Neste último final de semana (08 a 10 de Maio de 2014); a NFL
promoveu seu Draft – sistema de escolha de jogadores universitários que
passam a integrar os elencos das 32 equipes profissionais de futebol americano.
Traçando um paralelo com o futebol da bola redonda, este
evento seria equivalente ao último dia de transferências para o mercado europeu
– mas nos EUA, participam apenas
atletas universitários (na verdade qualquer um pode se candidatar, desde que
tenha concluído o ensino médio a pelo menos dois anos; e que tenha preenchido o
formulário de inscrição até janeiro); os representantes de todos os times estão
reunidos em Nova York (com direito a
participação de platéia); a escolha leva três dias (sete rodadas); e é
televisionado para todo o país (e até alguns países estrangeiros acompanham –
como foi o caso do Brasil, onde a ESPN transmitiu o primeiro dia de
escolhas)...
Existe apenas três “meios” de uma equipe reforçar seu
elenco:
a) Através da “troca” de atletas;
b) Contratando jogadores “sem vínculos” com outras equipes (Free
Agents); e
c) Através do Draft.
Ou seja: a importância do Draft é inquestionável
para a composição final das listas de 53 atletas que defenderão cada uma das
equipes profissionais norte-americanas...
Em tese, cada time tem direito a sete escolhas (uma por
rodada). A regra para se definir a “ordem” de escolhas é a seguinte: a pior
equipe da temporada anterior escolhe primeiro; e a campeã do Super
Bowl por último. Ou seja: a ordem é inversa à classificação.
Mas como é apurada esta “classificação”?
a) Fase alcançada na pós-temporada;
b) Percentual de Vitórias (16 vitórias equivalem a um
aproveitamento de 100%);
c) Número de Vitórias;
d) Número de Derrotas;
e) “Força da Tabela” (soma do percentual de vitórias de
todos os adversários enfrentados); e
f) Sorteio.
Esta classificação também é importante para os atletas –
pois os jogadores escolhidos “primeiro” começam suas carreiras recebendo
contratos milionários; ao passo que os últimos eleitos costumam receber baixos
salários (embora teoricamente sejam recrutados por equipes melhores);
mantendo-se o aclamado “equilíbrio” financeiro-esportivo da NFL!
Este ano, teoricamente o Houston Texans (equipe de pior campanha em 2013) começaria cada rodada; e o Seattle Seahawks (o atual campeão) encerraria...
Mas é neste ponto que as coisas começam a se complicar!
Isto porque o “direito de escolha” de cada equipe
pode ser negociado...
Por exemplo: o Washington
Redskins terminou a temporada de 2013
com apenas 03 vitórias e 13 derrotas (aproveitamento de 18,8%). Esta foi a segunda pior campanha
(só foram melhores que o Houston Texans).
Mas a equipe da Capital Federal optou por negociar sua posição privilegiada com
o St. Louis Rams (equipe com a 13ª
pior campanha); e o time do Estado de
Missouri pode selecionar Greg
Robinson (Ofensive Tackle – Auburn)
na segunda posição “geral” do Draft 2014;
enquanto os “Peles Vermelhas” só
poderiam começar a escolher seus atletas na 3ª Rodada (66ª Escolha Geral). Mas o time de Washington realizou outra troca de
posições e recebeu o direito de fazer a 15ª
escolha da 2ª Rodada
(originalmente pertencente ao Dallas
Cowboys); e puderam draftar Trent Murphy (Linebacker de Stanford) na 47ª Escolha Geral...
Soou confuso? Pois é mesmo!
E para complicar ainda mais, a própria NFL pode conceder “escolhas extras” para algumas
equipes – em razão da “perda” de “Restricted Free Agents” (atletas sem
vínculos com suas ex-equipes; mas que por força contratual, concedem a elas o “direito
de preferência” – ou seja: caso recebam uma proposta de contrato de outra
equipe, devem primeiramente levar esta proposta à diretoria de sua ex-equipe e,
caso haja interesse, o time pode “igualar” a proposta e permanecer com o
jogador em seu elenco).
Em suma: se a ex-equipe opte por “não igualar” a proposta
recebida por um atleta RFA (como os Bengals, que não igualaram a proposta feita pelo Cleveland Browns por Andrew Hawkins); a Liga concede uma “escolha
compensatória” pela perda do jogador...
Este ano, Cincinnati
(equipe com a 8ª melhor campanha; ou seja: teoricamente apenas a 25ª
escolha em cada rodada) escolheu oito
jogadores (um atleta por rodada até a sexta; e dois jogadores na sétima
rodada); e realizou uma única troca para “subir de posição” (com o Detroit Lions; valendo a 11ª
escolha da 4ª rodada)...
Nas últimas temporadas, os Bengals adotaram a política de “economizar ao máximo” com
Free
Agents – o que aumenta a importância do Draft para repor as peças
perdidas nesta offseason (como Michael
Johnson e Anthony Collins). Além
disso, seria essencial investir em reforços para o ataque – a fim de melhorar o
desempenho da equipe em momentos decisivos da temporada (como nos playoffs).
Neste sentido, podemos dizer que o Draft deste ano foi muito
bom!
Nossa 1ª Escolha (24ª Escolha Geral na Primeira
Rodada) foi DARQUEZE DENNARD
(Cornerback
de Michigan State).
O garoto foi essencial para a linha defensiva de Michigan St. nos últimos três anos.
Assumiu a titularidade da equipe já em seu segundo ano (2011) – com três Interceptações, 42
Tackles e 03 Passes “quebrados”. Em 2012,
melhorou estas marcas (03 INT’s, 52 TKL’s e 07 Passes “quebrados”)
e foi eleito para o First-Team All-Big Ten.
