Aula de História – Capítulo 10 (2007 a 2010): Tigres Enjaulados...

Em 31 de Março de 2014, Orson Charles foi detido pela polícia rodoviária de Richmond, no Estado de Kentucky. Segundo o site da ESPN norte-americana, nosso Fullback perseguiu e ameaçou (com uma arma de fogo) um motorista que havia lhe fechado na Rodovia Interestadual nº 75.

Esta foi a 42ª prisão de atletas dos Bengals desde o ano 2000...

Entre 2002 (ano em que Marvin Lewis assumiu a equipe) e 2010 (última temporada antes da Era Dalton-Green); foram 24 detenções de 18 atletas que vestiam a camisa de Cincinnati - isto sem falar nos inúmeros casos de indisciplina e punições administrativas impostas pela NFL...

Não que os elencos atuais dos Bengals sejam compostos apenas por "bons moços" (já que entre 2011 e 2014 tivemos 10 prisões de 08 jogadores); mas é evidente que a Diretoria de Cincinnati está tentando "virar a página" e mudar a fama de "reduto de criminosos" adquirida nas últimas décadas!

Adam Bernard Jones é o melhor exemplo desta "geração de bad boys" (garotos pobres que assinam contratos milionários, cercados de péssimas influências, que passam a viver "acima do bem e do mal" - desafiando a polícia e os limites do sistema legal). Mas Pacman é exceção no elenco atual! A maioria dos jogadores de Cincinnati evitam os holofotes da mídia e buscam manter-se longe de problemas...

Algo bem diferente do que ocorria entre 2005 e 2010!

Para entender melhor esta época, peço licença aos leitores habituais deste blog e aviso: este será um post gigantesco (e consequentemente cansativo)! Afinal, vamos conhecer a biografia de quatro ícones da história recente dos Bengals; além de continuar pontuando as temporadas de 2007 a 2010...

Nos Capítulos anteriores, citamos várias vezes o nome de Chad "Ochocinco" Johnson - Wide Receiver que liderou as estatísticas do jogo aéreo nesta década de renascimento do orgulho do time; e estabeleceu inúmeros recordes da equipe de Cincinnati! Confesso que é particularmente difícil escrever sobre ele - meu primeiro ídolo no futebol americano (e que contribuiu decisivamente para a minha paixão pelos Bengals); pois é impossível rotulá-lo segundo padrões pré-estabelecidos...

Mesmo tendo acompanhado boa parte de sua trajetória, até hoje não sei se ele é um gênio ou simplesmente louco...

Muito provavelmente ambos!

Chad Javon Johnson nasceu em 09 de Janeiro de 1978, em Miami, Flórida. Concluiu o ensino médio na Miami Beach Senior High School em 1997; e passou por duas Universidades (Langston University e Santa Monica College) antes de ser recrutado pela Oregon State University em 2000.

Jogando pelos Beavers ao lado de T.J. Houshmandzadeh, o Wide Receiver foi decisivo na campanha de 11 vitórias e 01 derrota – coroada com a vitória sobre a Universidade de Notre Dame no Fiesta Bowl daquele ano. E Johnson quebrou o recorde da “recepção mais longa para Touchdown” de Oregon St., ao receber um passe de 97 jardas na partida contra a Universidade de Stanford. O sucesso da dupla motivou a diretoria dos Bengals a recrutar ambos no Draft de 2001 (Chad na segunda rodada, posição nº 36; e T.J. na sétima rodada, posição nº 204).

Em sua temporada de estréia, Chad Johnson obteve números discretos: 28 recepções para 329 jardas e 01 TD. Seu desempenho melhorou em 2002 (69 recepções para 1.166 jardas e 05 TD’s). Mas foi em 2003, após a chegada de Marvin Lewis, que ele quebrou o recorde de jardas recebidas (1.355). Em 2004, ele recebeu 95 passes para 09 TD’s e 1.274 jardas (incluindo 117 jardas recebidas na vitória por 58 x 48 sobre o Cleveland Browns). E em 2005, ele foi ainda melhor: 1.432 jardas aéreas! Chad liderou as estatísticas relativas ao número de jardas recebidas na Conferência Americana por quatro anos consecutivos; e foi ao Pro Bowl em cinco anos seguidos (entre 2003 e 2007).

Em 2006, graças as sucessivas lesões, seu desempenho caiu. Nas primeiras oito semanas, só conseguiu anotar 02 TD’s e conquistar 483 jardas. Ameaçado de perder espaço no time titular, Chad deu duro nos treinamentos, e contra o San Diego Chargers, voltou a ser o grande atleta de outrora: 260 jardas e 02 TD’s! No jogo seguinte, contra os Saints, garantiu outras 190 jardas e mais 03 TD’s! Johnson terminou o ano com 87 recepções para 1.369 jardas e 07 TD’s – e foi o primeiro jogador da história dos Bengals a liderar as estatísticas de jardas recebidas na NFL!

Em 2007, as expectativas sobre o desempenho do Recebedor (e consequentemente da equipe) estavam extremamente elevadas - e a torcida esperava que o time (pelo menos) voltasse aos playoffs! E a esperança aumentou ainda mais, depois da bela vitória em casa (27 x 20 sobre o Baltimore Ravens), na primeira rodada da temporada regular...

Mas os Bengals decepcionaram a todos - perdendo sete dos nove jogos seguintes...

1ª Rodada – 10.09.2007 – Bengals 27 x 20 Ravens;

2ª Rodada – 16.09.2007 – Browns 51 x 45 Bengals;

3ª Rodada – 23.09.2007 – Seahawks 24 x 21 Bengals;

4ª Rodada – 01.10.2007 – Bengals 13 x 34 Patriots;

5ª Rodada – 14.10.2007 – Chiefs 27 x 20 Bengals;

6ª Rodada – 21.10.2007 – Bengals 38 x 31 Jets;

7ª Rodada – 28.10.2007 – Bengals 13 x 24 Steelers;

8ª Rodada – 04.11.2007 – Bills 33 x 21 Bengals;

9ª Rodada – 11.11.2007 – Ravens 07 x 21 Bengals;

10ª Rodada – 18.11.2007 – Bengals 27 x 35 Cardinals;

11ª Rodada – 25.11.2007 – Bengals 35 x 06 Titans;

12ª Rodada – 02.12.2007 – Steelers 24 x 10 Bengals;

13ª Rodada – 09.12.2007 – Bengals 19 x 10 Rams;

14ª Rodada – 15.12.2007 – 49ers 20 x 13 Bengals;

15ª Rodada – 23.12.2007 – Bengals 19 x 14 Browns;

16ª Rodada – 30.12.2007 – Dolphins 25 x 38 Bengals.

Apesar destas cinco vitórias nos últimos oito jogos; Cincinnati terminou o ano na terceira posição da AFC North (e mais uma vez assistiu pela televisão os jogos da pós-temporada). Mas é preciso ressaltar as marcas individuais alcançadas por seus atletas, tais como:

* Carson Palmer completou 373 passes em 575 tentativas; garantindo 4.131 jardas; com 26 TD's; 20 INT's; e Passer Rating de 86.7 - o "número de passes completados" e o "total de jardas conquistadas" foram os novos recordes históricos da equipe;

* T.J. Houshmandzadeh tornou-se o primeiro jogador dos Bengals a liderar as estatísticas de "número de passes recebidos" da NFL (112 recepções para 1.143 jardas e 12 TD's); além de estabelecer novo recorde histórico do time ("número de passes recebidos"); e com toda justiça, foi convocado para o Pro Bowl (ao lado de Chad Johnson);

* Shayne Graham, nosso Kicker, chutou 31 Field Goals, com aproveitamento de 91,2% (dois recordes em Cincinnati) - o que nos rendeu 130 pontos;

* Leon Hall, nossa primeira escolha no Draft, conseguiu 05 Interceptações em sua temporada de estréia - terminando empatado na liderança dos rankings de novatos da NFL daquele ano;

* Kenny Watson liderou o jogo terrestre, com 763 Jardas e 07 TD's em 178 corridas;

* Chad Johnson conquistou 1.440 jardas (quebrando sua marca de 2005); e terminou em terceiro lugar no ranking de recebedores da AFC. Ele e T.J. Houshmandzadeh consolidaram-se como a melhor dupla de recebedores da história dos Bengals - e pelo terceiro ano consecutivo, quebraram os recordes de passes recebidos (205) e de jardas conquistadas (2.583) juntos.

