo a
público reclamar de Mike Brown e exigindo publicamente a rescisão de seu contrato...
Mike Brown rescindiu o contrato de todas as “estrelinhas” (algumas
trocadas “por um pastel e um caldo de cana”) e apostou em uma equipe
renovada, confiando o ataque da equipe para uma dupla de novatos (A.J.
Green e Andy Dalton).
Tinha tudo para dar errado, e a torcida já se preparava para
outra campanha pífia em 2011...
...mas os novatos foram brilhantes!
Os Bengals terminaram na terceira
colocação de sua Divisão, com 09 vitórias e 07 derrotas, mas suas 05 vitórias
conquistadas longe de Cincinnatti (contra Cleveland,
Jacksonville,
Seattle,
Tennessee
e St.
Louis), além dos confrontos diretos contra Arizona, Cleveland,
Indianápolis
e Buffalo;
foram cruciais nos critérios de desempate, garantindo o retorno da equipe à
pós-temporada.
Na partida decisiva contra o Houston Texans, fora de
casa, faltou experiência para o ruivo Andy Dalton, que errou passes
decisivos e a equipe foi derrotada por 31x10. Mas o resultado foi o menos
importante para a torcida, que ficou orgulhosa por seus “Baby Bengals” e
esperançosa para a temporada 2012...
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