Imaginem que a NFL aboliu a regra do Salary Cap; e um dono
de franquia multimilionário resolveu investir pesado na criação de um “Dream
Team”...
Imaginem como seria torcer para uma equipe comandada por
Drew Brees (Saints); tendo no banco dois Quarterback’s como Phillip Rivers
(Chargers) e Alex Smith (Chiefs). Para o jogo terrestre, sua equipe contaria
com Matt Forte (Bears); mas poderia alternar jogadas com DeMarco Murray
(Cowboys) e LeSean McCoy (Eagles). Já para o jogo aéreo, seu time teria dois
excelentes Wide Receivers: Brandon Marshall (Bears) e Josh Gordon (Browns);
além de uma dupla de Tight Ends bem “razoável”: Jimmy Graham (Saints) e o
lendário Tony Gonzalez (Falcons). Isto sem falar em sua defesa – com jogadores
do nível de Derrick Johnson (Chiefs); Robert Mathis (Colts), Antrel Rolle
(Giants) e Vontaze Burfict (Bengals)...
Seja sincero: teria alguma graça?
Claro que não!
A NFL sabe que o equilíbrio de forças é justamente seu maior
encanto...
Mas uma vez por ano, a Liga viaja para o Hawaií e reúne alguns
de seus melhores atletas – formando duas “seleções” para a disputa do ProBowl!
Em teoria, um jogo maravilhoso – com duas equipes recheadas
de estrelas...
Na prática... um excelente remédio contra a insônia!
Confesso que tentei assistir ao jogo até o final, disputado
neste último domingo (26.01.2014), mas o sono me venceu...
E não se trata apenas do maldito Horário de Verão brasileiro
– que torna a vida dos fãs da bola oval um verdadeiro tormento; mas
principalmente porque a falta de intensidade e vibração dos atletas é visível...
Ao menos para mim, fica nítida a má-vontade da maioria dos
jogadores (uma preguiça talvez), em disputar uma partida que não serve para
“coisíssima” nenhuma! E como agravante, os atletas ainda estão expostos a uma
possível lesão grave – como no lance em que A.J. Green sofreu
uma “paulada” violenta (que certamente causou calafrios em todos os torcedores
dos Bengals)!
É claro que o jogo é uma festa – e os jogadores adoram
viajar para o arquipélago paradisíaco perdido no meio do Oceano Pacífico; onde
reencontram velhos amigos e podem “bater uma bolinha” sem as tensões da
temporada regular ou playoffs...
Mas mesmo com a mudança ocorrida este ano (“amigos” do Jerry
Rice contra “amigos” do Deion Sanders; no lugar do tradicional confronto entre
a seleção da AFC contra a seleção da NFC); a partida não pode ser classificada
como “emocionante”...
Bem longe disto!
Muitos erros (oito turnovers – incluindo seis
interceptações; e nove sack’s) e um 3º Quarto especialmente ruim acabaram
“maculando” a disputa; que pelo menos “saciou” a vontade dos fãs de assistirem
atletas da mesma equipe se enfrentando; e jogadores de Conferências distintas
atuando juntos pela primeira vez...
O quê? Vocês não sabem quem são Jerry Rice e Deion Sanders?
Jerry Lee Rice é conhecido como “o maior WR de todos os
tempos”. Três títulos do Super Bowl – todos com a camisa do San Francisco 49ers
(dois deles conquistados em cima dos Bengals), que aposentou sua camisa nº 80;
selecionado 13 vezes para o ProBowl; campeão da AFC pelo Oakland Raiders; e
detentor de inúmeros recordes da NFL. Entre 1985 e 2004, anotou “apenas” 208
TD’s! Com isso, sua vaga no Hall da Fama estava mais do que garantida...
Seu único “adversário” capaz de detê-lo foi Deion Sanders!
O Cornerback com
passagens por Falcons, 49ers, Cowboys, Redskins e Ravens; jogou entre 1989 e
2005; e foi campeão do Super Bowl duas vezes – sendo eleito para o ProBowl oito
vezes; entrando para o Hall da Fama em 2011. Para um defensor, seus números são
impressionantes: 53 interceptações e 22 TD’s. Curiosamente, o Sr. Sanders
também jogou beisebol profissionalmente entre 1989 e 2001 – com passagens por
grandes times (New York Yankees, Atlanta Braves, San Francisco Giants... e por duas vezes jogou no Cincinnati Reds – temporadas de 1994 e 1995; 1997 a 2001)!
