A Década de 1980,
embora chamada de “Década Perdida”
pelos economistas brasileiros (por causa da estagnação econômica e da inflação
descontrolada), não foi, de forma alguma, um período de retrocesso em outros
campos!
Em 1980, o mundo
inteiro se emocionou com o “Ursinho
Misha” nas Olimpíadas de Moscou.
Em 1981, o Atentado ao Riocentro abalou as frágeis estruturas da Ditadura Militar brasileira. Em 1982, a Seleção Brasileira deu show na Copa
do Mundo da Espanha (mas a Itália
de Paolo Rossi terminou com o título).
Em 1983, Nelson Piquet conquistou o segundo de seus três títulos mundiais na
Fórmula 1. Em 1984, foi inaugurado o Sambódromo
no Rio de Janeiro. Em 1985, ocorreu o primeiro Rock in Rio. Em 1986, estreou na TV Globo
o Xou da Xuxa. Em 1987, estreava nos cinemas o primeiro Robocop. Em 1988, o Brasil promulgou
sua nova Constituição Federal. Em 1989, a Queda do Muro de Berlim sinalizou o fim da Guerra Fria...
Isto sem falar na morte de John Lennon e a ascensão do rock
nacional (Barão Vermelho, Legião
Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Titãs etc.); do pop mundial (Michael Jackson, Madonna, Cindy Lauper, Tina Turner e Roxette); e do rock romântico (Bon Jovi,
Gun’s N’ Roses, Whitesnake, Scorpions The Cure e Bruce Springsteen) – sem nos esquecermos do bom e velho heavy metal (Metallica, Megadeth, Iron Maiden e Judas Priest)!
Nos esportes, esta foi a era do Basquete (Oscar e Hortência no Brasil; Magic Johnson,
Michael Jordan e Larry Bird nos EUA); da Fórmula 1 (Senna, Piquet,
Prost e Mansell); do Futebol de Maradona, Careca, Gullit e Zico;
e na NFL, brilhavam Joe Montana (49ers); Jerry Rice (49ers); Anthony Muñoz (Bengals);
Reggie White (Eagles); e os treinadores Bill
Walsh (49ers) e Chuck Noll (Steelers)...
Mas os anos de 1980
foram, sobretudo, a década da
redemocratização, com a volta das eleições diretas para Governador de
Estado (em 1982); o retorno de um
civil (Tancredo Neves) ao comando da
nação em 1985 (ainda que escolhido
de forma indireta pelo Colégio Eleitoral);
e, finalmente, com a primeira eleição direta para Presidente da República, em 1989,
num novo cenário partidário marcado pela afirmação de siglas como o PT e o PSDB. Foi ainda o tempo em que os brasileiros reaprenderam a se
manifestar politicamente, voltando às ruas para protestar contra a inflação, os
preços altos e os salários baixos. Os anos de 1980 foram marcados principalmente pela reorganização de sindicatos
de servidores públicos, professores e trabalhadores da saúde. Em 1986, houve mais de duas mil greves no
País (culminando em 1989, com quatro
mil paralisações)!
O ponto alto da mobilização popular brasileira foram as
manifestações pelas “Diretas Já” (Emenda Dante de Oliveira), que previa
eleição presidencial já em 1985. O
País se mobilizou de norte a sul, em gigantescos comícios – mas votada no
Congresso, em novembro de 1984, a
proposta foi derrotada. Impossível deixar de citar as críticas ácidas exercidas
pelas telenovelas (como Roque Santeiro,
de Dias Gomes) e também pela “Democracia Corinthiana” (capitaneada
pelo Dr. Sócrates – um dos maiores
atletas brasileiros de todos os tempos).
Mas o Brasil não
fora o único país do mundo que vivia tempos “conturbados” politicamente.
Ditaduras Militares na Argentina, Chile
e Uruguai também caíram ao longo
desta década; e a União Soviética,
liderada por Mikhail Gorbachev,
promovia sua lenta abertura política (Glasnost)
e econômica (Perestroika). E graças
ao enfraquecimento do comunismo, a Alemanha
finalmente se reunificou (em novembro de 1989);
enquanto a China se dobrou ao
capitalismo após as manifestações estudantis na Praça da Paz Celestial...
Esta década também foi marcada pela solidariedade (como a
gravação da música “We Are The World”,
em 1985, que gerou uma série de
shows beneficentes mundo afora, visando arrecadar fundos para as vítimas da
fome e da AIDS na África); e também mudou a forma de se
pensar o mundo (através da Globalização
e do início da Internet)...