Nos playoffs, o New England Patriots (equipe de melhor campanha da Conferência Americana) passou sem grandes dificuldades pelo Jacksonville Jaguars (31 x 20) e pelo San Diego Chargers (21 x 12); mas no Super Bowl XLII, foi surpreendido pelo N.Y. Giants (equipe com a quinta melhor campanha da Conferência Nacional), pelo placar de 17 x 14 - numa das maiores zebras da história!

Chad não era apenas um recebedor eficiente, mas um jogador popular e midiático! Torcedores de Cincinnati o amavam – e os rivais diretos da AFC North o odiavam a cada “dancinha” ou “provocação” após o Touchdown!

Durante a Temporada de 2005, Johnson divulgou que mantinha uma Lista, com o nome dos defensores que conseguiram marcá-lo corretamente. E que esta Lista tinha poucos nomes! Claro que isto soou como provocação aos Ravens (próximo adversário dos Bengals, na partida que seria disputada em 06.11.2005, em Baltimore)...

Marvin Lewis, muito inteligente (e temendo a motivação extra dos rivais); convocou a imprensa quatro dias antes da partida fora de casa, e anunciou outra lista: com diversos questionamentos sobre a real capacidade de seu atleta em ajudar o time a vencer no próximo domingo...

Chad Johnson, visivelmente irritado pela provocação de seu próprio Treinador, jogou como nunca – e Cincinnati venceu com tranqüilidade, pelo placar de 21 x 09 no M&T Bank Stadium! Depois da partida, garantiu que sua Lista continuaria com poucos nomes (e que nenhum deles vestia púrpura)!

Em 25 de Outubro de 2006, em homenagem às suas raízes latinas, Johnson anunciou que gostaria de ser chamado de Chad Ochocinco (“Oito” e “Cinco”, em espanhol – já que usava a camisa de nº 85). E durante o aquecimento para a partida contra o Atlanta Falcons (em 29.10.2006), ele usou uma camisa com o nome “Ochocinco” – mas acabou multado em US$ 5.000,00 por quebra de acordo comercial com a fornecedora de equipamentos Reebok...

Claro que ele não desistiu, e dois anos depois, mais precisamente em 29.08.2008, Chad conseguiu mudar judicialmente seu nome para Chad Javon Ochocinco – mas foi obrigado a continuar usando uniformes com “C. Johnson” até o final da temporada.

Em 2009 finalmente pode jogar com o seu novo sobrenome estampado nas costas!

Como se não bastasse a polêmica anterior, em 2010, Chad tentou mudar o sobrenome Ochocinco para “Hachi Go” (que em japonês significa... “8” e “5”)!

Mas tudo não passou de outra jogada de marketing...

Em 23 de Julho de 2012, após assinar contrato com o Miami Dolphins, Chad foi obrigado a voltar a usar “Johnson”, após uma decisão judicial da corte de Broward County (que não reconheceu a mudança nos seus registros).

Chad também praticou outros esportes – como luta-livre (WWE), futebol (treinou com o Sporting Kansas City da Major League Soccer; e é torcedor fanático do Real Madrid), rodeio (PBR) e dança de salão (“Dancing With Stars” – versão americana do “Dança dos Famosos”)!

Isto sem falar nas inúmeras aparições em filmes e séries de TV; e de seu programa de talk-show (“The T. Ocho Show”), onde semanalmente falava de esportes e cultura pop com seu colega de time: Terrell Owens! Mas falaremos mais sobre T.O. abaixo...

Em 16 de Novembro de 2010, Ochocinco pediu em casamento a atriz Evelyn Lozada (modelo conhecida por sua participação no reality show “Basketball Wives”); e eles se casaram no dia 04 de Julho de 2012 (Dia da Independência Norte-Americana)! Porém, no dia 11.08.2012, Johnson foi preso – acusado de agredir a esposa! Ele pagou fiança de US$ 2.500,00 e saiu da cadeia; mas Evelyn exigiu o divórcio e entrou com uma Ordem de Restrição contra Chad. Graças à prisão, o Miami Dolphins rescindiu o contrato com Ochocinco. E o Wide Receiver, desempregado, ainda voltaria para a prisão em 2013 – após violar a Ordem de Restrição imposta pela ex-esposa...

Sem dúvida alguma, Chad foi um excelente jogador (bom, ele ainda não se aposentou oficialmente: e no último dia 17 de Abril de 2014, assinou um contrato de dois anos com o Montreal Alouettes da Canadian Football League) – mas sua carreira foi prejudicada por inúmeras polêmicas...

Mas nenhum jogador da história dos Bengals foi mais problemático do que Chris Henry...

Chris Henry nasceu em 17 de Maio de 1983, na cidade de Belle Chasse, Louisiana. Estudou na Belle Chasse High School, onde praticou atletismo e basquete, mas destacou-se no futebol americano – vencendo o prêmio de “jogador ofensivo do ano” em sua última temporada no ensino médio...

Em 2002, Henry entrou na West Virgínia University. E já em 2003 (seu primeiro ano como atleta universitário “pleno”), Chris recebeu 41 passes para 1.006 jardas e 10 Touchdowns (tornando-se o segundo jogador da história dos Mountaineers a quebrar a marca de mil jardas em sua primeira temporada; e sua média de 24,5 jardas por recepção foi a terceira melhor da história desta faculdade).

Em 2004, Henry foi titular em sete jogos, recebendo 52 passes para 872 jardas e 12 TD’s. Apesar destes números expressivos, Chris já mostrava problemas de comportamento – sendo expulso da partida contra a Rutgers University após muitas faltas de “conduta anti-desportiva”. Seu treinador, Rich Rodriguez, declarou que “esta postura violenta e agressiva envergonhava não apenas o atleta, como toda a universidade”...

Estava claro que o talentoso “garoto problema” não teria muitas oportunidades em seu próximo ano na Universidade. Por isso, anunciou que estaria “elegível” para o Draft da NFL de 2005...

E na terceira rodada (83ª escolha geral), Chris Henry foi draftado pelos Bengals!

Sua estréia como jogador profissional aconteceu em 18 de Setembro de 2005, na segunda semana da temporada regular, contra o Minnesota Vikings. E os Bengals venceram em casa, por 37 x 08 – diante de 65.763 torcedores!

Em sua primeira temporada, Chris Henry recebeu 31 passes para 422 jardas e 06 TD’s. Números relativamente discretos – mas suficientes para garantir sua presença no primeiro jogo de pós-temporada de Cincinnati depois de 15 anos! E logo contra o Pittsburgh Steelers! Como vimos no Capítulo anterior, Henry conseguiu uma impressionante recepção de 66 jardas – mas tanto ele quanto o QB Carson Palmer sofreram lesões nos joelhos após serem agredidos violentamente pelos rivais...

Em sua segunda temporada, Henry totalizou 605 jardas e 09 TD’s em 36 recepções. Longe de liderar as estatísticas, Chris brilhou mesmo contra nossos dois maiores rivais da Divisão: enfrentando o Cleveland Browns, Henry recebeu 05 passes para 113 jardas; e na partida contra os Steelers, nosso WR conseguiu sua “vingança” – quatro recepções para 124 jardas e 01 TD!

Mas eis que chegamos ao ano de 2008...

A pior temporada desde que Marvin Lewis assumiu a equipe...