Para quem começou a acompanhar a NFL recentemente: imagine a
mídia envolvida nos confrontos entre Tom Brady e Peyton Manning – cobrindo a
intensa rivalidade entre Richard Sherman e Michael Crabtree...
Era mais ou menos isso o que acontecia nos confrontos entre
Sanders e Rice!
E exatamente por isso, a dupla foi convidada para estrear
este novo “modelo” de confrontos no Pro Bowl 2014...
O time “Rice” venceu a partida por 22 x 21; graças a um
passe de 20 jardas
para TD de DeMarco Murray e a conversão de dois pontos de Mike Tolbert
(Panthers); faltando menos de um minuto para acabar o jogo. A equipe “Sanders”
ainda teve a “remota” chance de virar o placar, faltando cinco segundos, mas
Justin Tucker (Ravens), para variar, errou um Field Goal de 67 jardas ...
(Ok... foi maldade! Esse erro está plenamente justificado
pela distância!)
A.J. Green, em seu terceiro ProBowl nos primeiros três anos
de carreira; jogou pelo time “Sanders” – mas sua performance fora discreta. Sua
única jogada aconteceu ainda no primeiro Quarto, quando Andrew Luck (QB de
Indianapolis) fez um passe curto e o nosso camisa nº 18 avançou por sete
jardas; antes de ser derrubado por Robert Mathis (Linebacker dos Colts). Esta
foi a primeira vez que Green não anotou pontos no jogo das estrelas...
Em compensação, Vontaze Burfict fora destaque na linha
defensiva do time “Rice” – derrubando os “gigantes” Jamaal Charles (Chiefs);
Alfred Morris (Redskins); Cam Newton (Panthers – após um fumble sofrido e
recuperado pelo QB no 3º Quarto); Eddie Lacy (Packers) e Jason Witten
(Cowboys). Para coroar sua atuação de “gala”, nosso Linebacker interceptou um
passe de Andrew Luck ainda no 1º Quarto!
Com isso, encerra-se oficialmente a participação dos jogadores
dos Bengals nesta temporada 2013 – cuja disputa do Super Bowl ficará entre
Denver Broncos e Seattle Seahawks; no próximo domingo (02.02.2014); no MetLife
Stadium, em Nova York.
Mas a preparação para a temporada 2014 já começou em
Cincinnati!
Jay Gruden, nosso Coordenador Ofensivo, assinou contrato
como Treinador Principal do Washington Redskins; e Mike Zimmer (Coordenador Defensivo
responsável por tornar nossa defesa uma das mais respeitadas da Liga) assumirá
o comando do Minnesota Vikings na próxima temporada...
Isto comprova a qualidade do trabalho desenvolvido pelos
Bengals nos últimos três anos (ou seja: durante a Era “Dalton-Green”); pois
dois treinadores “assistentes” foram convocados para assumir duas equipes
tradicionais da NFL!
Isto certamente nos enche de orgulho...
Mas também é preocupante – pois representa uma “quebra
violenta” no trabalho de reconstrução e fortalecimento da equipe de Cincinnati!
Pelo menos no ataque, até o presente momento, os
especialistas estão otimistas:
Hue Jackson
assumirá o posto deixado por Gruden...
Nascido em 22 de Outubro de 1965; Jackson trabalhou por
quase dez anos no futebol universitário antes de ser contratado pelos Redskins
como “Treinador de Running Backs”
(temporadas de 2001 e 2002). Em 2003, assumiu o posto de “Coordenador Ofensivo” da equipe da Capital Federal. Em 2004, foi
contratado pelos Bengals como “Treinador
de Wide Receivers”; e permaneceu em Cincinnati até 2007 – quando foi
contratado como “Coordenador Ofensivo”
dos Falcons...
Em 2008 e 2009, trabalhou como “Treinador de Quarterbacks” em Baltimore; e em 2010 voltou a ser “Coordenador Ofensivo” – desta vez em Oakland. Em 2011,
assumiu como “Técnico Principal” dos
Raiders; e fez um bom trabalho (08 vitórias e 08 derrotas); mas a equipe
californiana terminou fora dos playoffs; e o novo General Manager Reggie
McKenzie o demitiu em 10.01.2012...