Sinto-me privilegiado de ter nascido nesta década (mais
precisamente em 1983); pois como
consta numa famosa “corrente” no Facebook,
a minha geração foi a última a brincar
na rua e a primeira a jogar videogame
(e assistir TV em cores); a última a
gravar músicas direto do rádio em fitas-cassetes e os primeiros a ouvir CD’s e MP3’s; a última a gravar e assistir filmes em vídeo-cassetes e os primeiros a assistir DVD’s e Blue-Ray’s; fomos
os “desbravadores” da Internet (em modens discados, entrando após a
meia-noite para economizar telefone), usando ICQ, MSN, e-mails e chats; podíamos apelidar
nossos amigos (e também receber apelidos)
sem cometer bullying; nunca ouvimos funk nas escolas; e vivíamos ralados,
descalços, brincando na areia e no barro, bebendo água de mangueira e sem nos
preocuparmos com sabonete antibacteriano!
Só lamento não ter assistido ao vivo à chamada “Era de Ouro” dos Bengals...
Após as desastrosas passagens de Bill “Tiger” Johnson e Homer Rice pelo cargo de Treinador de Cincinnati; Paul Brown
sabia que era hora de mudar! Começou promovendo alterações no uniforme (ainda
tímidas para a temporada de 1980),
no elenco e principalmente na comissão técnica – nomeando Forrest Gregg como novo Técnico Principal da equipe!
Alvis Forrest Gregg
nasceu em 18 de Outubro de 1933 (em Birthright, Texas). Em 1956, foi draftado pelo Green Bay Packers (equipe pela qual
jogou até 1970); e que lhe rendeu
cinco títulos da NFL (e dois Super Bowl’s). Jogou com a camisa nº 75, na posição de Offensive
Tackle; e foi conhecido pela alcunha de “Iron man” (por ter
disputado 188 jogos consecutivos na
carreira). Em 1971, deixou os Packers e disputou sua última temporada
pelo Dallas Cowboys (conquistando
mais um título na NFL e outro Super Bowl). Vince Lombardi, lendário treinador dos Packers, em seu livro “Run to Daylight”, rasgou elogios ao
atleta: “Ele foi o melhor jogador que já treinei”!
Em 1972 e 1973, trabalhou como Assistente
Técnico no San Diego Chargers;
antes de se transferir para o Cleveland
Browns em 1974. Em 1975, com a demissão do Treinador
Nick Skorich, Gregg foi promovido à Técnico Principal dos Browns (cargo que ocupou até 1977). Em 1978, aceitou o convite do Toronto
Argonauts para treinar a equipe da CFL
(Canadian
Football League); mas Paul Brown
tratou de trazê-lo de volta à Ohio!
E quis o destino, numa doce ironia (pois não acredito em
coincidências), que logo em sua estréia no comando de Cincinnati; Forrest Gregg
fosse incumbido de lançar outro Offensive Tackle lendário (que mudou
radicalmente a história dos Bengals):
Michael Anthony Muñoz
(nosso eterno Camisa nº 78)!
Draftado na primeira rodada (terceira escolha “geral”) de 1980; o garoto de San Francisco completou o ensino médio na Chaffey High School (em Ontário,
no Canadá); mas voltou para seu
“Estado natal”, mais precisamente para a University
of Southern California, para concluir seus estudos e também jogar futebol americano
(onde foi decisivo na partida em que sua equipe venceu a Ohio State University, por 17
x 16, no Rose Bowl disputado no dia 01
de Janeiro de 1980)!
Ainda sim, foi uma aposta arriscada da diretoria de Cincinnati – pois Muñoz pesava 127 kgs e
media 1,98 m! Poucos especialistas apostavam
que seus joelhos agüentariam muito tempo – e durante os anos na USC, Anthony disputou apenas oito jogos...
Mas felizmente as suspeitas mostraram-se equivocadas – e Muñoz deixou de atuar em apenas três jogos nas suas primeiras 12 temporadas na NFL! O atleta era obcecado
pela musculação (tanto que montou uma academia de ginástica completa em sua
residência) e corria dez quilômetros todos os dias – sob chuva, sol ou neve!
Esta rigorosa rotina foi seu diferencial para o sucesso na carreira...
E além de sua incrível força física (ajudando-o nos
bloqueios); Anthony mostrou-se um
recebedor bem “razoável” – sete recepções para 18
jardas e 04 Touchdown’s (incluindo um passe do novato Boomer Esiason, contra os Browns, em Cleveland – na temporada de 1984)!