1ª Rodada – 07.09.2008 – Ravens 17 x 10 Bengals;

2ª Rodada – 14.09.2008 – Bengals 07 x 24 Titans;

3ª Rodada – 21.09.2008 – Giants 26 x 23 Bengals (prorrogação);

4ª Rodada – 28.09.2008 – Bengals 12 x 20 Browns;

5ª Rodada – 05.10.2008 – Cowboys 31 x 22 Bengals;

6ª Rodada – 12.10.2008 – Jets 26 x 14 Bengals;

7ª Rodada – 19.10.2008 – Bengals 10 x 38 Steelers;

8ª Rodada – 26.10.2008 – Texans 35 x 06 Bengals;

9ª Rodada – 02.11.2008 – Bengals 21 x 19 Jaguars;

10ª Rodada – 16.11.2008 – Bengals 13 x 13 Eagles (empate);

11ª Rodada – 20.11.2008 – Steelers 27 x 10 Bengals;

12ª Rodada – 30.11.2008 – Bengals 03 x 34 Ravens;

13ª Rodada – 07.12.2008 – Colts 35 x 03 Bengals;

14ª Rodada – 14.12.2008 – Bengals 20 x 13 Redskins;

15ª Rodada – 21.12.2008 – Browns 00 x 14 Bengals;

16ª Rodada – 28.12.2008 – Bengals 16 x 06 Chiefs.

Com este retrospecto de 04 vitórias, 11 derrotas (sendo oito delas nos primeiros oito jogos) e 01 empate; ficou evidente que as coisas estavam indo de mal à pior em Cincinnati...

Carson Palmer, nosso QB titular, jogou apenas quatro partidas (graças a uma lesão no cotovelo). Seu reserva (Ryan Fitzpatrick) acertou 221 dos 372 passes tentados, conquistando 1.905 jardas, com 08 TD's e 09 INT's (passer rating de 70.0).

Ao todo foram 23 atletas lesionados nesta temporada (número recorde na história dos Bengals)...

Cedric Benson, Running Back dispensado pelo Chicago Bears, juntou-se ao time poucos dias antes da quinta rodada - e foi um dos poucos destaques na temporada (liderando o jogo terrestre com 214 corridas para 747 jardas e 02 TD's; além de duas partidas com mais de 100 jardas corridas).

Outro destaque foi T.J. Houshmandzadeh, que liderou as estatísticas do jogo aéreo pelo terceiro ano consecutivo (92 recepções para 904 jardas e 04 TD's); superando sem dificuldades seu companheiro Chad Ochocinco (53 recepções para 540 jardas e 04 TD's). Mas a verdade é que a dupla esteve longe de seu desempenho nas temporadas anteriores...

E se existe algo a ser elogiado, sem dúvida alguma, foi o trabalho do novo Coordenador Defensivo Mike Zimmer - que mesmo com esse péssimo retrospecto, conseguiu ser a 12ª melhor defesa da NFL - cedendo uma média de 325,5 jardas por jogo!

Muito pior do que amargar uma temporada com tantas derrotas, é assistir aos nossos rivais de Divisão disputando o título da Conferência Americana!

Baltimore (sexta melhor campanha da AFC), jogando sempre fora de casa, bateu os Dolphins (09 x 27) e os Titans (10 x 13) para chegar ao Heinz Field, onde encarou os Steelers (segunda melhor campanha da AFC). Mas os Ravens foram derrotados por 23 x 14; e a vaga no Super Bowl XLIII ficou com Pittsburgh - que venceu o surpreendente Arizona Cardinals (quarta melhor campanha da NFC) por 27 x 23...

Cabe aqui uma reflexão:

Afinal de contas, as lesões de praticamente "metade" do elenco, são suficientes para justificar uma campanha tão decepcionante quanto a de 2008?

Eu entendo que não...

Para mim, os fatores extra-campo foram decisivos para o péssimo desempenho da equipe!

Se nos gramados, Chris Henry era um atleta exemplar – especialmente quando enfrentava nossos maiores rivais (o que lhe rendeu grande admiração e carinho dos sofridos torcedores de Cincinnati); o mesmo não podemos dizer de sua vida fora do esporte...

Em 15 de Dezembro de 2005, Henry foi parado por uma viatura policial por excesso de velocidade. Durante a revista, foi encontrado uma porção de maconha; e o atleta estava dirigindo sem a carteira de motorista. Um mês depois (30.01.2006), ele foi preso em Orlando, na Flórida – com muitas armas ilegais e acusado de participação num tiroteio. O caso ganhou repercussão, pois Chris usava sua camisa oficial nº 15 (a mesma com que entrava em campo) no momento da prisão...

Em 29 de Abril de 2006, Henry foi preso num quarto de motel, com três adolescentes (18, 16 e 15 anos), consumindo bebidas alcoólicas. A mais velha acusou o jogador de ter abusado sexualmente dela; mas a garota retirou as acusações (e foi processada por “falsa denúncia de crime”).

Na madrugada de 03 de Junho de 2006, ele voltou a ser preso – desta vez por dirigir embriagado pela Rodovia Interestadual 275.

Em 06 de Outubro de 2006, Chris Henry foi suspenso pela NFL por dois jogos, pelo consumo de substâncias ilegais e violar as regras de conduta impostas pela Liga. Ele foi proibido de treinar com a equipe neste período.

Em 27 de Janeiro de 2007, Chris voltou para a prisão – novamente por dirigir embriagado.

Em Abril de 2007, Henry foi suspenso novamente por violar as regras de conduta impostas pela NFL.

Mas desta vez a punição durou oito jogos; e veio acompanhada de uma advertência pessoal dada pelo Comissário Roger Goodell – de que sua conduta reiterada poderia resultar no fim de sua carreira na Liga! Pelo menos desta vez, foi permitido ao atleta continuar treinando com o resto da equipe...

Ele voltou na décima semana, contra os Ravens em Baltimore – e precisou de quatro recepções para conquistar 99 jardas! Na semana seguinte, contra os Cardinals, Chris recebeu oito passes para 81 jardas e 01 TD. Ele terminaria sua terceira temporada com 21 recepções para 343 jardas e 02 TD’s.

Uma semana antes de seu retorno aos gramados, mais precisamente em 06.11.2007; Chris Henry foi acusado de agredir um manobrista em Newport, Kentucky; e em 03.12.2007, ele voltou a cadeia em Orlando (por violar sua liberdade condicional) – sendo liberado em 21.02.2008...

Um mês depois, em Março de 2008, Henry deu um soco e arremessou uma garrafa de cerveja pela janela de seu carro. Em sua defesa, Chris alegou que “confundiu Gregory Meyer, de 18 anos, com alguém que lhe devia dinheiro”. Foi a gota d’água!

Em Abril de 2008, após ser preso mais uma vez, o presidente (e proprietário) dos Bengals (Mike Brown) finalmente rescindiu seu contrato. Mas graças às lesões de Chad Ochocinco, T.J. Houshmandzadeh e Andre Caldwell; e ao pedido pessoal de Michael Irvin (que também estava trabalhando na recuperação de Adam “Pacman” Jones); a diretoria ofereceu um novo contrato a Henry (embora o treinador Marvin Lewis não demonstrasse “boa vontade” neste retorno).

Chris cumpriu a suspensão de quatro jogos no início da temporada de 2008; e na véspera da partida contra o Dallas Cowboys, Henry foi reintegrado ao elenco (no lugar do RB Kenny Watson). Ele terminaria a temporada com 19 recepções para 220 jardas e 02 TD’s...

