quarta-feira, 30 de maio de 2012

Breve História dos Bengals


Bem vindos à Ohio, um dos cinqüenta estados que compõem os Estados Unidos da América, localizado no meio-oeste, próximo à fronteira com o Canadá. A palavra “Ohio” (leia-se “Orraio”!) tem origem indígena, e significa “Grande Rio” – em homenagem ao Rio Ohio. Trata-se de um dos principais pólos industriais do país, e sete presidentes norte-americanos nasceram e cresceram no estado – além de Thomas A. Edison; os Irmãos Wright e o astronauta Neil Armstrong (a primeira pessoa a pisar na lua).

Mas se você veio até este Blog, provavelmente quer saber mais sobre a tradição esportiva de Ohio, correto?

Atualmente, o Estado possui representantes em todas as principais ligas esportivas dos EUA. São eles:

·         Futebol (Major League SoccerMLS – com o Columbus Crew);

·         Basquete (National Basketball AssociationNBA – com o Cleveland Cavaliers);

·         Hóquei no Gelo (National Hockey LeagueNHL – com o Columbus Blue Jackets);

·         Beisebol (Major League BaseballMLB - com o Cleveland Indians e o Cincinnatti Reds);

·         Futebol Americano Universitário (National Collegiate Athletic AssociationNCAA - com o Ohio State Buckeyes);

·         E, claro, o Futebol Americano Profissional (National Football LeagueNFL - com os arquirrivais Cleveland Browns e o Cincinnatti Bengals).

Embora a capital do Estado seja Columbus, as duas maiores e mais prósperas cidades de Ohio são Cleveland e Cincinnatti – o que, por si só, garante uma rivalidade “natural”. Mas na segunda metade do século XX, com o desenvolvimento das ligas esportivas (principalmente a MLB e a NFL), esta rivalidade aflorou e hoje extrapolou as fronteiras de Ohio!

Curiosamente, o Cincinnatti Bengals nasceu graças aos esforços do lendário treinador Paul Brown, fundador e treinador de seu principal rival – Cleveland Browns (batizado em homenagem ao Paul Brown!).

Paul Brown inovou com seus métodos de treinamento, seus planos de jogo (com ênfase em passes e jogadas aéreas) e visão empresarial extra campo; transformando o Cleveland Browns em uma das equipes mais vencedoras da história do futebol americano, conquistando sete títulos entre os anos de 1946 e 1962. Em 1961, Brown vendeu sua quota do time para o milionário Art Modell e acabou despedido em 1963.

Em 1966, o então governador de Ohio, James Rhodes, convenceu Brown a liderar um grupo de investidores de Cincinnatti, de modo a usar seu prestígio junto à liga para trazer uma segunda franquia para o Estado. Em princípio, a NFL foi contra; mas outra liga, chamada AFL (American Football League) aceitou o time, por “míseros” U$S 10 milhões de verdinhas...

Não era o ideal, mas como a AFL estava negociando sua fusão com a NFL, a nova equipe conseguiria seu ingresso na principal liga profissional do país em pouco tempo!

Outro problema para o time seria a falta de um estádio moderno, com maior capacidade de estacionamento do que o velho Crosley Field, lar do Cincinnatti Reds (da MLB), em uso desde 1912. A solução foi o investimento pesado do Governo de Ohio e autoridades locais, que optaram pela construção de uma nova arena multiuso, que ficaria pronta para a temporada de 1970, e seria chamada de Riverfront Stadium.

Sim! Ou vocês acham que investimento público para construções de estádios é uma invenção brasileira? Tolinhos...

O ano de 1970 também marcou a fusão entre a NFL e a AFL; e para equilibrar a tabela, o Cleveland Browns foram transferidos para a Conferência Americana, formada principalmente por equipes oriundas da AFL; e geograficamente acabaram na Divisão Central – a mesma dos jovens Tigres de Bengala de Cincinnatti...

Obviamente, a rivalidade entre as duas equipes de Ohio surgiu instantaneamente, alimentada por Paul Brown e Art Modell, mas também herdada do basebol entre Indians e Reds (além da rivalidade econômica entre as duas principais cidades do Estado...).

Na sua primeira temporada, disputada em 1968, a equipe conquistou apenas três vitórias (contra Denver, Buffalo e Miami) e onze derrotas.
Tal como fizera em Cleveland, Paul Brown foi o treinador e o dono da equipe durante suas primeiras oito temporadas.

A campanha de 1970, a primeira após a fusão, foi também a primeira boa campanha dos Bengals – conquistando o título da Divisão Central, com oito vitórias e seis derrotas. Nos playoffs da pós-temporada, porém, acabou derrotado fora de casa por 17x00 pelo Baltimore Colts (atual Indianápolis Colts).

Nesta temporada, houve dois grandes jogos entre os rivais: o primeiro, em Cleveland, no dia 11 de Outubro de 1970, acabou com vitória dos Browns por 30x27, diante de 83.520 espectadores (tamanho o interesse do público ante a rivalidade). Mas os Bengals deram o troco em casa, no dia 15 de Novembro, vencendo-os por 14x10 no Riverfront lotado (com mais de 60 mil torcedores presentes).

Em 1973, os felinos voltaram a conquistar o título de sua Divisão, com uma campanha de dez vitórias e quatro derrotas, mas novamente foram derrotados no primeiro jogo da pós-temporada, em Miami, por 34x16 ante os campeões Dolphins.

E em 1975, fizeram sua melhor campanha até então, com onze vitórias e três derrotas, mas para variar, foram despachados no primeiro jogo dos playoffs, fora de casa, contra o Oakland Raiders (por 31x28).