Mas foi em 2013 que Darqueze alcançou o “estrelato” (04
INT’s, 62 TKL’s e 10 Passes “quebrados”) – sendo decisivo em inúmeras
vitórias dos Spartans (em especial
na partida contra os rivais Wolverines
– quando “guardou no bolso” o rápido WR Jeremy Gallon)!
Os Bengals
precisavam reforçar esta posição (que já contava com Leon Hall, Adam Jones, Terence Newman e Dre Kirkpatrick); melhorando ainda mais sua linha secundária; e
aumentando as opções de jogo (pois as lesões destes atletas vêm sendo um
verdadeiro tormento para a torcida e para a comissão técnica)!
Sem dúvida, foi uma “grata surpresa” a disponibilidade de Dennard na 24ª posição geral (já que
o atleta estava cotado para ser um dos 15 primeiros eleitos); e
dificilmente não será titular logo na estréia da equipe em setembro!
Na Segunda Rodada (23ª Escolha – 55ª Escolha Geral);
a escolha mais polêmica do ano: JEREMY
HILL (Running Back – LSU).
Não que o atleta seja ruim (muito pelo contrário)! Seus números o credenciavam
para uma escolha “mais cedo”; mas Cincinnati
já contava com dois ótimos corredores (Gio
Bernard e BenJarvus Green-Ellis);
e apresentava carências maiores em outras posições (como Linebackers, por exemplo).
Além disso, Jeremy foi preso duas vezes nos últimos anos (o que indica seus
problemas de comportamento).
Confesso que fiquei perplexo pela escolha de Hill – mas discutindo com os membros do
grupo “Bengals Brasil” (especialistas em análise tática); ficaram
claros os indícios de que o “jogo terrestre” será a prioridade do ataque em 2014 – e neste contexto, a eleição de
um bom RB seria, de fato, imprescindível...
Na Terceira Rodada (24ª
Escolha – 88ª Escolha Geral); uma boa alternativa para substituir M. Johnson: WILL CLARKE (Defensive End – West Virginia). Claro que o calouro não será um “clone” do
experiente e talentoso jogador perdido para Tampa Bay; mas é grandalhão e muito ágil; e mostrou na Universidade
que pode assumir grandes responsabilidades num sistema de jogo parecido com o
adotado pelos Bengals.
Outra escolha “pacífica” ocorreu na Quarta Rodada – 11ª
Escolha (111ª Escolha Geral): RUSSELL
BODINE (Center – North Carolina).
Não é segredo para ninguém que precisamos de bons jogadores para “fechar” o
buraco no meio e melhorar a proteção ao QB Ruivo; e neste contexto, valeu a
pena investir nesta troca com os Lions
para draftar
o gigante Bodine (antes que outros times
o fizessem)!
Na Quinta Rodada (24ª Escolha – 164ª Escolha Geral);
outra escolha polêmica: A.J. McCARRON
(Quarterback
– Alabama). A relutância da diretoria
em oferecer uma extensão de contrato para Andy
Dalton e a contratação do experiente Jason
Campbell já sinalizavam que este poderia ser o último ano do “Ruivo”
no comando de ataque (caso seu desempenho não melhore). E a chegada de A.J. McCarron irá “apimentar” ainda
mais esta disputa! O novato era cotado para ser escolhido já na Segunda
Rodada (e provavelmente teria chances de ser titular em muitas equipes);
mas os questionamentos sobre sua real capacidade (que teria sido “mascarada”
pelo ótimo desempenho de seus companheiros) derrubaram sua posição no Draft.
Sorte nossa (que agora contamos com três excelentes e promissores QB’s)!
Somente na Sexta Rodada – 36ª Escolha (212ª
Escolha Geral); a diretoria escolheu um Linebacker: MARQUIS FLOWERS (Arizona). Jogador rápido e explosivo,
com boa média de Tackles e excelente posicionamento em campo, além da facilidade
em recuperar bolas lançadas em sua direção. Pode ser uma “grata surpresa”...
Finalmente chegamos à Sétima Rodada e nossos “Mr. Irrelevant’s” (*) são: JAMES WRIGHT (Wide Receiver
– LSU – 24ª Escolha – 239ª
Escolha Geral) e LAVELLE
WESTBROOKS (Cornerback – Georgia
Southern – 37ª Escolha – 252ª Escolha Geral). Dificilmente
veremos um dos dois (ou ambos) como titulares; mas seus números no futebol
universitário os credenciam como bons reservas (ou na melhor das hipóteses:
titulares dos Special Team’s).
(*) Mr. Irrelevant
(“Senhor
Irrelevante”) é o título dado ao último atleta escolhido no Draft
– este ano a “honra” coube a Lonnie
Ballentine (Safety de Memphis
escolhido pelos Texans na 256ª Posição
Geral). Mas não é tão ruim ganhar o Lowsman Trophy (oposto do
Heisman
Trophy); pois o jogador e sua família são convidados para uma semana
num resort da Califórnia – onde participam
de um torneio de golfe, uma regata e um churrasco com ex-atletas e treinadores
que o aconselham sobre a carreira...
Agora começa o agitado período de contratação de “Free
Agents” não-draftados; nas mais variadas posições e por valores
relativamente baixos; que atendem às necessidades das equipes durante esta fase
de preparação final para a próxima temporada (mas que dificilmente são
efetivados entre os 53 nomes).
Até o presente momento (16:00
do dia 12.05.2014); nenhum nome fora
confirmado pela diretoria dos Bengals
– embora surjam muitos nomes na imprensa local e nas redes sociais.
Vamos
aguardar por mais informações oficiais...
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