Em 2009, os Bengals participaram pela primeira vez do Reality Show "Hard Knocks" (série de documentários produzidos anualmente pela HBO em parceria com a NFL Films); que mostra a vida pessoal e profissional de atletas, treinadores e agregados (com foco nas dificuldades dos novatos ao iniciarem sua carreira profissional); durante a "reta final" da preparação de uma determinada equipe para a próxima temporada. E esta atração bateu todos os recordes de audiência - especialmente motivada pela curiosidade dos fãs sobre a recuperação de Chris Henry (além, é claro, das palhaçadas e "frases de efeito" de Chad Ochocinco).

E por incrível que pareça, esta "super exposição" na mídia fez bem à equipe!

1ª Rodada – 13.09.2009 – Bengals 07 x 12 Broncos;

2ª Rodada – 20.09.2009 – Packers 24 x 31 Bengals;

3ª Rodada – 27.09.2009 – Bengals 23 x 20 Steelers;

4ª Rodada – 04.10.2009 – Browns 20 x 23 Bengals (prorrogação);

5ª Rodada – 11.10.2009 – Ravens 14 x 17 Bengals;

6ª Rodada – 18.10.2009 – Bengals 17 x 28 Texans;

7ª Rodada – 25.10.2009 – Bengals 45 x 10 Bears;

8ª Rodada – 08.11.2009 – Bengals 17 x 07 Ravens;

9ª Rodada – 15.11.2009 – Steelers 12 x 18 Bengals;

10ª Rodada – 22.11.2009 – Raiders 20 x 17 Bengals;

11ª Rodada – 29.11.2009 – Bengals 16 x 07 Bengals;

12ª Rodada – 06.12.2009 – Bengals 23 x 13 Lions;

13ª Rodada – 13.12.2009 – Vikings 30 x 10 Bengals;

14ª Rodada – 20.12.2009 – Chargers 27 x 24 Bengals;

15ª Rodada – 27.12.2009 – Bengals 17 x 10 Chiefs;

16ª Rodada – 09.01.2010 – Jets 37 x 00 Bengals.

Com 10 vitórias e 06 derrotas, conquistamos nosso Sétimo Título de Divisão (Segundo Título da AFC North); e chegamos à pós-temporada pela nona vez (a última aparição dos Bengals nos playoffs havia sido em 2005)!

Mas a alegria desta conquista ficou manchada pelas lágrimas...

Em 08 de Novembro de 2009, no Paul Brown Stadium, Henry entrou em campo pela última vez - na vitória sobre o Baltimore Ravens (por 17 x 07); Chris teve seu antebraço destruído, após uma incrível recepção de 20 jardas... Resultado? Cirurgia de reconstrução e fim de temporada para o Wide Receiver...

Pouco mais de um mês depois, em 16 de Dezembro de 2009, Henry sofreu um “acidente de trânsito”, em Charlotte, na Carolina do Norte. A polícia afirmou que Chris caiu da traseira de uma caminhonete dirigida por seu amigo Sam Pahnisch; enquanto discutia com sua noiva Loleini Tonga (mãe de seus três filhos). Ele sofreu graves traumatismos cranianos.

E no dia seguinte, foi decretada sua morte...

Sua mãe, Carolyn Lee Henry, num ato bonito, tomou a decisão de doar seus órgãos para transplante – e suas córneas, pulmões, rins, coração, fígado e pâncreas salvaram a vida de muitas pessoas!

Todos os jogos da Semana 15 na NFL respeitaram “um minuto de silêncio”...

E no dia 20.12.2009, jogando no Qualcomm Stadium, os Bengals enfrentaram o San Diego Chargers – em uma partida marcada pela emoção...

Chad Ochocinco (amigo pessoal de Henry), chorou copiosamente durante a homenagem...

E ao anotar um Touchdown...

Impossível não se emocionar, né?

Em Junho de 2010, o Instituto de Pesquisas da West Virgínia University divulgou um estudo clínico onde atesta que Chris Henry havia desenvolvido uma doença neurológica chamada “encefalopatia traumática crônica”, graças às inúmeras lesões sofridas na cabeça durante sua carreira de jogador. Esta mesma doença já havia sido diagnosticada em muitos atletas; mas nunca havia “despertado” em um jogador tão novo, prejudicando seu comportamento e aumentando sua agressividade (o que certamente contribuiu para seus numerosos incidentes “extra-campo”).

Ainda abalados pela morte do companheiro, os Bengals (quarta melhor campanha da Conferência Americana) receberam o N.Y. Jets (quinta melhor campanha da AFC), no Paul Brown Stadium, em 09 de Janeiro de 2010 - confronto válido pela Rodada de Wild Card...

Cincinnati começou bem - com um retorno de kickoff de 56 jardas feito pelo RB novato Bernard Scott; mas duas jogadas depois, nosso WR Laveranues Coles sofreu um fumble, após ser derrubado por Bryan Thomas. Por sorte, nossa defesa conseguiu segurar o ataque alvi-verde, que fora obrigado a devolver a bola para os Bengals (e começamos nossa segunda campanha ofensiva já na linha de 45 jardas do campo de ataque). Desta vez soubemos aproveitar a boa posição de campo, e sete jogadas depois, Coles se redimiu: recebeu um passe de 11 jardas e anotou o primeiro TD da partida!

Mas no 2º Quarto, os Jets começaram a dominar a partida e viraram o placar...

Primeiro com Shonn Greene, anotando um TD correndo por 39 jardas; e depois com Dustin Keller recebendo passe preciso de 41 jardas do QB novato Mark "buttfumble" Sanchez (duas jogadas depois do Defensive End nova-iorquino Darrelle Revis interceptar um passe de Carson Palmer).

Logo na primeira campanha ofensiva do 3º Quarto, os Bengals tiveram uma grande chance de empatar o jogo (chegando à marca de 17 do campo de ataque); mas Palmer errou o passe para a End Zone na Terceira Descida...

Ainda sim, poderíamos ter diminuído a desvantagem no placar...

Mas Shayne Graham errou um Field Goal de 35 jardas!

Como punição por tamanha incompetência, os Jets voltaram a marcar - com Thomas Jones correndo por nove jardas para entrar em nossa End Zone (deixando o placar em 21 x 07 para os visitantes)...

No começo do último Quarto, Cedric Benson reacendeu as esperanças da torcida (que mesmo com o frio de -6º no fim de tarde de sábado, lotava as arquibancadas do PBS); anotando um incrível Touchdown de 47 jardas corridas - deixando a diferença em apenas uma posse de bola...

Benson terminaria a partida com 169 jardas terrestres - recorde da equipe na pós-temporada!

Mas Graham estava num péssimo dia: e voltou a errar um FG curto (apenas 28 jardas); faltando pouco menos de quatro minutos para acabar o jogo...

Jay Feely, por outro lado, não desperdiçou a chance de chutar um FG; e deu números finais à partida:

Cincinnati Bengals 14 x 24 New York Jets...

O hoje "lendário" Mark Sanchez tornou-se um dos quatro Quarterbacks a conseguir vencer um jogo de playoff em sua temporada de estréia (ao lado de Shaun King, Ben Roethlisberger e Joe Flacco); e os Bengals completariam sua 19ª temporada consecutiva sem vitórias na pós-temporada...

Na fase seguinte, os Jets venceram o San Diego Chargers, na Califórnia, por 17 x 14; mas na final da Conferência Americana, foram derrotados pela equipe de melhor campanha na temporada regular - vitória do Indianapolis Colts, por 30 x 17, no Lucas Oil Stadium...

No Super Bowl XLIV, disputado em Miami (no Sun Life Stadium), o New Orleans Saints (equipe com a melhor campanha da Conferência Nacional) de Drew Brees finalmente conseguiu seu primeiro Troféu Vince Lombardi - batendo Peyton Manning e companhia por 31 x 17!

Mesmo após o drama vivido com Chris Henry, Mike Brown continuou com sua política de "investir em garotos-problemas" - e em 2010, outros dois "bad boy's" veteranos se juntaram ao grupo:

Adam Jones e Terrell Owens!