Seu jeitão “latino” também fez sucesso no cinema – e o Camisa
nº 78 atuou em dois filmes: em 1980
participou de “Borderline” (no Brasil chamado: “A Fronteira”, estrelado
por Charles Bronson), no papel de “Guatemalan”; e “The Right Stuff”, de 1983 (no Brasil chamado de “Os
Eleitos – Onde o Futuro Começa”; dirigido por Phillip Kaufman e estrelado por Sam Shepard, Scott Glenn
e Ed Harris; indicado ao Oscar
de Melhor
Filme), onde seu personagem chamava-se “Gonzalez”!
Como diz a mais nova expoente da MPB – Mc Marcelly: “Respeita
o moço! Patente alta, dá aula, é bigode grosso!”
Apesar da chegada desta dupla (Gregg e Muñoz), não foi
em 1980 que Cincinnati “decolou”! Ficamos na última colocação da AFC
Central, com 06 vitórias e 10
derrotas; e anotamos apenas 244
pontos na temporada (o pior ataque da Conferência Americana). Nenhum
jogador foi eleito para o Pro Bowl. A única “boa notícia” é
que derrotamos duas vezes o atual campeão do Super Bowl (Pittsburgh Steelers)!
Veja como foi a campanha:
1ª
Rodada – 07.09.1980 – Bengals 12 x 17 Buccaneers;
2ª
Rodada – 14.09.1980 – Dolphins 17 x 16 Bengals;
3ª
Rodada – 21.09.1980 – Bengals 30 x 28 Steelers;
4ª
Rodada – 28.09.1980 – Bengals 10 x 13 Oilers;
5ª
Rodada – 05.10.1980 – Packers 14 x 09 Bengals;
6ª
Rodada – 12.10.1980 – Steelers 16 x 17 Bengals;
7ª
Rodada – 19.10.1980 – Bengals 14 x 00 Vikings;
8ª
Rodada – 26.10.1980 – Oilers 23 x 03 Bengals;
9ª
Rodada – 02.11.1980 – Bengals 14 x 31 Chargers;
10ª
Rodada – 09.11.1980 – Raiders 28 x 17 Bengals;
11ª
Rodada – 16.11.1980 – Bengals 00 x 14 Bills;
12ª
Rodada – 23.11.1980 – Browns 31 x 07 Bengals;
13ª
Rodada – 30.11.1980 – Chiefs 06 x 20 Bengals;
14ª
Rodada – 07.12.1980 – Bengals 34 x 33 Colts;
15ª
Rodada – 14.12.1980 – Bears 14 x 17 Bengals (Prorrogação);
16ª
Rodada – 21.12.1980 – Bengals 24 x 27 Browns.
Ken Anderson
completou 166 dos 275 passes tentados, garantindo 1.778
jardas, com 06 passes para TD e 13 Interceptações (Rating
de 66.9). Pete Johnson foi nosso
melhor corredor (186 corridas para 747 jardas e 06 TD’s); e Dan Ross liderou o jogo aéreo (56
recepções para 724 jardas e 04 TD’s).
Na pós-temporada, os Raiders
(que terminaram na 4ª colocação da AFC) atropelaram o Houston Oilers (27 x 07); o Cleveland Browns
(14 x 12); e na final da Conferência
Americana, derrotaram o San
Diego Chargers (equipe de melhor campanha) por 34 x 27. No Super Bowl XV, a equipe de Oakland não deu chances para o Philadelphia Eagles e ficou com o
troféu, após vencê-los por 27 x 10!
Se a temporada de 1980
não foi boa...
O que dizer de 1981?
Os Bengals estrearam
seu novo uniforme (com listras de tigre no capacete, camisa e calça); e mesmo
com poucas mudanças no estilo de jogo, no elenco ou na comissão técnica;
transformaram-se numa potência da NFL!
A equipe titular de 1981
era:
Quarterback: Ken Anderson;
Wide Receiver’s: Cris Collinsworth e Isaac Curtis;
Tight End: Dan Ross;
Running Back: Charles Alexander;
Fullback: Pete Johnson;
Left Tackle: Anthony Muñoz;
Right Tackle: Mike Wilson;
Left Guard: Dave Lapham;
Right Guard: Max Montoya;
Center: Blair Bush;
Defensive End’s: Eddie Edwards e Ross Browner;
Noise Tackle: Wilson Whitley;
Linebacker’s: Bo Harris, Jim LeClair, Glenn Cameron e Reggie
Williams;
Cornerback’s: Louis Breeden e Ken Riley;
Safety’s: Bobby Kemp e Bryan Hicks;
Kicker: Jim Breech;
Punter: Pat McInally.
O sucesso desta equipe foi tão grande que cinco destes
atletas (Anderson, Collinsworth,
Johnson, McInally e Muñoz) foram
convocados para o Pro Bowl!