Eis que os Bengals o recontratou em 17.02.2012 – desta vez
como “Treinador da Linha Secundária”
e “Assistente de Special Teams”. Mas
com a aposentadoria de Jim Anderson; Hue Jackson assumiu como “Treinador de Running Backs” em 2013; e
agora herdou o posto de “Coordenador
Ofensivo” de Cincinnati!
Espera-se que Jackson mantenha o mesmo estilo de jogo de
Gruden (com quem trabalhou diretamente no último ano); mas imaginamos um jogo
corrido mais presente – aliviando a pressão sobre os passes de Andy Dalton!
T.J. Houshmandzadeh, um dos destaques de Cincinnati durante
a primeira passagem do treinador; declarou à imprensa esta semana:
- Jay Gruden fez muitas coisas boas pelos Bengals; e estava na cara que
ele iria conseguir um emprego de mais destaque... Por isso, a diretoria foi
inteligente ao recontratar Jackson alguns anos atrás – preparando-o para o
futuro. Isto foi bom para Cincinnati, bom para o Marvin Lewis, bom para a
família Brown e principalmente bom para o próprio Jackson! Hue gosta de correr
com a bola; mas também fará de tudo para equilibrar o ataque; alternando
corridas com bons passes curtos e outros em profundidade. Eu
aposto metade da minha aposentadoria que o ataque dos Bengals estará ainda
melhor em 2014!
Curiosamente, Marvin Lewis e Hue Jackson trabalharam juntos
pela primeira vez em 2002 – quando nosso “Técnico
Principal” era o “Coordenador
Defensivo” do Washington Redskins (primeira equipe profissional de
Jackson)! E Lewis não poupou elogios ao “antigo” colega:
- Estou muito animado com a promoção do Hue... Somos abençoados de ter
um corpo técnico tão capacitado que nos permite substituir as peças sem
recorrer ao mercado! Ele manterá a linha de trabalho que estamos desenvolvendo
nos últimos anos; mas acredito que trará algo inovador ao nosso ataque. E sem
dúvida alguma, a experiência e o conhecimento profundo de Hue sobre todos os
aspectos de um time de futebol são tesouros inestimáveis...
Jackson retribuiu a “rasgação de seda”:
- É uma honra assumir o posto de “Coordenador Ofensivo” e continuar
trabalhando com Marvin e Mike Brown [proprietário da equipe]! Só posso
agradecê-los pela oportunidade e confiança no meu trabalho... Nosso objetivo é
alcançar a excelência e, deste modo, conquistar o troféu Vince Lombardi! E
podem ter certeza que vou trabalhar incessantemente para conquistarmos esse
objetivo!
O grandalhão Andrew Whitworth, um dos líderes de nossa linha
ofensiva, elogiou o trabalho desenvolvido por Gruden:
- Estou feliz pelo Jay... Quando outras equipes vêm buscar
Coordenadores Ofensivos e Defensivos para assumir o controle total do time,
sabemos que estamos caminhando na direção certa... Sabemos que ainda somos uma
equipe jovem; e muitos destes garotos só conhecem o estilo de jogo do Gruden.
Então vamos ver como podemos adaptá-los ao novo sistema no menor tempo possível...
O Ruivo também comentou essa transição:
- Obviamente ainda não sabemos como este ataque funcionará em 2014, mas
acredito nos treinadores, acredito nos meus companheiros de time e principalmente
acredito que Deus tem um plano para cada um de nós – e tenho fé que coisas boas
irão acontecer...
Segundo um levantamento realizado no site oficial dos
Bengals; se considerarmos apenas as partidas em que Cincinnati
correu pelo menos 30 vezes com a bola – a equipe venceu 21 e perdeu apenas 03
vezes! E nas três oportunidades em que disputou os playoffs sob o comando de
Dalton (duas vezes contra os Texans e uma contra os Chargers), os Bengals não
correram 30 vezes em nenhum jogo... Isto, por si só, mostra que a aposta de Hue
Jackson no jogo corrido pode resultar no próximo “salto de qualidade” da
equipe!
E não custa lembrar que temos peças suficientes para isso!