Não pensem que nosso "querido" Presidente é uma pessoa "bondosa, que acredita na recuperação do ser humano", capaz até mesmo de oferecer um contrato ao Adriano Imperador!

Muito longe disso!

A verdade é que Cincinnati nunca foi um "grande centro" (como Nova York); não conta com "belezas naturais e clima agradável" (como a Flórida ou a Califórnia); e nem possui a tradição esportiva ou a visibilidade midiática de outras cidades (como Green Bay ou Pittsburgh). Sequer figura entre as vinte franquias mais rentáveis da liga...

E o filho (e herdeiro) do velho mestre Paul Brown sabe bem!

Por isso, na primeira década de 2000, Mike decidiu arriscar: passou a buscar atletas talentosos mas indisciplinados (sem mercado na NFL); oferecendo-lhes baixos salários mas alta visibilidade (e muita "tolerância" para "pequenos deslizes" - dentro e fora de campo)!

Deu certo com Chad Ochocinco...

Deu errado com Chris Henry...

Mas na "média", essa política de contratações foi positiva: e os Bengals, que na década de 1990, tiveram 52 vitórias e 108 derrotas; entre 2000 e 2009 tiveram 68 vitórias, 91 derrotas e 01 empate (além de dois títulos da AFC North)!

Sim, são números modestos... mas que demonstram uma tendência de recuperação da equipe!

Ademais, lembremo-nos que o Cleveland Browns jamais conquistou um título da AFC North (o último título de Divisão de nossos rivais do norte de Ohio foi conquistado em 1989) - o que demonstra a dificuldade deste feito!

Após o título de Divisão em 2009 e a assinatura de contrato com o terceiro melhor Wide Receiver da história da NFL (Terrell Owens); a torcida e a imprensa especializada apostavam alto nos Bengals de 2010 - que finalmente poderiam quebrar a longa série sem vitórias na pós-temporada!

Terrell Eldorado Owens nasceu em 07 de Dezembro de 1973, em Alexander City, Alabama. Estudou na University of Tennessee at Chattanooga; onde praticou diversos esportes (basquete, atletismo e futebol americano). Ele gostava de usar a camisa nº 80, em homenagem ao seu grande ídolo Jerry Rice.

Em seu primeiro ano na faculdade, Owens obteve marcas discretas (recebeu 34 passes para 357 jardas e 03 TD’s). Já no ano seguinte, tornou-se o principal alvo dos “Mocs”, recebendo 38 passes para 724 jardas e 08 TD’s. Seus rivais, percebendo o talento e a velocidade de T.O., aplicaram “dupla cobertura” sobre o terceiro anista – prejudicando suas marcas (recebeu 43 passes para 667 jardas e 01 TD). Ainda sim, manteve o recorde de jardas recebidas na Universidade de Chattanooga por mais de uma década (até que Alonzo Nix quebrou a marca em 2007).

Quis o destino que o fã de Jerry Rice fosse draftado pela mesma equipe de seu ídolo (San Francisco 49ers), na 3ª Rodada de 1996 (89ª Escolha Geral)!

Mas os treinadores deram poucas chances ao garoto de Alabama – que disputou sua primeira temporada na NFL com os Special Teams (retornador).

Infelizmente, seu primeiro Touchdown como profissional ocorreu no dia 20.10.1996, contra os Bengals, no último Quarto - após receber um passe de 45 jardas de Steve Young. A partida estava empatada, mas graças a este lance, os Niners venceram por 28 x 21...

Em 1997, Jerry Rice sofreu uma grave lesão no início da temporada; e o segundo anista assumiu a titularidade da equipe californiana – sendo decisivo na campanha de 13 vitórias dos Niners. Owens terminou a temporada regular com 936 jardas recebidas e 08 TD’s – além de anotar mais um, na pós-temporada, na vitória de San Francisco sobre o Minnesota Vikings...

Na temporada seguinte, T.O. quebrou a marca de 1.000 jardas pela primeira vez (recebeu 67 passes para 1.097 jardas e 14 TD’s). Mas foi na partida contra os Packers, pela rodada de Wild Card, que Terrell alcançou o status de “ídolo” – ao anotar o Touchdown da vitória de virada por 30 x 27!

A temporada de 1999 foi terrível para os Niners – que perderam Steve Young (substituído por Jeff Garcia). A equipe auri-rubra terminou o ano com 04 vitórias e 12 derrotas; e Owens recebeu 60 passes para 754 jardas e 04 TD’s. No ano 2000, outra campanha ruim (06 vitórias e 10 derrotas); mas T.O. brilhou na partida contra o Chicago Bears (recebeu 20 passes e conquistou 283 jardas; na vitória por 17 x 00). Terrell terminaria este ano com 1.451 jardas e 13 TD’s.

Em 2001, os 49ers voltaram ao caminho das vitórias (12 vitórias e 04 derrotas); mas foram derrotados pelo Green Bay Packers de Brett Favre na rodada de Wild Card. Owens terminou a temporada com 16 TD’s e 1.412 jardas recebidas.

No ano seguinte, San Francisco conquistou seu 17º título da NFC West – com Terrell recebendo 100 passes para 1.300 jardas e 13 TD’s. Mas a equipe californiana seria derrotada pelo Tampa Bay Buccaneers (time da Flórida que seria campeão do Super Bowl)...

Apesar das boas campanhas, o clima nos vestiários dos Niners era conturbado.

Na temporada de 2003, após uma campanha de 07 vitórias e 09 derrotas, Terrell Owens deu uma polêmica entrevista para a revista Playboy – onde revelou inúmeras disputas internas e insinuou que Jeff Garcia seria homossexual...

Claro que não havia “clima” para continuar no elenco depois disso – e o 49ers tentou negociá-lo com o Baltimore Ravens (em troca de uma escolha de 2ª rodada no Draft de 2004); mas Owens entrou na justiça pelo direito de ser um Free Agency – e seu empresário fechou um acordo com o Philadelphia Eagles.

Após muitas ameaças e discussões jurídicas, a NFL promoveu um acordo entre as três equipes envolvidas: os Ravens manteriam sua 2ª escolha no Draft; os Niners receberiam o Defensive End Brandon Whiting (ex-Eagles) e uma escolha de 5ª rodada; e Philadelphia pôde assinar contrato com T.O. (US$ 49 milhões + bônus de US$ 10 milhões; por sete anos).

Em 2004, os Eagles tiveram uma campanha excelente – começaram com sete vitórias consecutivas nas primeiras sete partidas; e chegaram à penúltima semana com apenas uma derrota em 14 jogos. Mas em 19.12.2004, Owens sofreu uma grave lesão no tornozelo e uma fratura na fíbula; causada pelo choque com o Safety Roy Williams (Dallas Cowboys).

Os médicos decretaram o fim da temporada de T.O. Mas como a equipe alvi-verde chegou ao Super Bowl XXXIX; Terrell não quis perder esta oportunidade – e contrariando as ordens médicas, entrou em campo contra o New England Patriots! E mesmo jogando “no sacrifício”, Owens foi um dos destaques: 09 recepções e 122 jardas...

Mas a dolorosa derrota por 24 x 21, em Jacksonville, no dia 06.02.2005; pesou sobre os ombros de Terrell Owens – muito criticado pelos torcedores e pela imprensa...

Em Abril de 2005, seu novo empresário tentou forçar uma renegociação salarial (já que sua remuneração-base estava abaixo da média para a posição – embora recebesse muitos bônus e prêmios extraordinários). E o atleta deu outra entrevista polêmica, insinuando que o QB Donovan McNabb teria feito “corpo mole” no Super Bowl...

Em Julho, Owens pediu autorização para jogar basquete pelo Sacramento Kings durante as “férias de verão” – mas o proprietário da equipe Jeffrey Lurie negou. Por fim, durante o Trainning Camp, diversos atos de indisciplina contra seus colegas de time levaram o presidente Joe Banner suspendê-lo por quatro jogos (sem receber seu salário); e depois afastá-lo do elenco pelo resto da temporada...