Apesar do começo irregular, alternando vitórias e derrotas;
os Bengals alcançaram um equilíbrio interessante entre ataque e defesa; e a
equipe conquistou seu 3º Título de Divisão (campeões
da AFC
Central em 1970, 1973 e 1981) com uma rodada de antecedência (derrotando os Steelers, fora de casa, por 10 x 17)! E pela quarta vez na
história, disputaríamos um jogo de pós-temporada...
1ª
Rodada – 06.09.1981 – Bengals 27 x 21 Seahawks;
2ª
Rodada – 13.09.1981 – Jets 30 x 31 Bengals;
3ª
Rodada – 20.09.1981 – Bengals 17 x 20 Browns;
4ª
Rodada – 27.09.1981 – Bengals 27 x 24 Bills (Prorrogação);
5ª
Rodada – 04.10.1981 – Oilers 17 x 10 Bengals;
6ª
Rodada – 11.10.1981 – Colts 19 x 41 Bengals;
7ª
Rodada – 18.10.1981 – Bengals 34 x 07 Steelers;
8ª
Rodada – 25.10.1981 – Saints 17 x 07 Bengals;
9ª
Rodada – 01.11.1981 – Bengals 34 x 21 Oilers;
10ª
Rodada – 08.11.1981 – Chargers 17 x 40 Bengals;
11ª
Rodada – 15.11.1981 – Bengals 24 x 10 Rams;
12ª
Rodada – 22.11.1981 – Bengals 38 x 21 Broncos;
13ª
Rodada – 29.11.1981 – Browns 21 x 41 Bengals;
14ª
Rodada – 06.12.1981 – Bengals 03 x 21 49ers;
15ª
Rodada – 13.12.1981 – Steelers 10 x 17 Bengals;
16ª
Rodada – 20.12.1981 – Falcons 28 x 30 Bengals.
Ken Anderson foi
“da
água para o vinho”; e completou 300 dos 479 passes tentados,
garantindo 3.754 jardas, com 29 passes para TD e 10
Interceptações (Rating de 98.4 – melhor índice da NFL).
Pete Johnson continuou sendo nosso
melhor corredor (274 corridas para 1.077 jardas e 12 TD’s); e Dan Ross permaneceu como o “alvo
favorito” de Anderson (71
recepções para 910 jardas e 05 TD’s), embora Cris Collinsworth tenha sido mais
eficiente (67 recepções para 1.009 jardas e 08 TD’s)!
Com este retrospecto de 06 vitórias e 02 derrotas, tanto em
casa quanto fora; e a seqüência de 07 vitórias nos últimos 08 jogos da
temporada regular; a equipe de Cincinnati
chegou confiante para o confronto contra o Buffalo
Bills...
Ainda sim... nosso retrospecto nos playoffs era péssimo!
Em 26.12.1970,
perdemos para o Baltimore Colts por 17 x 00...
Em 23.12.1973,
perdemos para o Miami Dolphins por 34 x 16...
Em 28.12.1975,
perdemos para o Oakland Raiders por 31 x 28...
Mas pela primeira vez jogaríamos em casa!
E pela primeira vez fizemos a melhor campanha da AFC!
No dia 03 de Janeiro
de 1982, 55.420 torcedores foram
ao Riverfront Stadium para apoiar os
Bengals – e não se decepcionaram com
a equipe!
Logo no 1º Quarto, Charles Alexander e Pete
Johnson anotaram Touchdown’s “terrestres” – abrindo
vantagem de 14 x 00! Antes do
intervalo, Joe Cribbs diminuiu a
desvantagem (correndo por uma jarda para anotar seu TD)...
e o mesmo Cribbs tratou de empatar a
partida, no 3º Quarto, correndo por 44 jardas!
A tensão nas arquibancadas era evidente, pois os Bills dominavam a partida...
Felizmente nosso Running Back Charles Alexander respondeu “na mesma moeda”; e correu por 20
jardas para recolocar os Bengals
à frente no placar: 21 x 14!
No 4º Quarto, Jerry Butler recebeu passe de 20 jardas do QB Joe Ferguson e empatou o jogo em 21 x 21... mas faltando pouco mais de dez minutos para acabar o
jogo, Ken Anderson acertou passe de 18
jardas para o novato Cris
Collinsworth; dando números finais ao jogo – Cincinnati 28 x 21 Buffalo!
Festa nas ruas e nas arquibancadas!
Os Bengals
disputariam o título da Conferência
Americana!
E novamente jogaríamos em nosso estádio!