Depois da era Paul Brown, a equipe não conseguiu voltar à pós-temporada até a brilhante campanha de 1981, sob a direção do treinador Forrest Gregg, que lhe garantiu o quarto título da Divisão Central e também a melhor campanha da AFC, com 12 vitórias e 04 derrotas.

Desta vez, a equipe derrotou em casa o favorito Buffalo Bills por 28x21; e na final da Conferência, disputada no dia 10 de Janeiro de 1982, humilhou o San Diego Chargers, com uma vitória fácil por 27x07, no que foi considerada a partida mais fria da história da NFL (com a temperatura marcando nove graus abaixo de zero e com a sensação climática de -19)!

Pela primeira vez na história, o Cincinnatti iria disputar o Superbowl (edição XVI). Mas do outro lado havia um certo San Francisco 49ers, treinado por Bill Walsh e com um quarterback chamado Joe Montana (conhecem?). Obviamente, a “zebra laranja e preta” não agüentou e foi derrotada por 26x21 em Pontiac, Estado de Michigan.
No ano seguinte (1982), os Bengals voltaram à pós-temporada, mas acabaram derrotados pelo New York Jets já na primeira partida dos playoffs, por um sonoro 44x17.

O Cincinnatti não conseguiu voltar aos playoffs até a temporada de 1988, quando o treinador Sam Wyche levou a equipe a seu segundo Superbowl. Novamente conseguiu uma campanha de 12 vitórias e 04 derrotas; e na pós-temporada, derrubou o Seattle por 21x13 e o Búffalo por 21x10, conquistando o segundo título da AFC de sua história; e o direito à revanche contra o 49ers – desta vez em Miami, na Flórida.

Desta vez, os Bengals contavam com bons (e experientes) jogadores, como Anthony Muñoz, Boomer Esiason, Eddie Brown e James Brooks; e a equipe californiana já não era o “bicho papão” de 1982 (embora continuasse favorita ao título do Superbowl XXIII).

E o favoritismo se confirmou, com a vitória do 49ers por 20x16...

Em 1990, os Bengals conquistaram o título da Divisão com 09 vitórias e 07 derrotas. Nos playoffs, derrotaram em casa o Houston Oilers (atual Tennessee Titans) por um surpreendente 41x14; mas foram derrotados na final da AFC pelos Raiders (que na época jogavam em Los Angeles) pelo placar de 20x10.

Paul Brown faleceu em 1990, pouco depois da participação dos Bengals nestes playoffs. Alguns meses antes, havia transferido o controle da equipe para seu filho, Mike Brown, a quem coube conduzir o time durante sua pior fase – 14 temporadas com mais derrotas do que vitórias...

Em diferentes ocasiões, Cincinnatti teve a pior campanha da liga – e nem mesmo a primeira opção no Draft do ano seguinte resultou em melhores campanhas. Uma honrosa exceção coube ao quarterback Carlson Palmer (atualmente no Oakland Raiders), draftado como primeira escolha em 2003 e que melhorou sensivelmente o ataque da equipe – recolocando o time no caminho das vitórias...

Os Tigres tiveram que aguardar 16 temporadas até 2005, quando conquistaram 11 vitórias e 05 derrotas – campanha idêntica a do Pittsbourgh, mas que lhe rendeu o título da Divisão Norte da AFC (sua nova divisão a partir de 2002) pelos critérios de desempate. Porém, nos playoffs, acabaram derrotados em casa (já no Paul Brown Stadium, inaugurado na campanha de 2000) pelos Steelers por 31x17.

Em 2009, após uma surpreendente campanha de 10 vitórias e 06 derrotas, a equipe conquistou novamente o título da AFC North, contando com a ajuda de bons jogadores como o midiático Chad Ochocinco, o brilhante Cedric Benson e o (agora) experiente Palmer. Mas na primeira rodada dos playoffs, foi derrotado em casa, por 24x14, pelo NY Jets.

Em 2010, todos apostavam que o Cincinnatti faria uma boa campanha, pois manteve suas estrelas e trouxe jogadores experientes e talentosos como Terrell Owens, Jermaine Grasham, Carlos Dunlap e Jerome Simpson... Mas o time fez uma péssima campanha, com apenas 04 vitórias e 12 derrotas (10 consecutivas!), deixando a torcida impaciente e o clima péssimo! Ao final da temporada, até o líder da equipe (e até então calmo) Carlson Palmer explodiu, vindo a público reclamar de Mike Brown e exigindo publicamente a rescisão de seu contrato...

Mike Brown rescindiu o contrato de todas as “estrelinhas” (algumas trocadas “por um pastel e um caldo de cana”) e apostou em uma equipe renovada, confiando o ataque da equipe para uma dupla de novatos (A.J. Green e Andy Dalton).

Tinha tudo para dar errado, e a torcida já se preparava para outra campanha pífia em 2011...

...mas os novatos foram brilhantes!

Os Bengals terminaram na terceira colocação de sua Divisão, com 09 vitórias e 07 derrotas, mas suas 05 vitórias conquistadas longe de Cincinnatti (contra Cleveland, Jacksonville, Seattle, Tennessee e St. Louis), além dos confrontos diretos contra Arizona, Cleveland, Indianápolis e Buffalo; foram cruciais nos critérios de desempate, garantindo o retorno da equipe à pós-temporada.

Na partida decisiva contra o Houston Texans, fora de casa, faltou experiência para o ruivo Andy Dalton, que errou passes decisivos e a equipe foi derrotada por 31x10. Mas o resultado foi o menos importante para a torcida, que ficou orgulhosa por seus “Baby Bengals” e esperançosa para a temporada 2012...

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