Em 18 de Março de 2006, quatro dias após ter sido dispensado pelos Eagles; o excêntrico proprietário do Dallas (Jerry Jones) anunciou a contratação de Terrell Owens – contrato de três anos com os Cowboys (US$ 25 milhões + US$ 5 milhões de bônus; e US$ 5 milhões garantidos no primeiro ano). E logo na primeira partida da temporada, contra os Jaguars, T.O. mostrou que ainda era um dos melhores recebedores da Liga: 08 passes recebidos para 80 jardas e 01 TD!

Porém, na semana seguinte, sofreu uma grave lesão nas mãos (que exigiria uma cirurgia e lhe tiraria do resto da temporada). Mas Terrell buscava vingança contra os Eagles; e após uma overdose de remédios e uma semana de “folga” (Bye); lá estava ele em campo, contra o Tennesse Titans (vitória fora de casa por 14 x 45). E jogou muito bem: 88 jardas recebidas e 03 TD’s!

Sem dúvida... ele estava pronto para o quarto jogo da temporada: contra o Philadelphia Eagles, no Lincoln Financial Field!

A fanática torcida alvi-verde transformou seu estádio num gigantesco caldeirão; e todas as vezes que Owens pisava no gramado, era hostilizado por ofensas e xingamentos pesados – além de sofrer violentos tackles de seus ex-companheiros. Os Eagles venceram por 38 x 24; e T.O. só recebeu três passes – e mesmo assim conseguiu 45 jardas! Segundo a imprensa, após a partida, Terrell ficou furioso com seus atuais companheiros de time (em especial com o QB Drew Bledsoe, que lançou poucas bolas em sua direção).

Os Cowboys terminaram a temporada de 2006 com 09 vitórias e 07 derrotas (2ª posição na NFC East); e foram eliminados na rodada de Wild Card por 21 x 20 pelo Seattle Seahawks. Owens liderou as estatísticas de passes recebidos para TD (com 13)!

Em 2007 e 2008, T.O. continuou jogando bem – quebrando recordes e liderando estatísticas; mas sofrendo com lesões (agora no tornozelo) que lhe tiraram de vários jogos. Destaque para sua atuação no Pro Bowl 2008: sete passes para 101 jardas e 02 TD’s. Apesar destes números impressionantes, o Running Back novato Adrian Peterson (Vikings) foi eleito o MVP do “jogo das estrelas”...

Apesar do bom desempenho, os Cowboys não renovaram seu contrato...

Terrell assinou um acordo de um ano com o Buffalo Bills; onde foi titular nas dezesseis partidas – com 55 recepções e 829 jardas aéreas, com 05 TD’s (na verdade seis, se considerarmos o TD correndo com a bola). Sem dúvida números modestos para um atleta tão caro e problemático; mas T.O. continuou brilhando (como na recepção de 98 jardas para TD contra o Tampa Bay Buccaneers)!

Em 27 de Julho de 2010, Owens assinou seu último contrato na NFL: jogaria um ano pelo Cincinnati Bengals por US$ 2 milhões (com outros US$ 2 milhões de bônus)!

Na verdade, a proposta ao T.O. foi fruto do pedido de Carson Palmer e de Chad Ochocinco; que acreditavam no potencial do atleta - podendo ser o "diferencial" que faltou nos playoffs de 2009! E num gesto de simpatia e boa-vontade, o veterano WR pôde continuar usando a camisa nº 81 (após uma generosa doação em dinheiro a uma instituição de caridade escolhida por Antonio Bryant – antigo “dono da 81 dos Bengals”)!

No papel, o elenco de Cincinnati era excelente: Carson Palmer (que nunca chegou a ser uma "grande estrela", mas sabia comandar a equipe e tinha bons números); Chad Ochocinco, Terrell Owens e Cedric Benson formariam a "base experiente" do ataque - que daria sustentação aos ainda novatos e talentosos Jermaine Gresham, Jordan Shipley, Jerome Simpson e Bernard Scott. Na defesa, já contávamos com nomes como Leon Hall, Reggie Nelson, Adam Jones, Rey Maualuga, Domata Peko, Carlos Dunlap, Geno Atkins e Michael Johnson...

Por isso, nem a derrota na estréia (fora de casa, contra o poderoso New England Patriots) derrubou o ânimo da equipe - pois sabíamos que as vitórias viriam! E elas vieram já na segunda rodada, em casa, contra o Baltimore Ravens (por 15 x 10)! Na semana seguinte, outra boa vitória: contra os Panthers, na Carolina do Norte, por 20 x 07!

Com este elenco "engrenando", a festa parecia que não teria mais fim!

Mas teve...

1ª Rodada – 12.09.2010 – Patriots 38 x 24 Bengals;

2ª Rodada – 19.09.2010 – Bengals 15 x 10 Ravens;

3ª Rodada – 26.09.2010 – Panthers 07 x 20 Bengals;

4ª Rodada – 03.10.2010 – Browns 23 x 20 Bengals;

5ª Rodada – 10.10.2010 – Bengals 21 x 24 Buccaneers;

6ª Rodada – 24.10.2010 – Falcons 39 x 32 Bengals;

7ª Rodada – 31.10.2010 – Bengals 14 x 22 Dolphins;

8ª Rodada – 08.11.2010 – Bengals 21 x 27 Steelers;

9ª Rodada – 14.11.2010 – Colts 23 x 17 Bengals;

10ª Rodada – 21.11.2010 – Bengals 31 x 49 Bills;

11ª Rodada – 25.11.2010 – Jets 26 x 10 Bengals;

12ª Rodada – 05.12.2010 – Bengals 30 x 34 Saints;

13ª Rodada – 12.12.2010 – Steelers 23 x 07 Bengals;

14ª Rodada – 19.12.2010 – Bengals 19 x 17 Browns;

15ª Rodada – 26.12.2010 – Bengals 34 x 20 Chargers;

16ª Rodada – 02.01.2011 – Ravens 13 x 07 Bengals.

Foram exatamente dez derrotas consecutivas...

Igualando a pior marca da história da equipe...

Observem que os placares foram (quase sempre) apertados, por uma diferença de uma posse de bola!

Mas a grande quantidade de jogadores novatos (ou segundo e terceiro-anistas), nas posições-chave (como Tight End, Defensive End e Wide Receiver) das linhas ofensivas e defensivas; mostrou-se uma escolha equivocada...

Mais uma vez estávamos fora dos playoffs...

E mais uma vez amargamos o título da Conferência Americana dos Steelers (equipe com a segunda melhor campanha da AFC); que bateu os Ravens (31 x 24) e os Jets (24 x 19); para chegar ao Super Bowl XLV - onde enfrentaria o surpreendente Green Bay Packers (equipe com a sexta melhor campanha da Conferência Nacional)...

Confesso que torci como um louco pelos "cabeças-de-queijo"...

E após um jogo fantástico, Aaron Rodgers e companhia conquistaram seu 4º Troféu Vince Lombardi!

Vitória dos Packers por 31 x 25!

Falando da campanha dos Bengals, nenhum jogador foi chamado ao Pro Bowl. Carson Palmer acertou 362 dos 586 passes tentados, conquistando 3.970 Jardas, com 26 TD's, 20 INT's e Rating de 82.4. Cedric Benson liderou o jogo corrido (321 tentativas para 1.111 Jardas e 07 TD's); e o recém-chegado Terrell Owens foi o melhor recebedor da equipe (72 passes para 983 Jardas e 09 TD's)...

Falando no T.O., contra o Cleveland Browns, na Semana 04, o WR foi espetacular: 10 recepções para 222 jardas e 01 TD de 78 jardas! Mais do que o suficiente para a torcida de Cincinnati “abraçar” o novo ídolo – que aos 36 anos e 300 dias, tornou-se o jogador mais velho a quebrar a marca de 200 Jardas num único jogo!