No dia 02.01.1982,
o San Diego Chargers encarou os Dolphins, em Miami; e venceu na prorrogação pelo placar de 41 x 38! Com isso, teriam sua “revanche” pela humilhante derrota sofrida
na 10ª
Rodada (em casa perderam para Cincinnati
por 17 x 40)...
Enquanto isso, na final da Conferência Nacional, o San Francisco 49ers receberia no Candlestick Park o Dallas Cowboys; no confronto entre as duas melhores campanhas da NFC...
Ambos jogariam no dia 10
de Janeiro de 1982...
Mesmo jogando às 13:00 horas (horário local) e com
tempo claro, a temperatura ambiente era de -23º Celsius; mas graças aos fortes
ventos de até 35 milhas por hora, a sensação térmica no Riverfront Stadium era de -51º!
Isto certamente afastou boa parte dos torcedores dos Bengals – e apenas 46.302 fanáticos acompanharam o “Freezer
Bowl”!
Jim Breech abriu
o placar, acertando um Field Goal de 31 jardas! E ainda no 1º
Quarto, o Tight End M.L. Harris
ampliou a vantagem – anotando um TD após receber passe de oito jardas
de Ken Anderson!
Bengals 10 x 00
Chargers!
No 2º Quarto, San Diego esboçou uma reação (Kellen
Winslow anotou seu TD após receber passe de 33
jardas); mas Pete Johnson
precisou se apenas uma jarda para invadir a End Zone da equipe
californiana... e o placar no intervalo era de 17 x 07!
No 3º Quarto, Breech ampliou a vantagem com outro FG (desta vez de 38
jardas); e na última etapa, Don
Bass recebeu passe curto (03 jardas) de Ken Anderson e sacramentou nosso Primeiro Título de Conferência!
BENGALS 27 x 07
CHARGERS!
CINCINNATI:
CAMPEÃO DA AFC!
Pelos lados da Conferência Nacional, o Dallas Cowboys vencia a partida pelo
placar de 27 x 21; até que...
Esta incrível recepção do Wide Receiver Dwight Clark, faltando 51 segundos para
acabar a partida, entrou para a história como “The Catch”; e após a conversão do Ponto Extra (chutado por Ray Wersching); San Francisco virou o placar (28
x 27) e conquistou o Título da NFC (além da vaga no Super
Bowl XVI)...
No dia 24 de Janeiro
de 1982, cerca de 81.270 pessoas
lotaram as arquibancadas do Silverdome,
em Pontiac, Estado de Michigan (casa do Detroit Lions); para assistir ao confronto entre Bill Walsh (Treinador dos Niners) e sua ex-equipe...
Diana Ross cantou
o hino nacional norte-americano...
E lá foram as equipes para o início do jogo!
Cincinnati chutou
a bola para San Francisco, e Amos Lawrence conseguiu um excelente retorno
de 17
jardas... mas nosso Linebacker Guy Frazier forçou um fumble
recuperado por John Simmons na marca
de 26
jardas do campo de ataque! Esta foi a primeira vez que uma equipe
sofria um fumble logo no primeiro lance da partida...
Ken Anderson
começou a campanha ofensiva em excelente posição de campo; e alternando jogadas
aéreas e terrestres, conseguiu levar a equipe para a marca de 05
jardas! Mas numa terceira descida, ao tentar passe
para Isaac Curtis dentro da End
Zone; Anderson foi
interceptado pelo Safety Dwight Hicks (que retornou por 27 jardas)...
Era a vez de Joe
Montana mostrar seu talento...
E poucas jogadas depois, o próprio Quarterback invadiu nossa
End
Zone...
San Francisco 07 x 00
Cincinnati...
No 2º Quarto, a linha ofensiva dos Bengals continuou errando nos momentos
cruciais de finalização; e os Niners
conseguiram se impor sobre nossa defesa; anotando 13 pontos consecutivos (01 TD
de Earl Cooper, recebendo passe de 11
jardas de Montana; e 02
FG’s, respectivamente de 22
e 26 jardas, chutados por Ray Wersching)...
No intervalo, Cincinnati
perdia o jogo por 20 x 00...
Mas como diria Joseph
Climber: “A vida é uma caixinha de surpresas”...
E no segundo tempo, os Bengals
reagiram de modo surpreendente!
No 3º Quarto, nosso QB
correu por cinco jardas e anotou seu segundo TD na temporada! E
faltando pouco mais de 10 minutos para o fim do jogo, Anderson acertou passe curto (04 jardas) para Dan Ross também anotar seu TD!
Como diria Paulo
Antunes: “Teeeemos um jogo!”