Giovani Bernard entrará no seu segundo ano mais experiente;
e BenJarvus Green-Ellis continuará sendo o “trator” de sempre! Isto sem falar
no Draft 2014 e no mercado de Free Agents (que sempre nos trazem “boas
surpresas”)!
Pelo visto, Mike Brown gostou desta política de “Santo de
Casa Operando Milagres” – já que promoveu Paul
Guenther ao cargo de “Coordenador
Defensivo” no lugar de Mike Zimmer!
Guenther nasceu em 22.11.1971 e trabalha desde a temporada
2005 nos Bengals. Seu último cargo antes de assumir a Coordenação Defensiva era de “Treinador
de Linebackers”; colaborando decisivamente para os excelentes números
obtidos nesta temporada: 6ª melhor defesa cedendo jardas (média de 319,7 jardas por jogo)
e 8ª melhor defesa cedendo pontos (média de 20 pontos sofridos por jogo). Isto
sem falar no incrível desenvolvimento de Vontaze Burfict – novato não-draftado
que assumiu a titularidade da equipe e chegou ao ProBowl 2014! Com Burfict em
campo, a defesa de Cincinnati cedeu uma média de 2,4 jardas por jogada.
Sem ele, esta média sobe para 4,5 jardas por jogada (ou seja: praticamente o
dobro)!
Marvin Lewis mostrou-se confiante com esta substituição:
- Paul foi o braço-direito de Zimmer nos últimos anos, e notamos que o
trabalho deles vem gerando frutos incríveis para a nossa defesa. Ele sabe quem
somos e o que queremos, e tem total capacidade de conduzir os trabalhos daqui
para frente. Conheço seu talento desde que trabalhamos juntos nos Redskins (em
2002); e sei que ele está pronto para agarrar essa oportunidade profissional única...
Sim, Guenther também trabalhou no Washington Redskins em
2002 (única equipe profissional antes de ser contratado pelos Bengals); mas
diferentemente de seu colega Jackson; Paul jamais exerceu o cargo de “Coordenador Defensivo” – o que pode ser
preocupante, quando seu plantel tem tantos atletas talentosos, mas ainda jovens
e inexperientes (como Jayson DiManche, J.K. Schaffer, George Iloka, Dre
Kirkpatrick, Emmanuel Lamur, Vincent Rey e... claro: Vontaze Burfict!).
Por incrível que pareça, as últimas três equipes que
trocaram seus “Coordenadores Ofensivos e Defensivos” na mesma Offseason se
deram muito bem!
Em 2007, os Chargers perderam Cam Cameron (Coordenador
Ofensivo na temporada 2006 que saiu para assumir o cargo de Treinador Principal
dos Dolphins) e Wade Phillips (Coordenador Defensivo contratado como Treinador
Principal dos Cowboys). Resultado? A equipe conquistou o título da AFC West e a
folga na rodada de Wild Card – mas foi derrotada pelo New England Patriots, em
casa, por 21 x 24...
Em 1999, o Jacksonville Jaguars perdeu seu Coordenador
Ofensivo Chris Palmer para o Cleveland Browns; e o Coordenador Defensivo Dick
Jauron para os Bears; mas terminou a temporada regular com expressiva campanha
de 14 vitórias e apenas 02 derrotas – e chegou à final da AFC (mas perdeu em
casa para o Tennessee Titans por 14 x 33).
E finalmente em 1994, San Francisco 49ers perdeu Mike
Shanahan (Coordenador Ofensivo que assumiu o posto de Treinador Principal do
Denver Broncos) e Ray Rhodes (Coordenador Defensivo contratado pelo
Philadelphia Eagles). Ainda sim, os Niners conquistaram o título da AFC West
com uma campanha de 11 vitórias e 05 derrotas; atropelaram em casa os Bears (44
x 15) e os Cowboys (38 x 28); e foram para a Flórida – onde conquistaram o
Super Bowl XXIX com um placar arrasador: 49 x 26 contra o San Diego Chargers!
Quem sabe não era isso que os Bengals precisavam para sair
da fila?
"Aí, tio Mike! Contrata meus amigos para jogarem com a gente em Cincinnati, vai!" - A.J. Green (ao lado de DeSean Jackson [Eagles]; Dez Bryant [Cowboys], Cam Newton [Panthers] e Antonio Brown [Steelers]).