Apesar do ótimo desempenho, a diretoria não renovou seu contrato...

Sem novas propostas na NFL, T.O. assinou contrato com o Allen Wranglers (equipe da Indoor Football League – espécie de “futebol americano de salão”). Em 2012, chegou a treinar com o Seattle Seahawks – mas foi cortado 20 dias depois...

Foi o fim de sua carreira de jogador profissional...

Terrell Owens, assim como Chad Ochocinco e outros atletas polêmicos desta geração, ficou famoso por suas comemorações exageradas após cada Touchdown (muitas delas resultando em multas pela No-Fun League)!

Em 1999, contra o Atlanta Falcons, ele imitou um falcão e simulou (com as mãos) um corte em sua garganta (indicando que teria "degolado" o falcão). Em 2000, contra os Cowboys, ele deitou sobre a “estrela” na End Zone... duas vezes! Em 2002, contra os Seahawks, ele tirou da meia uma caneta e assinou a bola, antes de entregá-la a seu Consultor Financeiro Shawn Springs (que estava assistindo ao jogo na beira do gramado). Desta vez ele não foi punido, mas a NFL passou a fiscalizar com mais rigor a entrada de “objetos estranhos” em campo. Ainda em 2002, contra o Green Bay Packers, ele pegou dois “pompons” das mãos das Cheerleaders e dançou com elas (imitando suas coreografias)!

Em 2003, contra os Bengals, ele correu até a pilha de neve acumulada na beira do campo e atirou bolinhas nos torcedores...

Durante seu tempo nos Eagles, foram várias “imitações de pássaros” – mas nenhuma tão polêmica quanto sua paródia do ritual pré-jogo de Ray Lewis (ex-LB do Baltimore Ravens). E após marcar o 100º TD da carreira, ele puxou a toalha de sua cintura, dobrou sobre o braço, e segurou a bola com a mão aberta – fingindo ser um garçom!

Contra os Bears, em 2004, Owens comemorou fazendo seis flexões na End Zone. Em 2006, contra os Redskins, T.O. fingiu tirar um cochilo (usando a bola como travesseiro). Em 2007, contra os Eagles, ele voltou a imitar uma águia. Ele, claro, foi muito vaiado – mas em entrevista após a partida, ele foi irônico: “Eu sei que existe muito amor por trás daquelas vaias”!

Em 2008, foi a vez de homenagear os velocistas olímpicos (como Usain Bolt). E mais uma vez as vítimas foram os Eagles...

Fora dos campos, T.O. fez inúmeros comerciais, participações em filmes, séries de TV e reality shows; além de atuar como comentarista de esportes, modelo, cantor e até escritor de livros infantis!

(pausa para o leitor dizer: WTF?)

Ele também era “figura fácil” nos “jogos dos artistas” promovidos pela NBA (sendo eleito o MVP em 2008 e 2009); e lançou um cereal matinal com seu nome! Isto sem falar no T.O. Show – apresentado ao lado do amigo (e não menos midiático) Chad Ochocinco!

Traçando um paralelo interessante: Chad Ochocinco e Terrell Owens estão para o futebol americano assim como Vampeta e Edilson estavam para o futebol brasileiro! Polêmicos e irreverentes, provocadores e sempre prontos a quebrar protocolos (e fomentar rivalidades)! Gostando ou não... é impossível permanecer "neutro" diante de figuras assim! Eles são perfeita antítese dos "bons moços" desta nova geração (Andrew Luck, Andy Dalton, Aaron Rodgers e Tim Tebow)!

Tenho que confessar: era bem mais divertido vê-los em campo do que assistir a esta legião de "Capitães Américas" (perfeitos, infalíveis e insossos)!

Vejam, por exemplo, como o Draft desde ano foi agitado pela presença de Johnny Manziel! E podemos esperar muita polêmica com os "marronzinhos"... mas é disto que a NFL precisa!

Para encerrar este Capítulo, vamos mostrar que nem todos os "bad boy's" da década passada tiveram suas carreiras sepultadas de modo dramático ou melancólico! Alguns tiveram que se "reinventar", e hoje são ídolos respeitados na liga (seja por seus colegas e até por adversários)!

Adam Bernard “Pacman” Jones nasceu em 30 de Setembro de 1983 em Atlanta, Georgia. Foi criado por sua mãe (Deborah Jones) e por sua avó (Christine Jones) - pois seu pai foi morto num assalto em 1991. Estudou na Westlake High School, considerada uma potência no futebol americano do ensino médio (só para se ter uma ideia: no ano de 2005, esta escola contou com seis jogadores que chegariam à NFL); e foi eleito o “jogador do ano” em sua última temporada no colegial (com 120 Tackles e 06 Interceptações). Ele também brilhou no atletismo e no basquete (sua equipe venceu dois campeonatos estaduais).

Seu apelido vem do clássico vídeo-game “Pac Man” (conhecido no Brasil como “Come-Come”), onde uma bola amarela vai “comendo” pontinhos, dentro de um labirinto, enquanto foge de fantasmas – com dribles rápidos e surpreendentes!

Infelizmente, sua avó Christine morreu de câncer assim que Adam entrou para a West Virgínia University. Ele ficou muito abalado pelo sofrimento da matriarca da família (tanto que no dia do Draft, ele usou uma camiseta com a foto da avó).

Em 2002, já em seu primeiro ano com os Mountaineers; Jones participou de 11 jogos – atuando como reserva dos CB’s e S’s. Ele conseguiu uma Interceptação e forçou um Fumble (além de 36 Tackles). Em 2003, Adam participou de todos os 13 jogos da equipe (sendo titular em nove); com 89 TKL’s e 04 INT’s (sendo uma retornada para TD).

Em 2004, foi nomeado Capitão da Linha Secundária – e liderou as estatísticas da equipe em número de Tackles e Interceptações. Foram 76 TKL’s, 02 Sack’s, 03 INT’s e 06 Passes Interrompidos. Isto sem falar nos números junto aos Special Teams. 

Ele foi eleito para o All-American College Football pelo segundo ano consecutivo; mas sua performance ficou manchada pelos erros cometidos no Gator Bowl de 2005 (quando West Virgínia perdeu para Florida State).

Ele, Chris Henry e Rasheed Marshall foram os únicos atletas Mountaineers draftados em 2005. Mas Adam foi o único escolhido na Primeira Rodada (06ª Escolha Geral – 01º Cornerback)!

E assim começou sua carreira no Tennessee Titans...

Ou quase!

Durante o Draft, Adam estava em “liberdade condicional” (após uma briga em West Virgínia). E antes de assinar o contrato com os Titans, Jones ainda enfrentou outros problemas com a polícia...

Em 14 de Julho de 2005, Adam foi preso em uma boate de Nashville (acusado de briga e vandalismo). Em 05 de Setembro de 2005, Jones foi novamente detido (acusado de agredir verbalmente os funcionários do estacionamento e os seguranças de um evento). E voltou para a cadeia, por não cumprir as determinações e exigências da “liberdade condicional”...

Por isso, o General Manager Floyd Reese enfrentou uma tensa negociação contratual com o calouro – que recusou propostas inferiores ao teto salarial estabelecido pela sua posição no Draft (mas acabou cedendo e aceitando a condição de que não receberia bônus ou prêmios, em caso de condenação criminal). Infelizmente, as negociações se arrastaram por muito tempo, e Adam perdeu seu primeiro Training Camp como jogador profissional...

Em sua temporada de estréia, Adam teve 44 TKL’s e 10 Passes Interrompidos (mas nenhuma INT). E jogando com os Special Teams, Jones alcançou a marca de 1.399 jardas retornadas (incluindo 01 TD). Jones e Reynaldo Hill foram os dois únicos CB’s que foram titulares em pelo menos 10 jogos em suas temporadas de estréia na NFL...