O San Francisco 49ers
continuou “administrando” a vantagem conquistada na primeira etapa, abusando de
corridas curtas para fazer o relógio “andar”; mas que infelizmente não foram
detidas por nossa linha defensiva...
E Wersching pode
converter outros dois Field Goals: de 40 e de 23
jardas...
Cincinnati ainda
anotou mais um TD – Dan Ross
recebeu passe de 03 jardas e entrou na End Zone pela segunda vez na
partida; mas já não havia tempo para mais nada...
49ers 26 x 21
Bengals...
Os Niners
conquistaram (com méritos) seu primeiro Super Bowl...
O jeito foi “lamber as feridas” e nos prepararmos
para a temporada de 1982...
Cabe aqui uma
observação importante: a audiência do Super Bowl XVI quebrou todos os recordes da televisão
norte-americana em eventos esportivos. E o faturamento com comerciais e outras
formas de marketing também elevou o patamar de arrecadação para um nível nunca
antes alcançado! Logo, a NFL tratou
de renegociar os termos de seus acordos de transmissão com rádios e redes de
televisão (CBS, NBC e ABC); e as cifras
milionárias despertaram a atenção do Sindicato
dos Atletas Profissionais...
Mas falaremos mais sobre isso adiante!
Em 1982, o elenco
dos Bengals permaneceu praticamente
o mesmo – sem nenhuma “nova estrela” vinda do Draft (como foi o caso do WR
Collinsworth em 1981). Mas isso
não significa uma “má-notícia”, afinal de contas, a equipe estaria ainda mais
entrosada e experiente (após as conquistas do título da AFC Central e da Conferência
Americana). E mais do que isso: nossa defesa estava “vacinada” contra a
“West
Coast Offense” aprimorada por Bill
Walsh nos Niners; através da
revolucionária “Blitz”
(criada por nosso Coordenador Defensivo Dick
LeBeau justamente para pressionar o Quarterback adversário – dando-lhe
pouco tempo para pensar nas táticas ofensivas da WCO)!
Sem dúvida alguma... 1982
seria “o nosso ano”!
Na primeira partida, disputada em casa, no dia 12.09.1982, contra o Houston Oilers, o nosso favoritismo se
confirmou: vitória tranqüila por 27 x 06!
Na segunda rodada (dia
19.09.1982), jogando no Three Rivers
Stadium, os Steelers precisaram “suar
sangue” para nos derrotar – e a vitória de Pittsburgh veio apenas na prorrogação, pelo placar de 26 x 20...
Mas exatamente à meia-noite, após a partida entre New York Giants e Green Bay Packers (disputada na noite de 20.09.1982); o Sindicato dos
Atletas Profissionais ordenou que os jogadores entrassem em greve!
Ed Garvey (experiente
advogado em Washington D.C.),
representando os jogadores de todas as equipes da NFL; exigia que a Liga e
os Proprietários das 28 Franquias repassassem
aos atletas o percentual de 55%
(cinqüenta e cinco por cento) da
receita bruta obtida com o espetáculo (incluindo bilheteria, camarotes,
publicidade e direitos de transmissão dos jogos pela TV e Rádio). Isto
representava cerca de US$ 1,6 bilhões de
Dólares! Mas é claro que nem a NFL
e muito menos os Proprietários
estavam dispostos a ceder uma quantia tão volumosa de dinheiro aos jogadores...
Na pauta de reivindicações dos atletas também constava:
- Estabelecimento de um “piso salarial” aos jogadores, considerando sua
posição e sua experiência na Liga;
- Remuneração adicional pelos trabalhos de Pré e Pós-Temporada;
- Assistência médica, seguro de vida e plano de aposentadoria privada;
- Maiores indenizações os atletas lesionados durante as partidas;
- Liberdade de negociação do passe (criação dos “Free Agent’s”);
- Mudanças no sistema de recrutamento (Draft).
O Defensive End dos Giants (Gary Jeter) resumiu bem o “espírito” da época:
- Nós não sabíamos quanto os Proprietários das Equipes estavam lucrando
com o nosso suor e a nossa saúde... e quando finalmente tivemos acesso aos
livros de contabilidade, ficamos muito chateados com o percentual que nos era
repassado! Obviamente não era justo... Arriscávamos as nossas vidas enquanto
eles faturavam fortunas! A imprensa vem nos chamando de “mercenários”, mas a
verdade é que estamos recebendo um percentual ridículo de tudo que vem sendo
arrecadado com o esporte!
Em resposta à greve, os Donos das Franquias suspenderam por
tempo indeterminado todos os contratos dos atletas (e conseqüentemente pararam
de pagar salários); proibindo-os de freqüentar os estádios, centros de
treinamento e academias; bem como de usar símbolos relacionados às equipes
(como uniformes, bonés, capacetes etc.).
Por 57 dias a NFL
deixou de existir!
Ao todo, Sete Rodadas
da Temporada Regular de 1982 foram cancelados, gerando um prejuízo
total (considerando apenas receitas e salários) de aproximadamente US$ 275 mil dólares – sem contabilizarmos
a “quebra
de contrato” entre a Liga e
as emissoras de televisão (que exigiram a devolução de quase US$ 50 milhões!).
As tensas negociações resultaram num acordo de cinco anos, prevendo indenizações aos atletas
lesionados e aposentados; aumento nos salários e pagamento de bônus aos
jogadores de equipes classificadas para os playoffs; e a NFL passaria a gerir todos os contratos firmados entre equipes e
jogadores...
Mas a verdade é que o movimento dos atletas perdeu força
após o primeiro mês de paralisação; e muitos jogadores exigiam a destituição do
advogado Garvey (considerado “intransigente”
e “ambicioso” demais)...
No dia 17 de Novembro
de 1982, a greve foi encerrada oficialmente!
Como não seria possível “repor” as sete partidas canceladas
e ainda restavam sete jogos a serem disputados na Temporada Regular; a Liga optou por criar uma “pós-temporada
especial” – com 16 equipes classificadas (08 em
cada Conferência); a fim de não prejudicar demais as equipes com jogos
mais complicados...
O problema é que muitos atletas estavam “fora
de forma” e “sem ritmo de jogo”; após quase dois
meses parados. A imprensa questionava se o retorno da competição seria mesmo
viável, mas as pressões externas (principalmente da TV e dos patrocinadores) foi
decisiva. E exatamente por isso, já no dia 21.11.1982,
todas as equipes foram a campo!
3ª
Rodada – 21.11.1982 – Eagles 14 x 18 Bengals;
4ª
Rodada – 28.11.1982 – Bengals 31 x 17 Raiders;
5ª
Rodada – 05.12.1982 – Colts 17 x 20 Bengals;
6ª
Rodada – 12.12.1982 – Bengals 23 x 10 Browns;
7ª
Rodada – 20.12.1982 – Chargers 50 x 34 Bengals;
8ª
Rodada – 26.12.1982 – Bengals 24 x 10 Seahawks;
9ª
Rodada – 02.01.1983 – Oilers 27 x 35 Bengals.
Apesar dos problemas extra-campo, Cincinnati foi brilhante – venceu seis dos últimos sete jogos; e
terminou a Temporada Regular com a terceira melhor campanha da Conferência
Americana (07 vitórias e 02 derrotas); empatado com os Dolphins (mas perdendo a segunda
posição para Miami pelos
critérios de desempate). Só foi pior que o Los
Angeles Raiders (08 vitórias e 01 derrota – justamente para os Bengals na quarta rodada)!
Este seria nosso quarto título da AFC Central (pois nenhum rival chegou à nossa frente); mas a NFL “aboliu” temporariamente as Divisões – justamente porque seria
impossível avaliar o desempenho de cada equipe com tabelas desorganizadas...
Uma curiosidade sobre 1982:
de 1970 até hoje, esta foi a única
vez em que Bengals e Steelers não se enfrentaram pelo menos duas vezes na mesma temporada!
No dia 09 de Janeiro
de 1982, em confronto válido pelas “Quartas-de-Final” da Conferência
Americana; Cincinnati
recebeu o N.Y. Jets (equipe que
terminou com a sexta melhor campanha da AFC) no Riverfront Stadium...
Os Bengals eram franco-favoritos
(seja pela campanha de 1981 ou pelo
excelente desempenho em 1982); e
logo no 1º Quarto, abriu vantagem de 14 x 03! Mas as brilhantes atuações do Running Back Freeman McNeil
(correndo 210 jardas e anotando 01 TD) e do QB Richard Todd
(completou 20 dos 28 passes tentados, conquistando 269 jardas aéreas e 01
passe para TD) fizeram a diferença – e a equipe alvi-verde de Nova York virou o placar e construiu
uma goleada difícil de esquecer: Bengals
17 x 44 Jets...
Mais uma vez ficávamos pelo caminho...
Ken Anderson terminou
a Temporada Regular completando 218 dos 309 passes tentados,
garantindo 2.495 jardas, com 12 passes para TD e 09
Interceptações (Rating de 95.3). Pete Johnson continuou sendo nosso
melhor corredor (156 corridas para 622 jardas e 07 TD’s); e Cris Collinsworth mostrou, em seu
segundo ano, que não era “apenas” um calouro talentoso, liderando o jogo aéreo
(49
recepções para 700 jardas e 01 TD).