Se tudo ia bem em campo...

Em Fevereiro de 2006, Jones foi preso em Fayetteville, na Georgia – acusado de violência doméstica e posse de maconha. A droga nunca foi encontrada (mas o atleta foi processado por obstrução ao trabalho da polícia). Dois meses depois, um Cadillac com o seu apelido “Pacman” bordado nos bancos, foi parado numa blitz. Dentro foram encontrados doses de cocaína. O carro não estava registrado em nome de Adam; mas Jones confirmou que havia adquirido o veículo e emprestado ao amigo Darryl J. Moore.

Em 25.08.2006, durante o período de Training Camp, Jones foi preso por agressão a uma mulher (acusada de tentar roubar sua carteira) em uma boate. Os seguranças da casa noturna relataram que o jogador estava muito alterado, e tentaram retirá-lo a força do local – mas ele se recusou a sair e continuou xingando a mulher. O juiz concedeu-lhe liberdade condicional de seis meses (desde que Adam não cometesse outros crimes e não frequentasse casas noturnas); mas em 26.10.2006, Jones voltou para a cadeia – depois de cuspir no rosto de uma mulher, durante uma festa privé no Club Mystic (badalada casa noturna de Nashville). Ele foi suspenso pelos Titans por um jogo...

Ao menos nos gramados de Tennessee, Jones se destacava – com 62 TKL’s, 01 SCK, 01 Fumble forçado; 12 Passes Desviados, 04 INT’s (com 01 retorno para TD). Atuando pelos Special Teams, foram 440 jardas retornadas e 03 TD’s!

Mas em 19 de Fevereiro de 2007, durante o NBA All-Star Game disputado em Las Vegas; Adam Jones voltou a se envolver em problemas...

O “bad boy” foi a um clube de strip-tease chamado Minxx, acompanhado do Rapper Nelly e um milionário conhecido como Richard Rich; e o trio literalmente “fechou o puteiro”! Segundo relatos, o cantor subiu no palco e começou a jogar centenas de notas de um dólar para o alto (ato conhecido como “fazer chover”). Os dois amigos resolveram fazer o mesmo – para delírio das meninas!

Chris Mitchell, gerente da casa, pediu para as dançarinas recolherem o dinheiro... mas Adam Jones não gostou de vê-las recolhendo a sua grana, sem pedir sua permissão! Resultado? O jogador segurou uma das meninas pelos cabelos e bateu sua cabeça contra a parede...

Os seguranças da casa noturna intervieram para salvar a garota, mas os amigos do atleta começaram a agredir os leões-de-chácara – iniciando uma briga generalizada! Em meio à confusão, Mitchell e seu sócio deixaram a boate com um saco de lixo cheio de dinheiro (aproximadamente US$ 82 mil) e dois relógios caros! Claro que todos foram parar na delegacia – onde ficou constatado que um amigo de Jones disparou sua arma de fogo, destruindo caixas de som e acertando três pessoas (inclusive o ex-lutador de luta livre Tommy Urbanski – que ficou paralisado da cintura para baixo).

Como se não bastasse, a polícia interceptou ligações entre Adam Jones e seu amigo Darryl J. Moore (o mesmo do caso do Cadillac); onde fica claro, nas gravações, que o jogador continuava usando drogas e estava envolvido num esquema de apostas ilegais.

Em 10 de Abril de 2007, o Comissário da NFL Roger Goodell anunciou a suspensão de um ano por violações reiteradas à política de conduta instituída na liga.

Essa foi a primeira vez que um atleta foi punido por crimes não relacionados diretamente com o uso de substâncias ilegais. Por isso ele recorreu da punição...

Mas perdeu!

Durante seu “ano sabático”, Jones assinou contrato como lutador de luta-livre; e tornou-se sócio em uma gravadora de discos especializada em Rap e Hip-Hop. Mas nem assim parou de aprontar! Em 07.05.2007, Adam foi parado numa blitz por estar acima da velocidade permitida na Rodovia Interestadual 65. E em 18.06.2007, participou de uma nova confusão num clube de strip-tease – desta vem em Atlanta (e sem tiros ou mortes)... Mas em 15.01.2008, Jones foi novamente acusado de agressão a uma prostituta, na mesma casa noturna de Atlanta!

Em 23 de Abril de 2008, Jones foi trocado com o Dallas Cowboys. Os Titans receberiam duas escolhas de 4ª Rodada nos Drafts de 2008 e 2009. Além disso, o jogador teria que pagar US$ 500 mil para uma instituição de caridade escolhida pela equipe de Memphis. Por fim, o novo contrato com a equipe texana (de quatro anos) não incluiria nenhum bônus ou premiação extra – e ainda protegeria a franquia se Jones cometesse novos erros extra-campo!

No dia seguinte, o lendário Jim Brown e os antigos ídolos dos Cowboys – Michael Irvin e Deion Sanders – vieram a público para declarar que iriam montar uma “força-tarefa” para ajudar o talentoso Cornerback (e outros bad boys da NFL)!

Adam Jones estreou com a camisa do Dallas na vitória sobre o Cleveland Browns por 28 x 10. E nesta partida conseguiu seu primeiro Tackle e um Passe Interrompido. Na partida seguinte, contra o Philadelphia Eagles, nova vitória: 41 x 37 (com 04 TKL’s e 01 Passe Interrompido). E no terceiro jogo, outra vitória – desta vez por 27 x 16 sobre o Green Bay Packers (com 08 TKL’s e 01 Fumble recuperado).

Seu desempenho em campo parecia refletir essa nova fase "paz e amor"...

Mas em 08 de Outubro de 2008, Jones brigou com seu guarda-costas em um hotel em Dallas. De acordo com a imprensa, não foi instaurado um boletim de ocorrência; mas Roger Goodell determinou a suspensão por quatro jogos – por nova violação à política de conduta pessoal!

Adam Jones voltou da suspensão em 07.12.2008 e participou da partida contra o Pittsburgh Steelers – mas para variar, a equipe auri-negra jogou sujo; e num lance de violência desnecessária, lesionou o pescoço do CB adversário...

Os médicos especialistas discutiam seriamente se esta lesão poderia encerrar definitivamente sua carreira (já manchada por tantos problemas extra-campo); mas Jones desobedeceu às recomendações e participou da última partida dos Cowboys – derrota para os Eagles por 44 x 06. Mesmo assim, em 09 de Fevereiro de 2009, Adam teve seu contrato rescindido antecipadamente...

Após um ano sem jogar, em 10 de Maio de 2010, Jones assinou um contrato de dois anos com o Cincinnati Bengals. E pelo visto a ausência de interessados em 2009 serviu para “abrir os olhos” do jogador – que desde então não se envolveu em confusões...

Apesar das lesões no pescoço e no tendão; Adam Jones conseguiu um excelente desempenho em campo – e nas quatro temporadas em Cincinnati já anotou 138 TKL’s, 01 SCK, 03 Fumbles Forçados; 04 Fumbles Recuperados; 04 INT’s (com 01 Retorno para TD); e 675 Jardas Retornadas com os Special Teams!

Com estes números, em 21 de Março de 2013, Jones assinou uma extensão contratual de três anos (até o final da Temporada de 2015); e hoje é considerado o 11º melhor Cornerback da NFL!

É claro que os Bengals não são a única equipe com jogadores envolvidos em problemas extra-campo - como mostra este infográfico abaixo! O Minnesota Vikings, por exemplo, está praticamente "empatado" conosco no número de atletas presos desde 2000; e mesmo as equipes mais zelosas quanto a isso (Houston Texans e St. Louis Rams) já tiveram cada uma nove jogadores atrás das grades neste mesmo período!

Mas como veremos no próximo (e último) Capítulo; Mike Brown finalmente abandonou essa "estratégia" de trazer "garotos-problemáticos" e tentar lucrar em cima deles!

Para o bem de todos nós!