Anderson, Collinsworth, Anthony Muñoz e Dan Ross
foram novamente convocados ao Pro Bowl...
A “zebra” Nova-Iorquina
cruzou os EUA e também aprontou no Los Angeles Memorial Coliseum,
derrubando os Raiders (até então a
equipe de melhor campanha da AFC) por
14 x 17; mas na final da Conferência
Americana, foi derrotada pelos Dolphins,
no Orange Bowl, por 14 x 00...
No Super Bowl XVII, o Washington Redskins (equipe de melhor
campanha da Conferência Nacional) confirmou o favoritismo e despachou o
time de Miami por 27 x 17...
Em 1983, assim
como ocorreu em 1982, o elenco dos Bengals permaneceu praticamente o mesmo.
Afinal, a imprensa especializada e a fanática torcida ainda acreditavam no
potencial destes jogadores (mais experientes e entrosados). E desta vez, sem
serem prejudicados por fatores extra-campo; tinham tudo para brilhar como
nunca!
Mas perderam como sempre...
1ª
Rodada – 04.09.1983 – Bengals 10 x 20 Raiders;
2ª
Rodada – 11.09.1983 – Bengals 06 x 10 Bills;
3ª
Rodada – 15.09.1983 – Browns 17 x 07 Bengals;
4ª
Rodada – 25.09.1983 – Buccaneers 17 x 23 Bengals;
5ª
Rodada – 02.10.1983 – Bengals 31 x 34 Colts;
6ª
Rodada – 10.10.1983 – Bengals 14 x 24 Steelers;
7ª
Rodada – 16.10.1983 – Broncos 24 x 17 Bengals;
8ª
Rodada – 23.10.1983 – Bengals 28 x 21 Browns;
9ª
Rodada – 30.10.1983 – Bengals 34 x 14 Packers;
10ª
Rodada – 06.11.1983 – Oilers 14 x 55 Bengals;
11ª
Rodada – 13.11.1983 – Chiefs 20 x 15 Bengals;
12ª
Rodada – 20.11.1983 – Bengals 38 x 10 Oilers;
13ª
Rodada – 28.11.1983 – Dolphins 38 x 14 Bengals;
14ª
Rodada – 04.12.1983 – Steelers 10 x 23 Bengals;
15ª
Rodada – 11.12.1983 – Bengals 17 x 09 Lions;
16ª
Rodada – 17.12.1983 – Vikings 20 x 14 Bengals.
Com este retrospecto de 07 vitórias e 09 derrotas (sendo
06 nos primeiros 07 jogos); Cincinnati
terminou na 3ª colocação da AFC Central – e fora dos playoff’s...
Ken Anderson continuou
jogando bem, completando 198 dos 297 passes tentados,
garantindo 2.333 jardas, com 12 passes para TD e 13
Interceptações (Rating de 85.6). Pete Johnson, para variar, foi nosso
melhor corredor (210 corridas para 763 jardas e 14 TD’s); e Cris Collinsworth consolidou seu nome no
jogo aéreo (66 recepções para 1.130 jardas e 05 TD’s). Collinsworth e Muñoz foram os únicos convocados para o Pro Bowl. E na goleada
sobre os Oilers, em Houston, no dia 06.11.1983; a equipe estabeleceu um novo recorde: cinco
TD’s terrestres na mesma partida!
Na pós-temporada, o Seattle
Seahawks (equipe com a 4ª melhor campanha) bateu o Denver Broncos por 31 x 07
na Rodada
de Wild-Card; surpreendeu os Dolphins,
em Miami, por 27 x 20; mas perdeu a final da AFC para o Los Angeles Raiders (equipe de melhor campanha) por 30 x 14...
No Super Bowl XVIII,
os Redskins buscavam o bi-campeonato
(após repetirem a melhor campanha da NFC); mas os Raiders não deram chances e venceram por 38 x 09!
Bastante pressionado pelos resultados decepcionantes (mesmo
comandando uma equipe talentosa); o Treinador Forrest Gregg acabou
demitido...
Gregg aceitou o
cargo de Treinador Principal do Green
Bay Packers (equipe que defendeu durante quase toda a sua carreira de atleta);
e lá permaneceu até 1987 – sem conseguir
nenhum resultado expressivo. Ao todo, sua carreira como Técnico na NFL terminou com um retrospecto de 75
vitórias, 85 derrotas e 01 empate...